FANFIC - DESPERTAR DO AMOR - CAPÍTULO 02


Olá Flores!!! Hoje vamos curtir o 2° capítulo de "Despertar do Amor". Quer acompanhar a história desde o início? Clique aqui.


Capítulo II

Apesar do céu ainda conservar os tons da noite, a rua por onde Edward dirigia sua caminhonete cintilava como se fosse meio-dia.
Las Vegas.
Balançando a cabeça, ele olhou para a mulher que dormia no banco do passageiro. Com a cabeça apoiada na janela e os pés encolhidos sob a saia longa, ela lembrava um anjo inocente. Mas algo o levava a pensar que o pai daquele anjinho não ficaria satisfeito com um casamento em Las Vegas para sua filha.
Balançando a cabeça mais uma vez, olhou para a frente.
– Bella? – Chamou em voz baixa, temendo assustá-la. Ela mudou de posição, e um pé descalço surgiu sob a saia. As unhas pintadas de preto convidavam ao toque.
A visão era excitante, e Edward sentiu-se tentado a aceitar o convite e afagar não só o pé, mas a perna nua que subia além dele. Censurando-se mentalmente, desviou os olhos da cena e repetiu:
– Bella?
– Hum?
– Acorde. Chegamos.
Alerta, ela endireitou o corpo e estendeu as pernas, apoiando os pés no chão. Afastando os cabelos do rosto, olhou pela janela e o rosto revelou o espanto causado pela paisagem.
– Céus... – murmurou, fascinada com as luzes dos anúncios e dos letreiros que anunciavam hotéis e cassinos. Uma placa na esquina mostrava uma mulher num balanço dentro, de uma janela, o figurino restrito a algumas penas e lantejoulas. – Você viu aquilo?
Era impossível suprimir o sorriso diante do tom chocado.
– Nunca esteve em Las Vegas?
– Não – ela respondeu com o rosto corado.
– Bem-vinda ao ninho da iniqüidade.
Bella engoliu em seco e recostou-se no banco.
– É sempre assim? – indagou em voz baixa.
– Assim como?
– Tão... cheio de vida? – E abriu os braços para indicar a multidão que se movimentava pelas calçadas.
– Oh, sim. Ninguém dorme em Las Vegas. Faz parte das regras. – Sem saber para onde ir, Edward parou a caminhonete na frente de um hotel..
Bella olhou pela janela e, devagar, virou-se para encará-lo.
– Por que parou aqui?
– Porque não sei para onde ir. Tem alguma sugestão?
– Não, mas... Bem, acho que devíamos estar procurando por uma capela, ou um cartório. Qualquer coisa, menos um hotel.
– Concordo com você. – Ainda não conseguia entender por que aceitava o plano maluco de uma mulher que nem conhecia. – Tem certeza de que sabe o que está fazendo?
– É claro que sim!
– Não precisa se casar. Pode simplesmente contar a seus pais sobre o bebê. Talvez eles sejam compreensivos e aceitem o fato sem criar problemas..
– Oh, não. – Ela balançava a cabeça numa reação nervosa. – Nunca!
– Podia tentar um amigo, então. Algum conhecido que aceite casar-se com você.
– Não. Forks é uma cidade muito pequena. Todos se conhecem. Se pedisse ajuda a algum conhecido, todos os habitantes da cidade, inclusive meu pai, saberiam a verdadeira razão por trás do casamento antes mesmo do final da cerimônia. Não posso submeter minha família a esse constrangimento.
Suspirando, Edward abriu a porta, mas foi seguro pelo braço antes de descer do automóvel.
– Aonde vai? – ela gritou apavorada.
– Vou entrar no hotel e verificar se existem catálogos relacionando as capelas e os cartórios da região. Volto num minuto.
– Ah... Boa idéia. – Mais calma, Bella olhou pela janela e viu uma mulher passando pela calçada. Usando saltos muito altos e uma saia que mal cobria os quadris, ela exibia os seios através de uma blusa justa e transparente e rebolava de forma exagerada. A mulher olhou em sua direção e uniu os lábios pintados para enviar um beijo.
Bella cobriu a boca com uma das mãos e olhou para Edward.
– Viu aquilo? – perguntou num sussurro chocado. – Aquela mulher é um homem!
– Travesti – ele corrigiu, tentando não rir. – Verá muitos deles por aqui.
Um bêbado passou pela caminhonete, apoiou-se nela e respirou fundo, praguejando em voz alta antes de seguir seu caminho. Os palavrões pronunciados pelo sujeito a encheram de horror.
– É melhor apressar-se – sugeriu.
Edward pretendia ser rápido, mas ainda não havia sequer entrado no edifício quando ouviu a porta da caminhonete e viu Bella correndo em sua direção, a bolsa apertada contra o peito como um escudo.
– Acho melhor ir com você – ela murmurou nervosa.
Edward balançou a cabeça e, segurando seu braço, guiou-a até a porta. No saguão, aproximou-se do balcão da recepção e leu um dos inúmeros catálogos de turismo que relacionavam todos os atrativos da cidade, selecionando as diversas capelas onde eram realizados os casamentos mais rápidos do mundo.
– Que tal esta? – perguntou, apontando para uma das páginas.
Quando não obteve resposta, olhou para o lado e viu que Bella se havia afastado. Estava parada diante de uma máquina caça-níqueis, os olhos iluminados pelo reflexo das luzes do aparato.
– O que está fazendo?
Ela se assustou com a voz a seu lado, mas manteve o olhar fixo na máquina.


– Nunca vi uma coisa destas antes. Queria saber como funciona.
Incapaz de acreditar que existia alguém tão inocente, Edward tirou uma moeda de vinte e cinco centavos do bolso.
– Aqui está. Tente.
Bella hesitou um instante antes de aceitar a moeda e sentar-se na frente da máquina.
– O que devo fazer?
– Coloque o dinheiro naquela abertura e abaixe a manivela do lado direito do equipamento.
Ela seguiu as instruções com evidente nervosismo. As imagens começaram a rodar no painel luminoso. Quando o movimento terminou, três cerejas surgiram alinhadas no centro do painel. No mesmo instante, luzes começaram a piscar e o hino nacional brotou dos alto-falantes ocultos dentro da máquina. Edward estava boquiaberto.
Bella levantou-se de um salto e levou a mão ao peito.
– Fiz algo errado? – indagou apavorada.
– Errado? – Rindo, ele se debruçou para pressionar o botão que liberava o prêmio, e fichas metálicas começaram a cair na gaveta posicionada na parte inferior da máquina.
– Você ganhou o valor máximo!
– Está falando sério? – O grito atraiu a atenção de todos que passavam pelo saguão. – Oh, Edward! – E atirou-se nos braços dele. – Que maravilha! Você ganhou!
Por um momento, tudo que ele pode fazer foi segurá-la para impedir que caísse. Sentia os seios pressionados contra o peito, os braços em torno de seu pescoço, o perfume feminino. Mas, aos poucos, o comentário de Bella penetrou em sua consciência.
Ele ganhara?
Antes que pudesse argumentar, Bella soltou-se e ajoelhou-se diante da máquina para recolher as fichas que transbordavam da gaveta e caíam no chão.
– Céus! Deve haver centenas de dólares aqui. Talvez milhares! Você está rico!
– Eu? Mas... esse dinheiro não é meu!
Ela parou e se virou, decepcionada como uma criança que derrubou o sorvete antes de dar a primeira lambida.
– Não?
– É claro que não! Você estava no comando da máquina. O dinheiro é seu.
– Oh, não! – E devolveu as fichas à gaveta, limpando as mãos como se quisesse negar qualquer tipo de ligação com o dinheiro. – Foi a sua moeda que fez a máquina funcionar.
Edward não conseguia acreditar no que ouvia. Qualquer outra mulher estaria na fila do caixa, trocando as fichas e pensando em dezenas de maneiras diferentes de gastar o dinheiro, mas Bella Swan preferia discutir quem era o dono da pequena fortuna que ela ganhara.
Balançando a cabeça, tirou o chapéu e usou-o para recolher as fichas. Um anjo de sorte... Talvez devesse convencê-la a tentar os dados ou a roleta. A sorte estava ao lado dela naquela noite, sem dúvida nenhuma. Mas, ao vê-la apertando a bolsa contra o peito com ar preocupado, ele mudou de ideia.
– Venha, vamos trocar as fichas e sair daqui – disse. – Mais tarde decidiremos quem é o dono do prêmio.

– Não – Bella decidiu séria ao ver a pequena capela ao lado do hotel. Luzes vermelhas piscavam sob dois sinos de gesso envoltos em fitas metálicas que lembravam cetim prateado. A placa oferecia uma cerimônia de casamento drive-thru por vinte e cinco dólares. – É muito... muito...
– Debochada?
– Sim, debochada.
Era a quarta capela que Bella eliminava alegando razões distintas. Pessoalmente, Edward teria gostado de um casamento ao estilo Elvis Presley. Pelo menos teria uma boa história para contar aos rapazes mais tarde. Mas ela recusara a idéia com um movimento determinado de cabeça.
Cansado, abriu novamente o catálogo que levava no console e apontou para outra opção.
– Que tal esta? A Pequena Igreja do Oeste. O nome é singelo, e a aparência lembra uma igreja de verdade.
– Tem razão. Sim, creio que esta é a melhor de todas.
– Tem certeza?
– Absoluta. E fica perto daqui – acrescentou estudando o mapa. – Três quarteirões.

Edward manteve-se afastado enquanto Bella conversava com a recepcionista. Apertando o chapéu de caubói entre as mãos, comparava o que sentia com o que um cadáver devia experimentar, se é que experimentavam alguma coisa, enquanto aguardavam que alguém escolhesse o caixão onde passaria a eternidade.
– Que pacote vai querer? O padrão? O luxo?
– Oh, eu não sei – Bella respondeu hesitante, virando-se para fitá-lo em busca de ajuda. Ao vê-lo encolher os ombros, soube que teria de decidir sozinha. – O básico, acho.
– Oferecemos vários serviços e itens para conveniência de nossos clientes. Não quer filmar a cerimônia para mostrá-la à família quando voltar para casa?
– Não, obrigada.
– Que tal fotos, então? Contamos com um excelente profissional.
– Não.
Edward teve a impressão de ouvir um certo tremor na voz dela.
– Flores? – A jovem ofereceu..
– Não... Apenas...
Edward viu o queixo de Bella tremer e soube que estava certo. A pobrezinha estava prestes a romper em lágrimas, o que não o surpreendia. Estava espantado por terem chegado até ali sem nenhuma cena emocionante. Uma mulher como ela devia ter sonhado muito com o dia de seu casamento, e esses sonhos não incluíam uma viagem noturna a Las Vegas na caminhonete de um caubói que ela escolhera em um restaurante num posto de caminhoneiros.
Disposto a poupá-la do sofrimento causado pela situação, aproximou-se e segurou-a pelos ombros.
– Por que não vai esperar no automóvel? Eu cuido dos detalhes.
Bella assentiu e saiu com a mão sobre a boca.
Edward esperou que a porta se fechasse. Então jogou o chapéu sobre a mesa e encarou a mulher sentada atrás dela.
– Só queremos nos casar, está bem? Apenas o pacote padrão. Um padre, uma boa música e uma testemunha para assinar a certidão. Acha que pode conseguir?
– Sim, é claro – ela respondeu surpresa. – Podemos oferecer todos os tipos de cerimônia, das mais simples as mais sofisticadas.
– Ótimo! Porque aquela jovem que acaba de sair vai ter um bebê em alguns meses, e prefiro acabar com isto antes que a criança aprenda a andar!
– Oh... sim, é claro. Temos uma vaga às dez da manhã. O horário é conveniente?
– Sim, obrigado. – Edward virou-se para sair, mas parou antes de alcançar a porta. – Providencie um buquê, sim? Rosas amarelas. E pode incluir o fotógrafo no pacote. Nada sofisticado. Apenas algumas fotos para servirem de recordação.
O casamento era uma farsa. Bella não seria uma noiva de verdade. Mas ela merecia flores. E precisaria das fotos para provar que o casamento acontecera de verdade, porque, sem elas, Emmett e Jasper  jamais acreditariam que se desviara do circuito dos rodeios para casar-se em Las Vegas com uma jovem grávida e filha de um xerife.

A fila no cartório era maior do que Edward esperava, e só depois de duas horas ele e Bella conseguiram todos os documentos necessários para a realização de um casamento.
Sabia que a futura noiva precisava de algum tempo para preparar-se antes de mentir sobre amar e honrar eternamente um estranho que acabara de conhecer, mas tempo era algo que não tinham. Mesmo correndo, chegaram à capela segundos antes do horário marcado.
A cerimônia foi rápida. Edward lembrava-se de ter permanecido no altar, esperando enquanto Bella caminhava lentamente pelo corredor central ao ritmo da Marcha Nupcial.
Lembrava-se de ter notado os dedos crispados em torno do buquê de rosas amarelas. Lembrava-se de ter visto seus olhos quando ela alcançara o altar.
E era nesse ponto que a memória falhava. Quando ela levantara os olhos castanhos  e cheios de lágrimas, inocência e confiança... Bem, a visão o deixara sem fala. Sabia que havia repetido os votos proferidos pelo ministro, mas não se recordava de tê-los dito, nem saberia dizer quais haviam sido.
Só se lembrava dos olhos de Bella.
E algo o levava a pensar que aqueles olhos, e a mulher que os possuía, o assombrariam pelo resto de sua vida.

Edward seguia as luzes do carro de Bella. Ela havia parado, e por isso ele puxou o freio de mão e desligou o motor.
Suspirando, passou a mão pelo rosto antes de descer do automóvel. Não dormira nada nas últimas quarenta e oito horas, e o cansaço começava a afetar seus reflexos.
A longa viagem a Las Vegas, o trajeto de volta a Kingman, Arizona, onde pegaram o carro de Bella no estacionamento do restaurante onde se conheceram. A jornada a Forks, Washington, sua cidade natal. E poucas paradas entre um destino e outro.
Notou a hesitação com que ela se aproximava e compreendeu a súbita timidez. Também se sentia estranho.
Eram estranhos!
Sem saber que plano seguiriam em Forks, apontou para o trailer.
– Preciso tirar meu cavalo do cercado e deixá-lo exercitar-se um pouco, se for possível.
Ela cruzou os braços, assentiu e observou silenciosa enquanto Edward retirava o animal pela rampa do trailer.
– Spartacus, não é?– perguntou, tentando diminuir a tensão.
– Sim, é o nome dele. – Segurando as rédeas com firmeza para impedir que o animal escorregasse no asfalto, ele a encarou. – Mora aqui?
Bella olhou para o bloco de edifícios de dois andares atrás dela.
– Sim, tenho um apartamento sobre a loja. É pequeno, mas atende às minhas necessidades.
Como alguém podia sobreviver em um lugar tão minúsculo? Preferia a vida no campo aberto, cercado pelos pastos verdejantes e pelas colinas. Também gostava de estar sempre perto de um lago onde pudesse pescar, como aquele que havia perto de suas terras no leste do Texas.
– Meus pais moram a alguns quarteirões daqui, ao lado da igreja.
Ao lembrar-se do encontro com os pais de Bella e a situação que teria de enfrentar em algumas horas; Edward puxou a rédea com firmeza.
– Venha comigo – convidou, segurando a mão dela o sentir sua hesitação. Pretendia soltá-la assim que começassem a caminhar, mas ao sentir o tremor em seus dedos, preferiu manter o contato e oferecer algum conforto, certo da que ela também temia o confronto com os Swan.
– Aposto que seus pais ficarão desapontados – disse.
Ela ergueu o queixo a fim de disfarçar a insegurança.
– Sim, mas acabarão se conformando.
– É o que vamos ver. – E parou para deixar o cavalo comer a grama que crescia na lateral do caminho. – Partirei logo depois de falarmos com eles. Vou participar de um rodeio em Pecos na sexta-feira.
– Tudo bem. – Era evidente que a idéia de enfrentar o pai sozinha a amedrontava. – Não esperava mesmo que ficasse.
– O que devo dizer quando estivermos com eles?
– Nada. Eu conversarei com meus pais. Só preciso de sua presença para convencê-los de que estou casada.
– Convencê-los. – Edward soltou a mão dela para amarrar Spartacus na lateral do trailer. – Não sei o que espera provar com minha presença.
– Apenas que tenho Um marido. Sabe o que quero dizer.
Ele deixou o cesto de feno ao alcance do animal, verificou se havia água no balde, e depois guiou-a até a escada de ferro atrás de um dos edifícios.
– Sim, entendo o que quer dizer.
Bella abriu a porta e entrou no pequeno apartamento. Edward esperou que ela acendesse as luzes, e depois olhou em volta.
Embora fosse um pouco maior do que o compartimento do trailer onde costumava dormir, seu lar itinerante, o lugar era realmente minúsculo, mas confortável. Havia um sofá de dois lugares, duas cadeiras de balanço e um baú que fazia as vezes de mesa de canto. Enquanto estudava o arranjo da sala, tentou imaginar-se sentado no sofá delicado e balançou a cabeça.
– Eu disse que era pequeno – ela comentou enquanto seguia para a cozinha. – Quer beber alguma coisa?
– Não, obrigado. Preciso dormir um pouco.
Bella virou-se e ergueu o braço para um painel de madeira na parede.
Atônito, Edward viu o painel descer e revelar uma cama.
– Preciso ser criativa – ela explicou enquanto ajeitava os travesseiros.– Não tenho um quarto.
– Não?
– Não. Apenas a sala, a cozinha e o banheiro. Pode dormir aqui. Eu me acomodo no sofá.
O móvel era tão pequeno, que nem mesmo uma mulher delicada como ela poderia dormir com um mínimo de conforto sobre as duas almofadas.
– Tenho uma idéia melhor. Dividiremos a cama. Eu fico em cima, você em baixo.
– O quê?
– Refiro-me às cobertas – explicou, contendo o riso diante de sua expressão chocada. – Eu fico em cima delas. Você pode se cobrir com elas.

Consciente da presença imponente a seu lado na cama, Bella puxou o lençol até o queixo e olhou para o teto escuro.
Nas últimas quarenta e oito horas, desde que deixara o apartamento de Derrick. depois de saber que ele não a queria nem ao bebê, movera-se como se estivesse envolta em uma névoa, os pensamentos confusos e os nervos abalados, sabendo que não poderia voltar para casa e enfrentar os pais sem um marido ou um nome para o filho que esperava.
Olhou para Edward e notou que dormia. Ainda não conseguia acreditar que tivera a ousadia de pedir um estranho em casamento. Mas, mesmo agora, ao vê-lo em sua cama, dormindo, não sentia-medo. Havia algo nele que despertava confiança.
Devia ter sido o destino que os colocara naquele restaurante no mesmo instante. Precisava de um marido, de um nome para o filho, e ele precisava de dinheiro. O que quer que fosse, o destino ou a mão de Deus, jamais seria capaz de recompensá-lo pelo sacrifício que fazia por ela e por seu filho.
Aliada a gratidão, a culpa encontrou um lugar em seu coração quando ela se deu conta de que nem mesmo havia agradecido pelo gesto de bondade.
– Edward? – sussurrou.
– Hum?
– Está dormindo?
– Ainda não, mas estou tentando.
– Desculpe. Não queria incomodá-lo.
– Não me incomodou. Eu ainda não estava dormindo. Precisa de alguma coisa?
– Não. Só queria... Bem, só queria agradecer por tudo que fez por mim.
– Não precisa agradecer.
– Oh, sim, você tem de saber que sou grata por ter dado um nome ao meu filho. E por ter me levado a Las Vegas e cuidado de tudo. Não havia pensado no tempo necessário para a obtenção de uma licença, em toda a burocracia, Felizmente você estava lá para cuidar disso.
– Como disse, não precisa agradecer. Por que não tenta dormir.
– Duvido que consiga.
Ele riu.
– Quer que eu conte uma história?
– Não – Bella respondeu sorrindo. – Estou velha demais para isso. Mas se puder conversar comigo um pouco... Só até eu dormir...
– Sobre o que quer conversar?
– Qualquer coisa. Apenas fale. Conte-me de onde veio – sugeriu, virando-se de lado para fitá-lo na escuridão. Edward mantinha os olhos fixos no teto.
– Vivo no Texas, perto de Tyler. Sabe onde fica?
– Sim – respondeu surpresa, apoiando-se sobre um cotovelo. – Costumo ir a Canton na primeira segunda-feira do mês de Julho para fazer compras. É perto de Tyler, não?
– Mais ou menos. Aquele lugar é um circo! – ele riu.
– É verdade – Bella concordou, lembrando a primeira vez em que estivera no amplo e variado mercado de Canton – É tão divertido quanto um circo.
– Não vou àquele lugar há anos – comentou distraído, – Minha propriedade fica a trinta quilômetros de Canton mais ou menos.
– É mesmo?
– O lugar pertencia aos meus avós e tem cerca de trezentos acres. Eles cultivavam a terra, mas eu nunca me dediquei à agricultura. Prefiro montar a dirigir um trator. Hoje em dia crio gado para manter a grama sempre aparada. Penso em aumentar o rebanho quando desistir dos rodeios.
– Pretende afastar-se do circuito de provas em breve?
– Algum dia. Ainda não decidi quando.
– Quem cuida dos animais quando você está viajando?
– Procuro voltar para casa em intervalos regulares, mas tenho um vizinho que fica atento a tudo enquanto estou fora. Pago pelo serviço, é claro.
– Como é participar do circuito dos rodeios?
– Basicamente, é nunca passar por muito tempo no mesmo lugar. Estou sempre na estrada, ou voando, quando as provas são muito distantes e em datas próximas. É estar sempre tenso, esperando pela hora de competir, e exausto, tentando recuperar as forças para a prova seguinte. Tomo café em um Estado, janto em outro... Enfim, faço o possível para participar do maior número de provas que puder. Emmett, Jasper e eu estamos juntos nessa vida há quase três anos. Nós nos revezamos ao volante, porque assim todos têm chance de dormir um pouco. A vida de um peão de rodeio é mais ou menos assim.
– Não tem família? – ela perguntou, tentando conter um bocejo.
– Uma avó, mas ela vive em um asilo.
– É doente?
– Alzheimer.
– Oh, que coisa mais triste! – Bella exclamou, lembrando os sintomas da doença. – Vai contar a ela sobre o nosso casamento?
– Provavelmente não. Ela nem me reconhece. Por que confundi-la ainda mais? Além do mais, duvido que entenda alguma coisa.
Não podia ver seu rosto, mas ouvia a tristeza em sua voz. Num gesto automático, tocou a mão dele numa oferta silenciosa de conforto.
– Sinto muito, Edward. Deve ser difícil.
Ele não respondeu. Não podia. Apenas olhou para o teto, tentando engolir o nó que se formava em sua garganta. Sentia o conforto da mão sobre a dele, o calor do corpo ao seu lado, a presença envolvente. Estava imóvel como uma estátua, temendo mover-se e provocar uma reação parecida. Não queria interromper o contato. Finalmente reuniu coragem para fitá-la. Bella mantinha os olhos fechados. Os lábios estavam entreabertos e relaxados no sono. Tomando cuidado para não despertá-la, virou a mão e entrelaçou os dedos nos dela.
Um anjo, pensou com tristeza. Pena ter recebido um tridente ao nascer, em vez de um par de asas como ela. Se as tivesse, talvez pudessem voar juntos. Talvez pudesse oferecer mais que seu nome. Talvez pudesse ser um marido de verdade e um pai para o bebê que ela esperava.
Mas tudo que possuía era um nome, e um nome manchado. Era inútil tentar ligá-la de verdade ao homem que todos acusavam de ter enlameado o nome Cullen.
Suspirando, virou o rosto para o teto e fechou os olhos. Edward adormeceu segurando a mão de Bella, cercado por seu calor e reconfortado por seu toque suave.

2 comentários:

Unknown disse...

Essa história tá sendo muito fofa meninas!!!

leidionline disse...

Amei o capítulo, esses dois ainda vão fazer a gente suspirar muito!!

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário sobre o post: