FANFIC - NEVER SAY NEVER - CAPÍTULO 30

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Autora : Jurobsten

Contato: @jurobsten

Classificação: +18

Categorias: Saga Crepúsculo

Gêneros: Drama, Romance, Universo Alternativo

Avisos : Sexo

Capítulo 30 

Era como estar em um pesadelo e não conseguir acordar. 

Eu nunca me lembraria com precisão àquelas horas passadas após ver Edward caindo aos meus pés. 

A não ser o medo horrível que traspassava minha mente, gelava meus ossos. 

Eu queria gritar, mas minha voz não saia 

Me ajoelhei ao seu lado, sentindo sua pele fria, seu batimento cardíaco muito fraco, sem saber o que fazer. 

Mas algo precisava ser feito, além de embalá-lo em meus braços e chorar. 

Tremendo eu corri até o telefone e liguei para emergência. 

Sabia que tinha que ligar para os Cullens, mas eu não tinha o telefone de ninguém de cor e nem queria sair de perto de Edward para procurar no seu celular. 

Eu queria que ele acordasse. Eu queria que ele voltasse pra mim. Que os braços sem vida me envolvessem e dissesse que tudo ia ficar bem. 

Mas bem lá no fundo eu sabia que nada estava bem. 

E quando os paramédicos chegaram e o levaram eu só podia rezar para que não fosse o fim. 

Eu não estava preparada para o fim. 

Os Cullens chegaram ao mesmo tempo, todos os irmãos. 

Alice Cullen me abraçou dizendo palavras de consolo que pareciam tão tolas quanto ela naquele momento. Nenhum consolo era suficiente. Eu só queria Edward de volta.

Rosalie, Jasper e Emmett cercaram os médicos, exigindo respostas e quando voltaram pareciam tão abatidos quanto eu. 

Rosalie andava de um lado para o outro falando rápido ao telefone, uma ligação após a outra. 

–O que está acontecendo? - indaguei a Jasper 

–Rosalie está ligando para meus pais. Eles já estão a caminho. 

–E está tratando da transferência do Edward para o hospital da cidade. - Emmet completou. 

Eu assenti, Alice segurou minha mão. 

–Não se preocupe Bella. Vai ficar tudo bem. Não é a primeira vez que Edward passa mal. Mas ele sempre supera. 

Eu queria acreditar em suas palavras. Eu precisava desesperadamente acreditar. 

Mais algumas horas passaram e quando o dia amanheceu o médico disse que Edward estava pronto para ser transferido. 

Eles nos deixaram vê-lo por alguns minutos. 

Estava desacordado, sedado por remédios e doía o coração vê-lo assim. 

Segurei sua mão por alguns instantes, não querendo sair dali, mas Alice me puxou delicadamente 

–Vamos, Bella. 

Quando chegamos à cidade, Alice perguntou se queria que eu ficasse em casa. 

–Não, quero ir para o hospital. 

De maneira alguma eu ia conseguir ficar longe agora. 

Ainda demorou algumas horas para transferirem Edward e neste tempo Esme e Carlisle estavam ali, tão preocupados como nós. 

Era estranho, estar ali no meio dos Cullens. 

Eu ainda sentia de alguma maneira que não fazia parte daquilo. 

Alice tinha desistido de me animar com suas bobagens quando percebeu que não ia adiantar e eu duvidava muito que ela mesma estivesse calma. Era apenas seu jeito de levar a situação. 

Emmett ficava em volta de Rosalie, que parecia transtornada. 

Carlisle voltou depois de conversar com os médicos responsáveis por Edward. 

–Ele terá que ficar aqui alguns dias em observação. – falou muito sério e nos encarou – Acho melhor irem embora descansar. Ele está desacordado ainda. Ligo para vocês quando estiver acordado. 

Eles se moveram para ir embora, mas eu continuei no mesmo lugar. 

–Bella, deve ir também. – Carlisle disse. 

Eu sacudi a cabeça negativamente. 

–Não, eu vou ficar. 

–Precisa descansar querida. Carlisle nos avisa quando pudermos voltar. – Esme tocou meus ombros, mas eu estava irredutível. 

–Não, eu vou mesmo ficar. 

Eles desistiram de me fazer ir embora e partiram. 

Para eles era fácil. Já tinham passado por isto quantas vezes? 

Mas para mim, ver Edward daquele jeito não era normal. 

Era horrível. 

Carlisle Cullen voltou em um instante com um copo de café para mim. 

–Obrigada. – murmurei. 

–Deve estar sendo difícil para você. 

Eu tentei sorrir, sem sucesso. 

–Acho que terei que me acostumar não é? 

–Ninguém se acostuma com isto. 

Eu respirei fundo, me lembrando do que senti ao ver Edward naquele estado. 

–É tão difícil. - murmurei - Eu pensei que era... que ele ia... 

Eu não conseguia nem completar o pensamento, minha garganta se fechando. 

–Não sei como conseguem... - eu o fitei – viver com isto. Com esta incerteza. 

–Somos obrigados. A gente aceita, porque significa que ele ainda esta vivo, mesmo sendo assim. Existe um tipo de leucemia bem pior Bella, muito mais agressiva. 

–Não é justo que ele tenha esta doença. 

–Também acho. Pra mim é muito difícil, sendo médico. Ver meu filho assim e nada poder fazer a não ser esperar. 

–Você acha que... acha que eu um dia ele vai se curar? 

–Eu não sei Bella. Mas temos que ter esperança. 

–Ele tem sorte de ter vocês. - murmurei e era verdade. 

Os Cullens eram totalmente dedicados a Edward. 

–E Edward tem sorte de ter alguém como você. 

–Acho que era por isto que ele não me queria por perto não é? 

–Sim, ele sabia que você sofreria. Ele não achava justo. 

–Eu não me importo. Eu só quero ficar perto dele, como for, o tempo que for... 

–Você é uma garota muito forte Bella, acho que eu já intuía isto, quando seu pai me falou de você na sua casa. 

–Ele me disse. 

–Edward nunca quis ficar com nenhuma garota desde que ficou doente. Eu nunca achei isto justo. Ele não merecia ficar sozinho. Eu sempre quis que ele conhecesse alguém como você. Acho que talvez tenha sido por isto que eu quis pagar sua faculdade, talvez inconscientemente eu a estava mandando para Edward. 

–Isto parece meio feudal. 

Ele riu. 

–É, se parece mesmo... 

–Mas não me importo. Tinha razão. 

Ele me abraçou pelos ombros e eu deitei a cabeça em seu peito. 

Ficamos em silêncio por um tempo, até que algo me ocorreu. 

Algo mais sinistro e apavorante. 

–Carlisle? 

–Sim. 

–Porque está aqui? Edward já passou mal outras vezes não é? Mas apenas os irmãos ficam com ele, porque Rosalie ti ligou, porque vieram? 

Ele ficou em silêncio e eu soube a resposta antes mesmo de levantar a cabeça e encarar sua expressão grave e triste. 

–É pior desta vez não é? – murmurei. 

–Sim, Bella. É muito pior desta vez. 

Eu tive dificuldade de respirar, o mundo girando a minha volta. 

–O que vai acontecer? - indaguei num fio de voz. 

–Ele está sendo tratado e medicado. Mas está muito fraco. Temos que esperar para ver como vai reagir. Se a medicação vai continuar a fazer efeito... 

Havia um senão ali. 

Um senão que eu não estava preparada para aceitar. 

Senão Edward não resistiria. 

Eu não podia aceitar isto. 

Edward acordou no começo da noite e finalmente eu pude vê-lo. 

Meu coração se apertou no peito ao vê-lo daquele jeito. 

Eu sorri, meus dedos segurando sua mão, mas ele não retribuiu o sorriso. 

–Não deveria estar aqui Bella. 

–E onde eu estaria? 

–Me desculpe por arruinar seu fim de semana. 

–Primeiro que não era meu fim de semana. Era nosso. E segundo que não precisa pedir desculpas por nada. Aconteceu. 

–É este o problema. 

Eu devia suspeitar que Edward agiria assim. 

Mas eu não ia deixar que me afastasse. 

–Não tem problema, Edward. – murmurei, mas acho que não fui muito convincente.

–Eu não queria que passasse por isto. 

–Mas eu quero estar aqui. E não vou a lugar algum, acostume-se com isto. Quer esteja bem ou doente. Não faz diferença, eu sempre estarei com você. 

–Você é absurda. 

–Eu sei. 

A família de Edward entrou no quarto em seguida e eu me afastei, deixando-os sozinhos.

Caminhei pelos corredores frios do hospital e achando um telefone, liguei para minha mãe. 

Já era tarde da noite em Phoenix e Renée estranhou ao ouvir minha voz. 

–Oi mãe. 

–Bella? O que aconteceu? Está tudo bem. 

Eu desabei ao ouvir a preocupação na voz da minha mãe. 

–Mãe, o Edward está mal. 

–Oh, Bella, querida, eu sinto muito. 

Eu funguei, tentando me controlar. 

–Estava tudo tão perfeito, nós estávamos sozinhos na casa de praia deles e ele desmaiou, foi tão horrível, eu achei que ele... 

–Shii, não fique assim. Como ele está agora? 

–Mal. Ele sempre tem estas recaídas, segundo os Cullens. Mas desta vez é pior. Não sei o que fazer, mãe. 

–Não há nada que possa fazer Bella. Sabia que ele estava com esta doença horrível. Sabia que não tem cura... 

Fechei os olhos com força. 

–Eu tenho que acreditar que ele vai sair desta. 

–Tem que estar preparada para o pior, Bella. 

Meu coração doeu. 

–Não consigo... 

–Mas tem que estar. Eu sinto te dizer isto. Quer que eu vá fica com você? 

–Não, não precisa. 

–Bella... 

–É sério, mãe. 

–Certo. Me liga para me dizer como ele está ok? E se precisar que eu vá, é só pedir. 

–Tudo bem. 

Eu desliguei e fui para o banheiro. Lavei meu rosto e voltei para o quarto. 

Mas todos os Cullens estavam na sala de espera. 

–Edward está dormindo novamente. – Alice explicou – Acabou o tempo de visita. 

–Nós vamos embora... – Esme me encarou – e você deve vir conosco Bella. 

–Não, não quero ir. 

–Bella, Edward pediu que fosse descansar, – Carlisle falou – e concordo com ele. 

–Eu não quero... 

–Vem com a gente Bella. Pode ficar lá em casa. – Alice segurou minha mão e foi me puxando. 

Eu deixei que me levassem. 

Realmente não tinha nada para fazer ali se não pudesse ficar com Edward. 

Era estranho estar na casa dos Cullens sem Edward, enquanto estava no carro com Alice, eu quis pedir que ela me deixasse no meu dormitório, mas desisti. Embora ficar sozinha com os Cullens fosse um pouco assustador, eu também não queria ficar sozinha. 

–Pode ficar no quarto de Edward, Bella... – Esme falou quando chegamos – a não ser que prefira ficar no quarto de hóspede. 

–Não, eu fico no quarto do Edward. 

–Tudo bem. Se precisar de algo é só pedir. 

Estar no quarto de Edward sozinha era mais que estranho. 

Era dolorido. 

Entrei no chuveiro e deixei que a água corresse sobre meu corpo, levando a tensão do dia. 

E quando saí de lá estava mais calma, mas a tristeza ainda era a mesma. 

Coloquei uma camisa do Edward e perambulei pelo quarto, como uma sonâmbula.

Olhei os livros na estante, me lembrando da primeira vez que entrei ali, de como achei que não combinava com ele ter aquele monte de livro e ri de mim mesma. Eu não o conhecia. 

E agora ele era o centro do mundo. 

Me deitei olhando o teto, sentindo uma falta desesperada de tê-lo ao meu lado, seu corpo morno colado ao meu, seu riso lindo, o jeito que levantava a sobrancelha quando me chamava de absurda. 

Era quase uma dor física. 

Chorar não adiantava em nada. Mas era a única coisa que eu podia fazer agora. 

No dia seguinte, eu voltei ao hospital com os Cullens. 

Edward estava acordado, mas parecia mais pálido do que ontem e eu me preocupei. 

–Como está se sentindo? – indaguei. 

–Estou bem. – ele sorriu, mas eu sabia que era mentira. 

Mesmo assim não insisti. 

Edward tinha este ridículo senso de proteção comigo. 

Como se adiantasse alguma coisa. 

Segurei sua mão. 

–Está faltando na aula... 

Eu ri. 

–Cabular algumas aulas não vai fazer diferença. 

–Não quero que perca as aulas, Bella. 

–Mas eu quero perder. 

–Não adianta nada ficar aqui. 

–Eu quero ficar. – insisti. 

–Nem meus irmãos passam o tempo todo comigo. 

–Seus irmãos estão acostumados a receber suas ordens. Eu não. Não será mimado por mim, Edward. 

Ele riu. 

–Você é teimosa. 

–Pelo menos não está me chamando de absurda. 

Ele parou de insistir que eu fosse embora e eu passei o dia com ele. Os Cullens iam e vinham, mas eu não conseguiria ficar longe. 

Esme iria passar a noite com ele, mas eu insisti em ficar. 

–Só se prometer que irá a aula amanhã. – Edward falou e eu rolei os olhos. 

–É sério, Bella. 

–Tudo bem, eu vou. 

Edward estava bastante debilitado, embora quisesse parecer o contrário. 

Eu tentava não demonstrar o quanto aquilo me doía. 

Quando ele dormiu eu saí do quarto a procura de sua médica. 

–Ainda está aqui? - ela indagou sorrindo. 

–Eu quero saber sobre o Edward. Como ele está reagindo? 

–Está sendo medicado como sempre, mas está demorando mais para se recuperar. A doença está começando a avançar mais rápido. 

Eu senti o ar me faltando. 

–O que isto quer dizer? 

–O que sempre significou. Este tipo de leucemia não tem cura. 

–Quanto tempo? - indaguei num fio de voz. 

–Não temos como saber precisamente. Ele tem todo o tratamento possível, mas a tendência é piorar. 

Talvez semanas, ou até meses. Não prevejo mais que isto. 

Eu fechei os olhos, sentindo como se toda a vida estivesse sendo tirada de mim. 

–Você está bem? - a médica indagou preocupada – Eu sinto muito por isto. 

Abri os olhos, respirando fundo. 

–Ele sabe? – indaguei. 

–Sim, ele está ciente de tudo. 

Então Edward sabia. 

–E os Cullens? 

–Sim, eles também estão cientes. 

–Obrigada. – respondi, me levantando e me afastando. 

Entrei no quarto de Edward. Ele dormia. 

Meus dedos procuraram os dele. 

Todos eles sabiam que o tempo estava correndo mais rápido agora. 

Será que iriam me contar? 

Eu podia imaginar que fora ideia de Edward me manter de fora. 

Era a cara dele fazer isto. 

Mas de alguma maneira eu sabia por que ele fazia isto. 

Porque eu faria a mesma coisa se fosse o contrário. 

Passei a mão pelos cabelos cor de areia. 

Como é que eu podia ficar braba com ele? 

Era ele quem estava sofrendo. Que sofria há anos com aquela doença terrível, sem saber até quando aguentaria. 

Então se Edward queria que eu ficasse bem, eu ficaria. 

Ele sofreria mais ao me ver sofrendo. E eu não podia deixar isto acontecer. 

Fosse o tempo que fosse, eu estaria com ele. 

E seria como ele queria desta vez. 

Até o fim. 

Continua...