FANFIC - NEVER SAY NEVER - CAPÍTULO 4

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Capítulo 4

Talvez eu vomitasse de novo e estragasse a terceira camisa em 24 horas.

Ou desmaiasse. Ou saísse correndo até Forks.

Ou talvez eu nem tivesse escutado aquilo.

Sim, provavelmente ainda houvesse algum resquício de álcool no meu sangue, o que estava fazendo com que minha mente criasse situações inexistentes.

Porque só isto explicava o fato de Edward Cullen estar na minha frente dizendo que queria transar comigo.

Porque era disto que ele estava falando, não era?

O tal assunto do banheiro? Ou eu havia feito alguma outra proposta que nem lembrava?

Não. Havia algo de muito errado ali.

–O que disse? - balbuciei aturdida.

–Eu disse que aceito sua proposta.

–Que proposta? - Sim, talvez eu devesse dar uma de louca.

–Transar com você.

Oh Deus.

Então era isto mesmo. Eu tenho certeza que o mundo parou de girar por alguns instantes enquanto tentava assimilar como era possível que aquele cara na minha frente estivesse colocando “você” e “transar” na mesma frase.

Não. Simplesmente era absurdo demais!

–Está zoando com a minha cara? - indaguei incrédula.

–Não, estou falando sério.

Eu respirei fundo, o encarando em busca de algum indício que esclarecesse aquele engano.

Mas ele continuava impassível.

–Você não está falando sério! - exclamei por fim. Nada daquilo fazia sentido!

Aquele era Edward Cullen, que eu, num momento de loucura que só podia ser explicado pelo alto teor de álcool no meu sangue, achara que seria legal pedir pra transar comigo.

Eu, Bella Swan, de Forks.

E agora ele estava na minha frente, no alto de sua perfeição e roupas caras, dizendo que aceitava a minha proposta absurda!

–Não, não está falando sério! - refutei – Simplesmente não é possível que esteja aqui dizendo que quer transar comigo! 

–Por que não? Você foi bem clara ontem.

–Eu estava bêbada.

–Mas me pareceu estar falando sério, quando disse que estava procurando um cara para...

–Chega! Não continua – pedi mortificada. Oh Deus, ele estaria mesmo falando sério? Não era possível!

–E você simplesmente decidiu aceitar assim, sem nem me conhecer, simplesmente porque eu... - parei, sem nem saber como continuar – Você, Edward Cullen? Só pode ser brincadeira!

–Não é brincadeira. 

–Por quê? - indaguei – porque ia aceitar... dormir comigo?

Ele deu de ombros.

–Precisa de um motivo? Achei que era você quem estava precisando, como foi mesmo que disse? “Achar um cara para acabar com um probleminha”.

–Então resolveu... “me ajudar”.

–Pode colocar assim.

Eu senti meu rosto queimar de vergonha.

–Escuta aqui, se esta é sua semana de praticar caridade, assine um cheque e dê a alguma instituição!

–Achei que estivesse desesperada.

–Ah! O que disse? - agora eu não estava só envergonhada. Eu estava indignada!

–Me desculpe, me coloquei errado.

–Isto é absurdo! Dá licença! - pedi, querendo sair dali e acabar logo com aquela conversa bizarra.

Mas Edward foi atrás de mim.

–Bella, escuta...Me desculpe se eu a ofendi, eu apenas...

Eu me virei.

–Não, tudo bem. O erro foi meu. Eu nunca devia ter bebido e nunca devia ter proposto... isto...a você!

–Mas propôs. E eu não estou brincando. E acho mesmo que podíamos...

–Quer que eu acredite que você, que pode ter qualquer garota, quer fazer sexo comigo?

–Por que não? 

–Precisa dizer? Olha pra mim e olha pra você! Eu sou uma garota que você nem conhece e que bebeu demais numa festa e achou que podia aceitar fazer sexo sem compromisso comigo.

–Mas eu quero. Fazer sexo sem compromisso com você.

–Ah tá! Para. Agora chega, né? Tá achando que eu sou alguma idiota? Sério, o que é isto? É alguma brincadeira? Alguma pegadinha? Vai ficar rindo com seus irmãos depois de contar como me fez de idiota?

Ele deu um pequeno sorriso.

–Está vendo filmes anos 80 demais.

–Olha, já chega, tá? Vamos parar por aqui e fingir que isto nunca aconteceu! - falei, dando as costas para ele e indo para o refeitório.

Desta vez ele não foi atrás de mim.

Eu só voltei a respirar quando sentei numa mesa vaga.

Aquilo tinha mesmo acontecido?

Edward Cullen tinha dito que queria transar comigo? 

Ainda era bizarro demais para acreditar.

E o pior de tudo era que havia uma parte de mim que queria acreditar.

E se ele estivesse falando sério? Afinal, era apenas sexo, não era?

Para um cara como ele devia ser algo corriqueiro. Talvez ele recebesse este tipo de proposta todos os dias. E talvez aceitasse todas.

Mas ninguém nunca tinha visto ele publicamente com nenhuma garota...

–Oie! - Jéssica sentou na minha frente – E aí, como está?

Eu fiz uma careta, minha cabeça voltando a doer, ao ouvir a voz estridente de Jéssica.

–Oh, por favor, fale baixo. – Pedi, fechando os olhos e apertando minha testa com os dedos.

–Oh.. ressaca – ela riu – nunca imaginei que você fosse destas, Bella!

–E não sou! Por isto mesmo fiquei bêbada. Não sou acostumada a beber. 

–Acho que acredito em você.

–Obrigada por me levar em casa. Acho que estraguei sua festa.

–Ah, mas não fui eu que te levei embora.

Um alarme soou na minha cabeça.

–Não?

–Não. Foram os Cullens!

Oh Meu Deus.

–Como assim os Cullens? - indaguei inocentemente.

Jéssica riu.

–Não se lembra de nada? Mas que azar! Não é todo dia que se é carregada no colo por Edward Cullen! Mas eu também ia preferir esquecer se tivesse vomitado em cima dele!

Eu gemi, horrorizada.

Estava tudo ficando pior.

–Quer dizer que Edward... Os Cullens me levaram embora? Mas como isto aconteceu? E onde você estava?

Ela deu uma risadinha maliciosa.

–Bem, eu estava te procurando porque eu ia exatamente dizer que eu ia pra casa daquele cara que eu te falei. Aliás, depois eu te conto tudo com detalhes. Aí quando eu chego você está praticamente desmaiada e os Cullens à sua volta.

–Ai, que vergonha.

–Eu disse que era minha amiga e que ia chamar um táxi pra te levar, embora, tenho que dizer, isto ia estragar total a minha noite. E acho que o Edward percebeu, porque disse que não era pra eu me preocupar que ele te levava pra casa. Aí eu achei ótimo, e passei seu endereço. A última coisa que eu vi foi Edward te carregando para aquele Volvo lindo dele e uma das irmãs levando sua bolsa. 

Então Edward tinha me levado pra casa. Eu nem conseguia imaginar esta situação!

Depois de todo o vexame que eu dei. Primeiro jogando bebida na sua camisa, depois invadindo o banheiro e perguntando se ele queria transar comigo! E como se ainda não bastasse, falado aquele monte de bobagem e acabado vomitando em cima dele.

E ele ainda me levara embora.

Suspirei pesadamente e deitei a cabeça na mesa, mortificada.

Agora este mesmo cara, que era perfeito demais pra ser verdade, tinha vindo até mim e dito que queria fazer sexo comigo. A mesma garota louca da noite passada.

–Bella, você está bem? - Jéssica indagou.

–Não. Estou morrendo de vergonha. – murmurei, ainda com a cabeça sobre a mesa – E estou de ressaca e acho que vou morrer. Talvez fosse melhor mesmo.

Jéssica riu.

–Imagina, este foi só seu primeiro porre! Todo mundo passa por isto. È normal. 

Normal? Jéssica não fazia ideia do que eu tinha feito. Não era nem um pouco normal. Era humilhante.

–Qual das duas é Bella Swan?

Eu abri os olhos ao ouvir a voz estranha e havia um garçom do lado da mesa.

–É ela. – Jéssica apontou.

O rapaz sorriu e colocou um copo em cima da mesa.

–Pediram para entregar para você.

–O que é isto? – indaguei, levantando a cabeça.

O moço ficou meio sem graça.

–É para curar mal-estar causado...

–Pra quem bebeu demais? - Jess completou, divertida.

–Sim.

Eu fiquei vermelha.

–Quem mandou entregar isto?

–Foi da mesa dos Cullens – ele disse e se afastou.

Eu olhei em volta e então os vi.

Os perfeitos Cullens, entretidos numa conversa animada numa mesa do outro lado do salão.

E Edward Cullen, como se estivesse esperando, olhou para mim e me lançou um daqueles seus sorrisos de lado.

Perfeito.

Meu pulso acelerou e meu rosto esquentou.

Desviei o olhar.

Na minha mente apenas as palavras: “Eu aceito. Transar com você”.

Não. Eu não podia estar cogitando aquilo.

Mesmo sua resposta vindo de encontro ao que eu precisava no momento. 

Afinal, eu tinha ido naquela maldita festa justamente pra isto. Para arranjar um cara para fazer sexo sem compromisso comigo.

E nada mais.

E agora Edward Cullen estava me propondo exatamente isto.

Mas como é que podia ser sério?

Eu tomei a bebida amarga e comecei a me sentir melhor, enquanto Jéssica tagarelava sobre sua noite com o tal paquera.

Eu me imaginei fazendo a mesma coisa depois que transasse com Edward Cullen.

Ei, espera. Eu não ia transar com Edward Cullen, ia?

Olhei de novo para a sua mesa.

Eles estavam se levantando e saindo do salão. Como sempre todo mundo ficava olhando.

Como se um imã nos puxasse em sua direção.

Perfeitos demais.

Mas ninguém era perfeito. Debaixo de todo aquele exterior deslumbrante e impecável, devia haver algo mais.

Algo menos perfeito e bonito.

E enquanto eu me levantava para ir embora, me perguntava qual seria a imperfeição de Edward Cullen.

Eu e Jéssica saímos para a manhã clara e eu ouvi uma risada musical.

Levantei o olhar e vi Alice Cullen, pendurada no braço de seu namorado tão lindo quanto era.

Eles estavam indo em direção ao um Volvo prata reluzente. Logo à frente, estavam os outros irmãos e Edward, que sentou no banco do motorista, dando partida.

–Eles não moram aqui. - Jéssica disse, ao me ver observando - Dizem que moram num apartamento fabuloso no centro.

–Imagino. – falei tentando soar desinteressada.

–E ai, que tal fazer compras comigo?

–Ah Jess, preciso ir. Ainda não me sinto tão bem e tenho que estudar.

Ela revirou os olhos.

–Não estrague seus dias estudando! Eu te ligo mais tarde!

Ela se afastou e eu fui para o prédio dos dormitórios.

Eu tentei estudar a tarde inteira, mas era impossível.

Cansada de tentar, eu me deitei, colocando o i-pod no ouvido.

E as imagens de Edward Cullen encheram minha mente. 

Ele tinha dedos bonitos. Longos.

E o que era aquele cheiro? Não parecia perfume, embora ninguém pudesse ter um odor tão bom, sendo natural. Provavelmente Edward Cullen usasse alguma fragrância super exclusiva e cara.

Tudo nele gritava “super caro”.

Os cabelos cor de areia perfeitamente despenteados, que pareciam pedir para meus dedos colocarem uma mecha no lugar.

Edward Cullen era perfeito.

E há anos luz de distância de uma garota comum como eu.

Com seu carro caro, seu rosto bonito, seus irmãos esnobes.

Definitivamente, fora de cogitação.

Até aquela manhã. Quando ele acenara com a resposta perfeita aos meus anseios.

Sexo sem compromisso.

Mas eu teria coragem de embarcar naquela?

Sim, porque na teoria tudo parecia fácil, mas a prática era outra bem diferente.

Talvez aquela decisão de perder a virgindade com o primeiro que aparecesse tenha sido precipitada.

Talvez houvesse uma outra saída...

De repente meu telefone tocou e eu sentei rápido, tirando os fones do ouvido e atendi.

–Oi, Bells.

Eu sorri ao ouvir a voz de Jacob.

Poxa, por que eu estava com medo dele? Era meu amigo. Meu melhor amigo.

Óbvio que ele não ia me obrigar a nada. Era apenas questão de conversar e dizer que aquele trato feito há quase dois anos não estava mais valendo.

–Oi Jake.

–E aí, tudo bem?

–Tudo sim, e você?

–Aqui tudo na mesma. E como foi a festa ontem?

Eu pensei na festa. Pensei em Edward Cullen e suas camisas arruinadas. Jacob provavelmente não queria ouvir sobre isto.

–Foi legal...

–Se divertiu? Conheceu gente nova?

Eu quase ri. Jacob nem sabia disfarçar.

–É... ninguém interessante.

Mentirosa – minha consciência gritou e eu ignorei.

–Sabe Bells, eu te liguei por um motivo.

Algo na voz dele me fez ficar alerta.

–Fale.

–Eu quero te fazer uma visita neste fim de semana.

–O quê? Mas... 

–Não diga "mas"; Estou com saudades de você e acho que a gente podia sair e...

Mordi os lábios com força. Eu sabia muito bem o que Jacob estava querendo dizer

–Jake, a gente precisa conversar.

–Eu sei. Por isto mesmo. 

–Jake...

–Bells, você não esqueceu, não é?

Fechei os olhos. O que eu podia dizer?

–Não, não esqueci. – murmurei.

–Nem eu. E eu acho que se as coisas ainda são assim... Se nenhum de nós encontrou ninguém... Talvez seja pra ser Bells. Eu e você.

Eu podia dizer agora. Que eu tinha encontrado alguém sim.

E era a mais pura verdade. Bastava eu ter coragem o suficiente.

Ir de encontro ao desconhecido e acabar logo com aquela história.

E eu podia voltar para Forks no verão e dizer a Jake que nós dois não era pra ser.

Que nós continuaríamos amigos. Como tinha que ser.

–E então, Bells. Eu podia ir aí...

–Não. – falei rápido – Seria ótimo mesmo, mas...eu já tenho compromissos para este fim de semana. Me desculpe. 

–Ah... - ele parecia decepcionado e eu me senti culpada. Eu odiava decepcionar Jake.

–Mas a gente vai ser ver daqui dois meses, esqueceu? Como todos os verões. Serão nossos.

–Bom... Tudo bem. São só dois meses, não é? O que poderia mudar em dois meses?

–Sim... nada muda. – murmurei.

Nós ainda falamos mais um pouco sobre outros assuntos e eu desliguei.

Não, Jacob não iria desistir.

E eu não podia deixar acontecer. Não com Jacob.

Isto arruinaria nossa amizade pra sempre.

Eu tinha que prosseguir com minha outra ideia.

Aquela de perder a virgindade antes de voltar para Forks.

E acho que agora eu estava mais perto de concretizar esta ideia do que antes.

Porque eu já encontrara o tal cara. 

Eu praticamente não dormi naquela noite, pensando no que eu tinha que fazer.

E me perguntando se eu teria coragem de fazer.

De dizer sim para Edward Cullen.

O tempo estava nublado e caminhei rapidamente, ignorando o vento despenteando meus cabelos.

E quando cheguei eu os vi. 

Os Cullens caminhando como a realeza em volta de seus súditos, enquanto entravam no prédio.

Eu os segui, os observando se dispersar para suas respectivas aulas, até que estava seguindo apenas Edward.

E me perguntando novamente, como é que um cara daqueles podia querer algo comigo.

–Está me seguindo?

Eu parei, quando ele se virou, em frente a uma sala. 

Apertei os livros em frente ao peito como um escudo, tentando respirar normalmente e ignorar aquela sensação de frio na boca do estômago.

E não me deixar impressionar pela beleza desnorteante de Edward Cullen.

–Posso falar com você?

–Agora?

Oh Deus. Será que ele ia me ignorar? Dizer que eu tinha imaginado aquela conversa de ontem?

Mas eu tinha vindo até ali. E agora era tarde pra recuar

–Sim, agora.

–Eu tenho aula agora.

–Oh... - mordi os lábios sem graça. Claro que ele tinha aula. E eu também tinha

–Mas você pode entrar comigo. 

–Não, eu...Preciso ir para minha aula.

Sai andando rápido pelo corredor.

E de repente parei. Não, não dava pra continuar com aquela dúvida.

Dei meia volta e entrei na sala.

Edward estava sentado na última fileira.

Ignorando os olhares curiosos eu fui até ele e sentei do seu lado.

Um professor entrou na sala e ligou um retroprojetor, apagando a luz, começando a aula.

Edward me fitou com um olhar interrogador.

Eu respirei fundo e aproximei minha cadeira da dele, para que não precisasse falar alto.

–Por que está fazendo isto? – indaguei.

–Sexo sem compromisso.

Certo. Era uma resposta. Mas não era suficiente.

–Por que eu?

–Porque você pediu.

–Me faz parecer desesperada.

–Você que está falando.

–Sério... Não faz sentindo algum. Eu tenho um motivo.

–Quer compartilhar?

Eu mordi os lábios. Bem, eu já estava chafurdada mesmo.

–Bom, você ouviu ontem. Creio que não é mais novidade para você. Eu sou virgem. E vou fazer 20 anos e cansei de esperar. - eu dei graças pela sala estar na semi-escuridão e ele não ver meu rosto vermelho por estar confessando de novo tudo aquilo. E desta vez eu estava sóbria.

Bom, e era parte da verdade. Não tinha porque eu falar de Jake.

–Por que não arranja um namorado como qualquer garota?

–Eu não queira um namorado. Eu quero apenas...

–Sexo.

Por que esta simples palavra parecia tão cheia de significado na boca dele?

–É. Eu quero apenas perder a virgindade e nada mais. - respondi e estava feliz por estar sendo sincera. 

–Apenas isto?

–Sim. Então, como vê, eu tenho um motivo. E queria entender os seus.

–Por que precisa entender? Achei que queria apenas um cara pra transar.

–Porque você não é qualquer cara. É Edward Cullen. Rico, bonito, podia sair com qualquer garota, ao invés disto está aceitando transar comigo. Não faz sentido.

–Eu gosto. – ele ia falar que gostava de mim? Prendi a respiração. – Desta sua ideia do sem compromisso.

Oh Oh. Então era isto? Simples assim?

Edward Cullen era adepto ao sexo sem compromisso?

Não parecia tão absurdo assim. Embora eu ainda não entendesse porque eu, especificamente.

–É por isto que nunca é visto com nenhuma namorada ? Você gosta de sexo sem compromisso?

–Pode-se dizer que sim.

–Por que não escolhe qualquer outra garota?

–Garotas são traiçoeiras. Elas dizem uma coisa e fazem outra. Elas dizem que não vão querer nada. Mas sempre querem.

–Está mesmo falando sério?

–Sim, por que não acredita?

–Porque é surreal demais um cara como você...

–Talvez eu também ache surreal uma garota como você ser virgem.

–O que quer dizer com uma garota como eu?

–Uma garota bonita.

–Não sou bonita. Não precisa me bajular. Acho que não precisamos disto neste momento.

–Ok. Nada de elogios. Vou tentar me lembrar disto no futuro.

–Por que eu? – insisti.

–Você pediu.

–Vai ficar me lembrando disto?

–Você não quer nenhum compromisso. Eu acredito em você.

Eu o encarei na semi-escuridão.

–Você é muito esquisito Edward Cullen. – murmurei.

Porque por mais que fizesse algum sentido, pra mim ainda parecia faltar alguma coisa naquele quebra-cabeça.

Edward Cullen era um mistério.

Mas eu precisava dele. 

E por algum motivo que fugia a minha compreensão, ele acreditava que, diferente das outras garotas, eu não ia cobrar nada.

Eu ia transar com ele apenas por sexo.

Então era isto. Eu estava prestes a aceitar fazer sexo sem compromisso com Edward Cullen.

O cara mais perfeito que se tem notícia.

–O que está pensando? - ele perguntou de repente e eu ri. 

–Querem compartilhar a piada? - eu me afastei automaticamente quando o professor chamou nossa atenção, voltando ao meu lugar.

E nada mais foi dito, até que Edward jogou um papel na minha mesa.

Eu o li e estava escrito apenas:

( ) sim ( ) não

E tive vontade de rir.

Era engraçado colocar coisas tão sérias nesta perspectiva.

Mas eu tinha ido longe demais agora.

E assinalei a resposta jogando para ele.

Ele abriu o papel e sorriu. De lado. Amassando o papel entre os dedos longos.

Eu quase suspirei me dando conta que agora não tinha mais volta.

E a sensação de frio na boca do estômago se misturou com borboletas.

Ansiedade e medo se enroscando dentro de mim.

A aula terminou e a luz foi acesa. Eu juntei meu material e saímos para o corredor.

E agora?

Eu já tinha perdido uma aula e não poderia perder outra. De qualquer maneira, acho que as coisas estavam acertadas com Edward Cullen. 

Ou eu pensava que estavam.

–Bella, só mais uma coisa. - ele falou e eu parei o encarando.

Algo em sua voz me deixou com um calafrio.

Agora ele ia dizer que era tudo uma piada e começaria rir da minha cara. 

Ou então que era algum tipo de pervertido, ou algo do tipo.

Sabia que tinha que ter algo errado!

–Sim? - prendi a respiração.

–Não será por uma noite.

–O quê?

–Até acabar as aulas.

Mas que diabos ele estava falando?

–Como é que é?

–Nós devemos permanecer com nosso... acordo... até acabar as aulas.

–Você quer dizer... Não será apenas uma vez?

–Sim. 

–Não.

–É isto ou nada

–E cadê o sem compromisso?

–Isto não é um compromisso. 

–E é o que então?

–Uma conveniência para nós dois.

–E depois dos dois meses, acabou?

Oh Deus, eu estava mesmo cogitando aquilo?

Como é que eu tinha me metido naquela história?

Eu queria apenas perder a virgindade e dizer pra Jacob que não tínhamos mais porque ficar juntos. E agora eu estava fazendo acordos sexuais com Edward Cullen.

–Sim.

–Apenas sexo?

–Sim, seremos o que se chama de amigos com benefício

–Não.

–Não?

–Não somos amigos. 

–Ok. Só sexo então.

Mordi os lábios com força.

Não precisava aceitar aquilo.

Ainda vivíamos num país livre em que uma mulher podia dizer não e seguir em frente.

Mas de repente eu me dei conta de que eu não queria dizer não.

Eu queria o que Edward estava oferecendo.

É, talvez ainda tivesse algum álcool no meu sangue, mas eu sacudi a cabeça positivamente.

–Tudo bem. Dois meses. Apenas sexo. E nada mais. E depois cada um segue seu caminho. - falei rápido, como se tivesse dizendo a coisa mais natural do mundo.

E Edward sorriu.

E o arrepio que desceu por minha espinha bastou para eu acreditar que talvez não fosse um erro tão grande assim.

Continua