FANFIC - PASSADO DISTORCIDO - OUTTAKE II

Olá Amores!!! Hoje vamos curtir o Outtake II de "Passado Distorcido". Quer acompanhar a história desde o início?Clique aqui.


Um legado deixado em uma carta. Até onde Edward iria para vingar o sofrimento e a morte de Sebastian? Encontrar aquela mulher, Isabella, era o seu objetivo de vida e o destino a entrega de bandeja.

Porém, as verdades absolutas de Edward se rompem quando os caminhos da vida mostram quem é Isabella. E quem Sebastian foi. Afinal, o passado não é, exatamente, aquilo que sempre pareceu ser.


Autora : whatsername
Contato : kellydomingoss (skype)
Classificação : +18
Gêneros: Romance, Universo Alternativo, Hentai, Drama
Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo




Outtake II.




While You Were Sleeping



POV Bella



Eu tremia e tentava prestar atenção nas palavras do homem de jaleco, o tremor estendia para Florence e Anthony, os dois seguravam minhas mãos, quase pedindo para que o homem parasse de falar. Nós estávamos odiando cada sílaba.



“Bem, senhora Cullen, Edward está indo para o bloco cirúrgico, assim que terminarmos, damos-lhes mais notícias.” Ele finalizou. Fora imperceptível, mas a descrença estava nos olhos dele.



Não sei de onde minhas palavras saíram, elas simplesmente pediram passagem. “As pernas estão tão ruins assim?”



A descrença quase deu espaço para o divertimento, mas o homem de cabelos brancos ainda era profissional e apenas nos deu um sorriso breve, beirando a complacência. “Seu marido sofreu um traumatismo grave, há coágulos e eles estão evoluindo. Não queremos qualquer dano cerebral, faremos tudo para tirá-los e manter Edward estável.”



Só não chorei por causa Florence e Anthony, eles precisavam de meu conforto, mostrar fraqueza não era uma opção. Os dois tiraram os olhos do médico e me estudaram. Thony, com certeza, entendera a gravidade das palavras do doutor, afinal, o garoto de olhos verdes e marejados colocara na cabeça que seria médico. Florence já não escondia o choro, as lágrimas desciam pelas bochechas vermelhas e ela apertava minha mão, querendo, a todo custo, acordar daquele pesadelo. Eu queria tirar a dor deles, de mim e de Edward.


“Certo.” Sussurrei enquanto segurava minhas lágrimas dentro dos olhos. “Mantenha-me informada, quero qualquer informação sobre meu marido.” Pedi por fim, vendo o homem caminhando pelo corredor, tentando ir salvar meu Edward.



Quando nós três ficamos sozinhos, eu vi nosso mundo cedendo, lenta e gradativamente. Florence me abraçou, chorando contra meu ombro, ela não falava nada, apenas soltava um choro copioso, cheio de dor. Os braços de Thony me envolveram, ele, apenas com onze anos, já estava quase de meu tamanho, então fora fácil receber um beijo em minha testa.



O abraço de meus filhos era tudo o que eu precisava. De algum modo, aquilo confortava meu coração, era claro que eles tinham aquele poder. Os dois eram meus anjinhos e não importavam as birras, as teimosias e as discussões longas. Também os abracei, colocando o maior amor que eu sentia no gesto.



“O pai de vocês vai ficar bem.” Eu afirmei com toda convicção que existia em mim. “Alguém conhece homem mais forte que Edward?”



Eles sorriram sem vontade, fazendo meu coração partir. Florence tirou o rosto de meu pescoço, revelando-me um semblante dolorido, ela era bonita demais para ficar chorando. Eu, delicadamente, penteei os cabelos longos dela. “Seu pai ficará bem, é uma promessa, lindinha.”



“Vão abrir a cabeça do pai, não vão, mãe?” A voz de Thony, meio cortada, quebrou o silêncio estranho. A colocação não fora a mais feliz, fazendo Florence chorar novamente, olhando para qualquer ponto do chão.



Eu puxei meu filho para mim, beijando os cabelos meio loiros, meio castanhos. “Amorzinho, eles serão cuidadosos. Você sabe, o pai de vocês sofreu um acidente, um choque na cabeça, os médicos precisam deixá-lo novo novamente.”



“O pai está sofrendo, não é, mãe?” A voz doce de Florence soou baixinha, misturada a dor e ao medo. “Eu não posso ficar sem meu pai.”



Perguntei-me se eu teria forças para suportar aquilo, perguntei-me também o porquê de Edward sempre tentar ser um herói. Ele era o melhor homem do mundo e não merecia nada daquilo. Eu cerrei meus olhos, querendo saber o motivo dos acidentes de trabalho amarem meu marido. E, daquela vez, envolvia muita coisa. O desabamento de um sobrado resultara em fraturas expostas nas pernas, traumatismo craniano, pulso fraturado e queimaduras nas vias respiratórias.



Eu realmente agradeci quando Thony me fez sentar no sofá da recepção do hospital. Ele sentou-se ao meu lado, olhando-me como Edward, de maneira penetrante e cheia de questionamentos. Os olhos verdes correram para Florence e ele sorriu. “Nós ainda estamos de pijamas.”



Florence abriu um sorriso mínimo, o corpo diminuto que carregava um pijama lilás veio para mais perto de mim. “Eu me assustei com o telefone tocando.”



Lembrei-me do momento em que pulei da cama e atendi ao telefone, recebendo a pior notícia dos últimos tempos. A madrugada estava quente e só deu tempo para vestir a calça jeans, pegar os documentos e jogar meus filhos no banco de trás do carro.



Os dois estavam com os olhos cansados, pelo sono e pelo choro. “Durmam um pouquinho, filhotes.” Falei enquanto os ajeitavam contra mim. Deitei o rosto de Thony em meu ombro e fiz Florence deitar-se em meu colo. “Se alguma notícia chegar, acordo vocês.”



O olhar de mel de Florence cruzou o meu, ela piscou e quase sorriu para mim. “Vou rezar, mãe. O pai vai ficar bem, ele tem que ficar bem.” Ela estava cheia de certeza, Florence levou os olhos para o irmão, que quase dormia. “Reze também, Thony. Por favor.”



Ele abriu minimamente os olhos, alternando olhares entre as mãos e Florence. “É o que estou fazendo, Flor.”



E aquilo só me deu motivos para amá-los ainda mais. Era incondicional, louco e muito bom. Nada parecia ruim quando eu os olhava, eles cresceram e, a cada dia, eram mais independentes. Florence era a garota mais doce do universo, a menina tinha muitos sonhos e adorava planejar o futuro e, principalmente, era louca com Edward. Ela tinha certa fixação pelos cabelos longos e castanhos, sempre enrolando as pontas. O rostinho de boneca ainda corava e sempre segurava um sorriso fácil, ela gostava de agradar a todos e, como aquela criatura linda era filha de Edward, ela consegui facilmente levar o sorriso ao rosto mais triste do mundo.



Anthony, com o tempo, apenas acentuara as semelhanças com Edward. Os cabelos eram idênticos, a mesma rebeldia. O verde estava lá, dizendo que tudo ficaria bem. A pré adolescência me trouxera um garoto meio temperamental, com uma voz que sempre cortava. Ele também crescera e aquilo o deixava um pouco desproporcional, mas eu tinha certeza que ele ficaria lindo, as meninas iriam correr e chorar por meu filho.



Antes que eu os beijasse na testa, desejando-lhe bons sonhos, Esme e Carlisle entraram em meu campo de visão. Ela não mascarou o choro, Carlisle a segurava pela mão, mas também estava desolado, pedindo as respostas com os olhos. Eu ainda não as tinha.



Carlisle abaixou-se até beijar minha testa. “Dirigir à noite tornou-se um problema para mim.” Ele disse enquanto corria os dedos pelos cabelos de Florence. “Como meu filho está?”



Meu coração perdeu uma batida. “Eu estou com medo, Carlisle.” Confessei e levei meus olhos para Esme, dei-lhe minha mão. “Edward está sendo operado, ele corre risco. O trauma foi grave.”



“Oh, Deus!” Ela exclamou, deixando as lágrimas rolarem. “Eu queria vê-lo.”



“Você o fará em breve, Esme.” Assegurei-lhe. “Seu filho vai superar isto, Edward gosta de nos assustar.” Coloquei com um meio sorriso, mas, por dentro, tudo doía e me fazia engolir o choro.



O fim de madrugada pediu passagem e, com ela, o sono profundo de Anthony e Florence. Eu os acarinhava, velando o sono que, com certeza, não era calmo. Esme e Carlisle eram o retrato da preocupação. Meus bocejos eram seguidos, mas não me permiti dormir. Eu sentia minhas pálpebras pesadas e a madrugada deu espaço para manhã, ela me trouxe um plantonista cansado, mas, para alavancar minhas esperanças, ele me deu um sorriso curto.



“Senhora Cullen?” Ele chamou perto de mim, analisando um prontuário. “Podemos conversar?”



Com delicadeza de mãe, saí do sofá, tentando não acordar meus filhos. Esme e Carlisle me seguiram, ansiosos pelas palavras do médico. “Deu tudo certo com Edward?” Eu perguntei com medo, sentindo minhas pernas tremerem.



“Retiramos os coágulos e, a princípio, ele não perdeu nenhuma função cerebral. Você sabe, não é a primeira vez que isso ocorre, mas, dessa vez, não será tão simples. Edward está sedado, só ele poderá nos dizer quando acordará.” A fala sem jargões me fez paralisar. Fui levada para um passado meio distante, quando Edward ainda era um estúpido e fui obrigada a cuidar dele.



“Eu posso vê-lo?” Pedi na ausência de qualquer outra colocação, eu não fazia ideia do que dizer, o que esperar da recuperação de Edward. “Prometo ser rápida.”



O médico sorriu e, pela primeira vez, ative-me aos detalhes. Ele era quase um senhor, mas a jovialidade existia nele. “Seu marido ainda está em estado gravíssimo, vamos dar tempo a ele, certo? Logo as crianças e você poderão vê-lo.” Ele disse ainda me olhando e sorrindo. “Estes são os pertences de Edward.”



Eu recebi em minhas mãos um pacote de plástico, dentro dele estavam o relógio, a carteira, o celular e a aliança com meu nome. E, então, eu chorei. Não existia o constrangimento, apenas a dor e o medo. Medo de perder o melhor homem que eu poderia querer para mim. Minhas lágrimas traziam de tudo, era sobre mim, sobre meus filhos, sobre Carlisle e Esme. Edward não tinha o direito de nos deixar.



“Mãe?” Florence me chamou, a voz só era sonolenta. Eu olhei para trás e encontrei um rosto assustado, cheio de angústia. “O que houve com meu pai?”



“Venha cá, lindinha.” Pedi enquanto analisava a aliança de ouro. Ela caminhou devagar, apesar do percurso curto. “O pai está bem, sim? Só machucado e precisando de muito cuidado.”



Ela me deu um sorriso sincero, acompanhado de um abraço. Não resisti e vaguei meus dedos pela bochecha dela. O calor que fluiu fez-me sorrir. “Edward está dormindo, sim? Vamos ter que esperá-lo acordar.”



Florence sorriu mais, olhando para o médico. “O pai dorme tanto, não é, mãe? É claro que vou esperar! Ele vai acordar hoje, não é? Quem sabe depois do almoço?”



A pergunta fez meu coração sangrar, eu amava a ingenuidade de minha filha, mas, naquele momento, eu procurei as palavras, um modo de explicar que não seria tão fácil. “Bem, lindinha, pode demorar, sim? Alguns dias, até alguns meses.”



“Oh!” Ela exclamou em surpresa, os dedos se fecharam nas pontas dos cabelos, o sorriso se desfez, dando-me um rostinho triste, mas que, apesar de tudo, tinha esperança. “Eu posso esperar, mamãe.”



Meu coração que sangrava, inflou com as palavras. O abraço que dei em Florence, com certeza, fora apertado demais. Beijei-a no topo da cabeça, agradecendo por aquela menina de coração bom demais ser minha filha. “Seu pai ficará contente em saber disto, sim? Logo você poderá falar-lhe.”



“Eu posso acordar o Thony?” Ela me perguntou enquanto saía de meu abraço. “Ele precisa saber que o pai está bem.” Florence segurou o sorrisinho tímido, já caminhando para o sofá.



Eu apenas observei a cena. Ela sacudiu o irmão pelos ombros. “Thony?” O chamado de Florence fora engraçado, ela bufou ao perceber que Anthony dormia em sono pesado. “Acorde, Thony!”



Ele o fez com preguiça, os olhos abriram-se e eu ganhei um par de olhos verdes, que estavam cansados e perdidos. Ouvi a risada baixa de Esme e Carlisle ao meu lado. Anthony lançou um olhar ao redor e, aos poucos, ele se ajustou à realidade e, rapidamente, eu tive o olhar triste dele. Tentei dar-lhe um sorriso de mãe, ele me retribuiu com uma piscadela, que trouxe também uma lágrima.



Tudo o que fiz foi correr para o sofá, até ter meu rosto próximo do dele. Meus dedos pastaram abaixo dos olhos verdes, uma olheira tímida estava ali. “Amorzinho.” Usei o apelido carinhoso enquanto segurava nossos olhares. “O pai está bem, sim? Deu tudo certo com a operação.”



“Mãe, eu tive um sonho ruim.” Ele me atropelou, ainda com a voz de choro. “Prometa que ele vai ficar bem, por favor?”



Em um ato repentino, Florence o abraçou, coisa que raramente acontecia. “Thony, eu prometo.” Ela falou com seriedade, apertando-se contra o irmão. “Nosso pai só vai demorar a acordar.”



Anthony correu os dedos pelos cabelos e aquilo me fez lembrar Edward. Ele saiu do abraço de Florence, quase embaraçado com a situação. “Obrigado, Flor.”



Um instante depois, Anthony segurava meu olhar, existia muita coisa no verde claro. Eu sofria ao ver muita dor. “Ele está em coma, não está?” Ele me perguntou analiticamente, sem inflexão, mas com tristeza. “Eu sei que isto pode demorar.”



Florence também esperava minha resposta. Eu os olhei, decidida a ser clara e sucinta. “Sim, ele está.” Coloquei com naturalidade demais. “Não é a primeira vez que isso acontece com Edward, vocês sabem, ele adora ser herói.”



Duas risadinhas chegaram aos meus ouvidos. “Já aconteceu antes com o pai? Como foi?” Florence me perguntou, os olhos de mel estavam curiosos.



Permiti-me sorrir também. “Foi quando ainda estávamos em Nova Iorque, nós nem namorávamos ainda. Edward se machucou e fiquei cuidando dele.” Meu sorriso cresceu na medida em que me lembrava das semanas que passei sendo sufocada pela presença de Edward, dormindo ao lado dele, sem saber o motivo de meu coração bater na garganta, sorrindo toda vez que eu o dava comida na boca.



“O pai demorou a acordar daquela vez?” O questionamento de Anthony estava cheio de preocupação, ele prestava atenção em minhas palavras, enrolando as pontas de meu cabelo.



“Acho que levou uns dez dias.” Minha voz saiu calma, quase cantada. “Ele também machucou muito daquela vez, as costelas e um ombro.”



Os dois soltaram um gemido de dor. Anthony deitou o rosto em meu ombro e Florence desmontou no ombro do irmão. “Eu queria poder vê-lo um pouquinho.” A voz de minha filha foi doce, um pedido sincero. “Converse com o médico, mãe. Thony e eu seremos breves.”



“Vou fazer o possível, sim, filhotes?” Assegurei-lhes. “Fiquem aqui enquanto vejo isto com o doutor, também quero ver o pai de vocês.”



Deixei os dois no sofá. Esme e Carlisle ainda conversavam o com médico e eu descobri que ele era o Dr. Cameron, perguntei-me o motivo de eu não ter lido o crachá dele antes. Timidamente, interrompi a conversa. “Uh, Dr. Cameron, sei que Edward está sendo monitorado, mas eu posso vê-lo logo mais? Pelo menos deixar que meus filhos o visitem?”



A resposta foi um sorriso superficial, que esbanjava cansaço. “Bem, senhora Cullen, esperem a tarde para isto. Vocês poderão visitá-lo e seria conveniente que suas crianças conversassem com a psicóloga antes, elas precisam entender a situação.”



Preferi não refutá-lo, mas era mais que sabido que meus filhos eram inteligentes e maduros o suficiente para entenderem o quadro em Edward se encontrava. Eles ainda eram crianças - mesmo que Anthony tentasse dizer o contrário -, mas conseguiriam levar aquela situação.



“Isso é ótimo, doutor.” Falei por fim, recebendo um olhar doce de Esme. “Eu vou para casa, Florence e Anthony estão com fome e precisam de roupas. Nós voltaremos depois do almoço.”



“Carlisle e eu não sairemos daqui, eu te ligo se tivermos alguma notícia.” Esme falou e, ao mesmo tempo, beijou minha bochecha, derramando carinho. “Eu queria tirar o desespero de seus olhos, Bella. Ele vai ficar bem, sim? Meu filho vai voltar para nós.”



“Sim, ele vai.” Eu disse com muita determinação e fé, a segunda era mais forte que a primeira.



O único barulho que se ouviu durante nossa volta para casa fora o girar da maçaneta. Nós entramos em casa e um sentimento de vazio tomou conta de mim, era ruim não ter Edward conosco, eu queria os sorrisos e as palavras. Sem saber por onde começar, encarei Flip, que dormia no tapete da sala. O cachorro estava velho, com inexatos treze anos, ele demorou a notar nossa presença e, por causa dos ossos desgastados demais, ele preferiu continuar deitado a vir nos cumprimentar.



“Ei, campeão!” Anthony abaixou-se para afagar as orelhas do bichano. “Você parece tão cansado! Quer leite, ou seus dentes ainda conseguem mastigar um pouco de ração?”



Florence sorriu e também se abaixou. As mãos correram pelo dorso de Flip, acarinhando-o com cuidado. “Thony, Flip vai querer o leite. Com certeza.”



Olhei para Flip, aquele cachorro era parte de nossa família, não havia como negar. Ele era nosso filho mais velho, o que amava brincar com Thony e Florence. Edward também o amava como filho, desde o dia em que o pegara no meio da rua, em uma noite fria. Eu tentei, mas não me lembrei quando ele deixara de ser o cachorro agitado demais para ser tornar um cão aposentado, que adorava os tapetes da casa.



“Filhotes, podem dormir um pouco, ainda é cedo. Vou fazer alguma coisa para vocês comerem.” Falei e caminhei para a cozinha, os passos de Thony soaram atrás de mim.



“Mãe?” Ele me chamou no mesmo instante em que pegou minha mão, o toque era reconfortante, beirando a devoção. Eu me virei para ele, encontrando um rostinho cansado e preocupado. Preocupado comigo. “Descanse também, por favor. Depois, Flor e eu comemos, você está morrendo de sono.”



Quando eu dizia que aquele menino era uma cópia fiel de Edward, não mentira. Além dos traços, ele também carregava a preocupação, o cuidado. “Sério, mãe! Durma um pouquinho. Ninguém está com fome.”



“Certo, amorzinho.” Falei baixinho, dando meia volta e subindo as escadas. Florence também nos acompanhou, sorrindo para mim. Eram dois sorrisos de lado, típico de Edward, eu sorri por puro reflexo. “Obrigada por serem meus, sim?” Confidenciei baixinho. “Obrigada por estarem comigo, não sou nada sem vocês.”



O cheiro de hospital não me agradava, Florence e Anthony, ao meu lado, também não pareciam gostar. Sorri ao perceber que Anthony observava tudo, cada passo dado por um médico no corredor extenso e frio. Eu não conseguira dormir pela manhã, apenas pensar em que estado eu iria encontrar meu marido. Nós três paramos em frente à porta branca, meu olhar alternava entre a porta e meus filhos, eles tinham concordado em conversar com a psicóloga e eles pareciam apreensivos.



Era certo deixar que Esme e Carlisle visitassem Edward primeiro, ele era o ser mais importante da vida deles, era mais que justo. Quando a porta se abriu, revelando-me uma Esme chorosa e um Carlisle meio pálido, eu soube que eu deveria estar preparada para tudo. Ele me abraçou, apertado e íntimo. “Eu não estou certo sobre deixar que Florence e Anthony vejam-no assim.”



As palavras levaram o tremor para minhas pernas, eu fechei meus olhos, pedindo para que minhas lágrimas não caíssem, mas fora em vão. Senti a umidade pedindo passagem e não lutei. Eu realmente agradeci quando Carlisle secou-as com cuidado e doçura.



“Eu preciso vê-lo.” Falei em tom arrastado, saindo do abraço de pai.



Florence secou os últimos vestígios de lágrimas, Anthony me beijou na testa, mandando-me ondas boas e intensas. “Vou lá ver o pai de vocês, sim? Daqui a pouco chamo vocês.”



Olhei, pela enésima vez, minhas vestes. O capote estava lá, garantindo que eu não levasse nenhum tipo de contaminação para o meu Edward. Hesitante e trêmula, abri a porta, sendo surpreendida por uma nova temperatura. Um frio glacial. Tudo ali era frio.Tudo.



Meus olhos foram analíticos, varrendo cada centímetro do quarto branco e equipado com muitos aparelhos, todos bipavam, controlando os sinais vitais de Edward. O tremor que me assolava era horrível e piorou consideravelmente quando o vi. Edward estava lá, sobre a cama, cheio de cateteres e agulhas. Ele estava lutando pela vida.



Só soube que chorava quando ouvi meu soluço estrangulado. Vinha da alma, do coração que eu tinha entregado a Edward. A cena era horrível, fazia minha mente nublar e meu peito apertar como poucas vezes aconteceu. O que eu via era a materialização da dor, do sofrimento.



Eu queria estar perto dele, então não pensei antes de caminhar para perto do leito. Não me preocupei com o choro, seria impossível cessá-lo. Tudo em mim queria dar a vida àquele homem, eu precisava dos sorrisos, do carinho, de ele cuidando de nossos filhos.



“Oi, amor.” Sussurrei entre lágrimas, vendo o quão debilitado Edward estava. “Eu nunca pensei em te ver desse jeito novamente.”



As mãos que, até aquele instante estavam estáticas, moveram-se para o rosto cheio de machucados e suturas. Apesar da luva me impedindo, senti o calor que eu gostava. “Edward, eu estou com tanto medo. Você não pode nos deixar, simplesmente não pode.”



Eu encarei o corpo dele, os ombros estavam descobertos e eu vi alguns hematomas na região. Lentamente, subi meu olhar, dando atenção aos cateteres que estavam no pescoço branquíssimo. O rosto não parecia ser de Edward, estava inchado e as bochechas estavam salientes demais, quase me assustando. Perguntei-me como não dera atenção à cabeça de Edward antes. Existiam quatro cortes, não muito extensos, todos no alto da cabeça que, para minha tristeza, não tinha os cabelos dourados e macios. A visão de Edward careca me faria sorrir se fosse em outra situação.



“Você vai ficar bem, não vai? Eu prometi aos nossos filhos que você voltaria para nós, por favor, não me decepcione.” Falei-lhe enquanto parava com meus lábios sobre os dele, sem saber se eu poderia beijá-lo. Eu decidi que podia e colei nossas bocas, sentindo o quão seco estavam os lábios dele. “Eu te amo, bombeiro. Não nos deixe, por favor.”



Ainda com meu rosto sobre o dele, peguei a mão que pendia. “Seja forte, sim? Eu sempre vou estar com você. Não desista da vida que construímos, não desista de mim, nem de Anthony e Florence. Seus pais estão tão destroçados, eles não merecem nada disto.”



Tateei meu bolso, encontrando a aliança de Edward. Eu a deslizei no anelar esquerdo dele, sorrindo timidamente. “Bem, você continua sendo meu marido, não quero nenhuma enfermeira pensando que você não tem dona.” Beijei-o delicadamente, fora menos que um roçar de lábios. “Eu te amo, amor. Vou estar aqui com você, sim? Você ficaria melhor se tivesse um pouquinho de Florence e Thony, certo? Vou buscá-los.”



Contra minha vontade, sair de perto dele. O vazio fora instantâneo. Eu abri a porta e encontrei dois rostinhos curiosos, Florence e Anthony também estavam vestidos adequadamente e me fitavam em dúvida. “Venha, filhotes.” Estendi-lhes minha mão, convidando-os.



O primeiro passo fora de Florence, ela quase flutuou até a cama de hospital. Anthony estava ao meu lado, caminhando no mesmo passo que o meu. Edward recebeu todos os olhares, mas nenhuma palavra. Os olhos verdes e os cor de mel estavam assustados e doloridos. Eu me movi para eles, afagando-lhes os cabelos. “Podem conversar com ele, sim? Edward só não pode nos responder, mas tenho certeza que ele nos ouve.”



“Oi, pai!” Anthony falou em um misto de nervosismo e cumprimento. Eu sorri verdadeiramente quando ele depositou um beijo na testa cheia de cortes. “Você me deixou com medo. Flor e a mãe também estão. Não demore a acordar, por favor?”



“Eu posso tocá-lo, mãe?” Florence perguntou ao meu lado, com os olhos fixos em Edward.



Também sorri para ela. “Claro, lindinha!” Falei-lhe e corri meus dedos pela mandíbula de Edward, deliciando-me com o contato. “É só você ser delicada, mas isso não é problema para você.”



Florence também sorriu, embora o subir de lábios fosse comedido. Ela caminhou para perto da cama, onde Anthony ainda inspecionava a careca do pai. “Pai?” Ela chamou em voz arrastada. “Espero que esteja tudo bem com você, sem nenhuma dor.” A mão pequena enfeitada por unhas cor de rosa afagou os ombros de Edward. “Acredita que já sinto falta de sua voz? Quero conversar com você de novo, então, por favor, não durma muito.”



Antes que eu chorasse por ter filhos tão doces e amáveis, decidi levar-nos para fora do quarto. Eu beijei os lábios de Edward, colocando todo o amor que nutria por ele. “Nós te amamos, voltaremos amanhã para te ver.”



“Mãe?” Anthony pediu minha atenção no instante em que fechei a porta atrás de nós. “Posso raspar minha cabeça?”



Florence e eu levamos nossos olhares curiosos para Thony, ele sorriu de lado, meio indeciso e envergonhado. “Quero ficar igual ao meu pai.”



O sorriso que escapuliu de meus lábios foi quente e verdadeiro. Florence também sorriu e rolou os olhos. Eu enrolei meus dedos nos cabelos indisciplinados de Thony. “Sim, amorzinho, você pode ficar careca.”

(...)

“Amor, está tarde. Eu preciso ir voltar para Florence e Anthony.” Falei baixinho, quase soprando as palavras contra o rosto de Edward. “Sabe que dia é amanhã? É o aniversário de nossos filhotinhos.”



Meu sorriso saiu fácil, mas me senti uma péssima mãe por não ter nenhuma surpresa para o aniversário de Florence e Anthony. Eles iriam completar dez e doze anos, respectivamente. Os dois detestavam comemorar a data importante no mesmo dia, mas eu realmente não fora a culpada por Florence querer nascer no mesmo dia em que Anthony nasceu.



“Eu daria tudo para você estar conosco amanhã.” Minha voz se arrastou, quebrando o silêncio do quarto. “Nossas crianças estão crescendo, amor! Não é justo você perder os passos delas.”



Antes de me levantar da beirada da cama, beijei-o com delicadeza, correndo meus lábios pelo queixo dele. As suturas já não existiam, nem mesmo os hematomas. Edward completara um mês no hospital e dez dias sem qualquer sedação. A cirurgia cicatrizara e os cabelos estavam engraçados, assemelhando-se com a pelagem de Flip. Ele já não estava tão estranho e inchado. Era apenas o meu Edward, com os traços mais bonitos do mundo, que dormia. Apenas dormia.



“Te amo, boa noite.” Desejei-lhe com animação. “Amanhã é um novo dia, sim?”



Eu repetia aquilo todos os dias, durante nossas despedidas. Para o meu bem, eu preferia acreditar que, ao entrar pela porta, encontraria Edward sorrindo para mim, com os olhos mais verdes do mundo. E os olhos brilhariam, como sempre aconteceu nos últimos treze anos.



Averigüei se ele estava protegido, cobri-o com a manta do hospital, colocando as mãos dele sobre a barriga. “Eu realmente tenho que ir, Edward. Vejo você amanhã.” Beijar aquele homem sempre era bom, mesmo quando a vontade só partia de mim. “Te amo.”



Quando encontrei Florence e Anthony estudando na mesa de jantar, sorri e me senti menos cansada e menos triste. Os dois estavam concentrados, eles teriam testes durante a próxima semana e tudo que eles faziam era estudar. Eu me aproximei deles, ainda segurando meu melhor sorriso. “Oi?”



Por um breve instante, pensei que tinha assustado-os. Florence soltou um gritinho. “Mãe, como consegue ser tão silenciosa?!”



Anthony sorriu para mim e fechou o livro, que parecia ser de geografia. “Estava com meu pai? Alguma coisa nova sobre ele?”



Puxei uma cadeira para mim, a mesa estava cheia de cadernos, livros, a ponto de não ter espaço para eu colocar minha bolsa. “Eu fechei a loja e fui visitar Edward. Bem, ele está do mesmo jeito de quando vocês o viram durante a tarde. Perdão pela demora, eu me empolgo monologando com Edward.”



“Nós sabemos, mãe.” Florence colocou com calma, levando os olhos para a tela do computador, que estava na frente dela. “Já disse que odeio matemática hoje? Pois é, eu odeio!”



Não segurei minha risada, Anthony gargalhou de maneira melodiosa. Eu não conseguia culpar minha filha, os números não foram feitos para mim também. “Lindinha, é só fazer muito exercício. Tenho certeza que você se sairá bem. E você, Thony, começa com qual teste?”



“Geografia.” O tom cheio de desdém não passou despercebido por mim. “Mãe, para mim pouco importa o clima e vegetação do sul da Ásia. É ridículo eu ter que aprender isto!”



“Bem, filhotinhos, vocês estão estressados.” Falei e aproveitei para fechar os livros e empilhá-los. “Chega de estudos por hoje, é sexta e amanhã é o aniversário de vocês, não quero meus filhos mal humorados.”



Meu discurso resultou em dois rostinhos mais animados. Florence prendeu os cabelos longos e saiu da cadeira, vindo para o meu lado. “Obrigada, melhor mãe do mundo!”



Eu ostentava um sorriso genuíno, eu não tinha dúvidas. Um elogio daqueles fazia qualquer mãe do mundo sorrir de felicidade. Beijei-a na bochecha e corri meus dedos pelas têmporas de Florence. “Obrigada, filhota mais doce e fofa.”



De soslaio, vi Thony rolando os olhos. Eu o puxei para mim. “Amorzinho, não fique enciumado, você é o filho mais lindo que eu poderia querer!”



“Sim, eu sei! Você diz isto todos os dias!” Thony não poupou o divertimento, ele beijou minha testa, ainda sorrindo. “Te amo também, mãe.”



“O que pensam sobre comer muita besteira? Eu posso fazer pipoca, fritar batatas... O que vocês querem?” Eu propus em minha melhor voz quente e animada. “Juro que vocês terão um pouquinho de refrigerante.”



Os dois sorriram em sintonia, fora como música para mim. “Eu quero sorvete e chocolate!” Florence avisou-me com entusiasmo. “Nada de refrigerante.”



Anthony sorriu para as palavras da irmã. “Eu fico com as batatas, coloque queijo, por favor?”



“Certo, vamos tomar banho e arrumar esta mesa.” Pedi antes de caminhar para a cozinha. De longe, vi os dois recolhendo os materiais da escola e subindo os degraus da escada.



“Florence? Anthony?” Eu os chamei. Do alto da escada, eles me olharam e esperaram minha continuação. “O que vocês vão querer de aniversário? Eu posso comprar amanhã de manhã.”



Era raro, mas meus filhos também sabiam se comunicar por olhares, coisa que eu sempre fazia com Edward. Pareceu uma eternidade, eles ponderaram e me deram dois sorrisinhos fracos. “Só nosso pai poderia nos dar o melhor presente, a gente só o quer de volta.” Anthony, o irmão mais velho e porta voz de tudo, falou em voz baixa, olhando-me. “Não gaste dinheiro conosco, mãe.” Florence continuou, também em voz baixa. “Eu só quero que ele acorde.”



Tudo que fiz foi concordar com eles. O meu coração, que vivia apertado, tornou-se pequeno para tanto sofrimento. Lentamente, eu me virei para a geladeira, tirando as besteiras para colocá-las em cima do balcão. Perguntei-me onde estavam os olhares descarados, as mãos que passeavam por minha cintura, os beijos em meu pescoço. Eu só me lembrava de Edward, sentado na cadeira, dizendo que adorava ficar me vendo cozinhar.



Eu ainda não tinha me acostumado a sempre ver um lugar vazio na mesa da cozinha. Florence, Anthony e eu deliciávamos com a comida calórica enquanto conversávamos sobre nossos dias. Eles estavam de pijamas e, infelizmente, limpavam os dedos sujos no tecido. Florence estava com os cabelos no alto e ela tentava manter a franja no lugar. Anthony, assim como Edward, já não estava tão careca.



“Mãe?” Eu tirei minha atenção do copo imenso de suco de laranja e dei-a a Florence.



Ainda mastigando as batatas, arqueei minhas sobrancelhas para ela. “Uh?”



“O que meu pai fez para merecer isto?” Ela colocou em pausas, buscando uma continuação. “O que ele fez de errado para estar daquele jeito?”



Nem se quisesse muito, eu teria uma boa e convincente resposta. Eu não sabia muito bem o que pensar, não via a situação de Edward como um castigo, apenas uma fatalidade e ele estava muito condicionado a sofrê-las. Florence ainda me olhava, esperando minhas palavras. Anthony largou as batatas no canto do prato e simplesmente fuzilou, com os olhos, a irmã.



“Florence, meu pai nunca faria nada de errado. Não pense que ele é ruim, por que ele não é, entendido?” Anthony também disse em pausas, mas com irritação e raiva, levando lágrimas tímidas para os cantos dos olhos de Florence. “Você deveria pedir para ele acordar, não ficar se perguntando o porquê de ele estar em um hospital!”



“Anthony, pare!” Eu pedi com a voz que quase nunca usava, era a minha voz desapontada. “Pare de falar desse jeito com sua irmã agora.”



“Mãe, eu posso subir?” O pedido de Florence fora baixíssimo, ela saiu da mesa antes de mesmo de eu falar qualquer coisa.



O silêncio que se instaurou entre mim e Thony poderia ser cortado com uma faca. Meus olhos correram para ele, Anthony apenas encarava o prato de batatas, com o rosto completamente vermelho de vergonha.



Ele sabia que teria que ouvir minhas palavras. Lentamente, Anthony ergueu os olhos, dando-me um olhar cheio de desculpas, mas ainda irritado. “Ela foi quem provocou.”



Meu filho precisava urgentemente mudar os argumentos. Eu lhe dei um olhar sério, pedindo que ele prestasse atenção em mim. “Anthony, nós sabemos que Edward não fez nada de errado, até Florence sabe. Edward nem eu falamos desse jeito com vocês, não será você quem vai trazer os gritos para dentro dessa casa.”



“Mãe, eu não gritei com a Florence.” Ele colocou sem me olhar diretamente. “Por que ela fica pensando isto de meu pai? É claro que ele nunca fez nada de errado.”



Por um breve instante, cerrei meus olhos e me lembrei das inúmeras falhas de Edward, as mais bobas e as mais sérias. “Filhote, tudo mundo erra, sim? Daqui a pouco você também vai começar a quebrar a cara e vai entender o que estou lhe dizendo.”



“Eu sei que meu pai não está sendo castigado, essas coisas poderiam acontecer com qualquer um, não é?” Anthony disse com displicência. “Eu posso ter suas desculpas, mãe?”



Foi impossível não sorrir para ele, também não resisti e afundei minhas mãos nos cabelos curtos. “Peça à Florence, sim? Você sabe que ela não gosta quando ninguém fale desse jeito com ela.”



Anthony sorriu e veio para o meu colo, coisa que já não acontecia com tanta freqüência. Ele se sentou de lado e correu as mãos por minhas bochechas. “Eu não quero te deixar mais triste.”



“Não estou triste, amorzinho.” Não soube dizer se era uma meia verdade, ou uma meia mentira. “Estou bem.”



Ele soltou um sorrisinho, daqueles fofos demais. As mãos continuaram em minhas bochechas e ele sorriu quando corei. “Eu sei que você está triste, sei que Flor também está. Eu me sinto mal quando vejo o pai lá no hospital, tão quieto. É estranho vê-lo tão pacífico.”



“Obrigado por dividir isto comigo, filho.” Falei antes que meu choro se tornasse óbvio demais, também o acarinhei nas bochechas, foi fácil ver o meu bebê bochechudo e loiro. “Isso ainda vai terminar bem, sim? Edward vai sair daquele coma idiota e nós vamos ficar bem.”



“Eu conto com isso, mãe. Vamos dar tempo ao meu pai.” Anthony falou no instante em que beijou minha testa. “Quer ajuda com as louças, ou posso ir dormir?”



“Pode ir dormir, amorzinho.” Falhei-lhe, sorrindo. “Não se esqueça das desculpas à Florence, sim?”



“Faço isso amanhã, mãe.” Ele usou um tom engraçado, eu sorri ao ver o sorriso sincero nos lábios dele. “Será meu presente de aniversário para Florence.”



Caminhar para o meu quarto era torturante, era horrível saber que Edward não estaria na cama, me esperando com o sorriso mais perfeito do mundo, o sorriso que me deixava absurdamente retardada. Eu passei tempo demais encarando a porta, sem saber se eu queria entrar no cômodo. Por puro hábito e por ser coisa de mãe protetora demais, caminhei pelo corredor, até abrir a porta do quarto de Florence.



“Mãe?” Florence me chamou em tom baixo e arrastado. Estranhei o fato de ela ainda não ter dormido.



“Vim te ver, lindinha.” Sussurrei na escuridão do quarto. Florence gostava de organização, então não teria nada ali que me faria tropeçar. “Não esperava te encontrar acordada.”



“Só estou pensando.” Ela me devolveu, a voz era calma, quase cantada. “Deite-se aqui, comigo.”



O pedido era irresistível. Mesmo na penumbra, eu vi o sorriso quente dela; Florence me deu espaço na cama e arrumou os cabelos. “Também está sem sono?”



“Só é difícil dormir sem seu pai.” Minha voz arrastou-se, preenchendo o quarto mais branco do que rosa. “Também estava fazendo um bolo para Anthony e você, amanhã continua sendo um dia importante para nossa família.”



“Deveria ser uma surpresa, mãe! Bem, eu agradeço pelo bolo.” Florence praticamente cantou para mim. “Será que podemos andar de patins amanhã? Pode ser aqui perto mesmo, Flip precisa andar um pouco também.”



“Claro que podemos! Anthony ainda é viciado em bicicleta. Vou ficar só olhando, sim? Você sabe, só sei me equilibrar em cima de um salto, nada mais.” Brinquei com ela, vendo-a bocejar com preguiça. “Vou te deixar dormir, Florence. Te amo, bons sonhos.”



Joguei meus pés para fora da cama, mas Florence me impediu, segurando meu pulso. “Mãe, posso perguntar uma coisa?”



“Sempre.” Dei-lhe o aval com rapidez. Eu me inclinei para ela, tocando meus lábios na bochecha quente e, mesmo no escuro, pude ver o tom rubro. “O que quer saber, filha?”



“Uh, você não vai querer outro marido, não é? Nem mesmo outro pai para Thony e para mim, certo? O pai pode demorar a acordar, mas nós sempre iremos cuidar dele, estou certa?” O questionamento fora longo e a voz de Florence era sincera e pausada. “Eu não quero ninguém além de meu pai.”



Minhas reações beiraram os sorrisos fáceis, eu sabia que Florence não estava duvidando de meu amor louco por Edward, era apenas o medo. “Lindinha, você sempre está certa!” Assegurei-lhe, correndo meus dedos pelos cabelos castanho claro e longos. “Eu também não quero mais ninguém! Edward é o homem que mais amo no mundo, só ele sabe nos fazer feliz, nem sou louca de trocá-lo. Eu o amo, de um jeito que você não pode entender.”



A risada que ganhei fez meu coração aquecer-se. “Mãe, você é tão apaixonada por meu pai, é engraçado.”



“Bem, vamos ver se você vai dizer isto quando seu coração começar a bater forte demais por um menino bonitinho, isto se já não estiver batendo, não é, Florence?” Eu a provoquei, perguntei-me quais as seriam as reações de Edward ao ouvir aquela conversa. “Eu sei que minha filha linda está cheia de pretendentes.”



“Mãe, você está me deixando envergonhada!” Florence soltou com ultraje e risadas. “Não tem ninguém, tá? Meninos são tão idiotas! Não sei com as meninas da sala do Thony conseguem conversar com ele.”



“Filhota, só estou brincando com você.” Falei em minha melhor voz melodiosa e, ao mesmo tempo, levei meus dedos para os cabelos longos dela. “Essas coisas acontecem sem a gente perceber. Vai ser bom, você vai ver.” Confidenciei mais baixo, sendo levada para a adolescência e para os meus amores platônicos. “Não deixe de conversar comigo também, sim? Não precisa ter vergonha.”



“Mãe, eu te amo muito.” A declaração vinda do rosto mais de boneca que conhecia fez-me sorrir de canto a canto. Não poupei meus beijos, eles viajaram por cada centímetro do rosto branco e delicado. E gestos como aquele me faziam ver que a vida tinha sido muito boa comigo.



Nós duas sorrimos em harmonia, eu abracei a cintura fina dela, puxando-a para mim. “Eu te amo mais, não tente discordar.”



A primeira coisa que fiz ao acordar foi olhar pela janela do quarto. O céu estava um tom acima de azul e o sol, apensar de ainda ser antes das oito, brilhava e batia contra o lado de Edward na cama. Parecia um dia bonito para se comemorar o aniversário de nossos filhos.



Ainda de pijamas, desci os degraus da escada. Flip ergueu as orelhas e deu passos lentos até mim. “Bom dia, campeão! Está mais animado hoje? Vamos dar uma volta, sim?”



O cachorro não me respondeu, obviamente. Flip mantinha os olhos em um ponto atrás de mim, como se esperasse o momento em que Edward também desceria a escada. Eu o olhei e soltei algo perto de um gemido. “Está sentindo falta de seu dono, não está? Eu juro que ele voltará para nós.”



Meu monólogo encerrou-se no instante em que ouvi os passos de Florence e Anthony. Ambos estavam com rostinhos de sono, mas pareciam contentes por estarem envelhecendo. “Bom dia, mãe!” Thony abraçou e beijou-me, com um sorriso genuíno. “O dia parece estar quente demais.”



Beijei-o também, derramando amor na bochecha dele. “Feliz aniversário, amorzinho!” Desejei-lhe com animação. “Continue sendo o filho mais incrível que conheço.”



Anthony sorriu, dando-me uma representação perfeita do sorriso de Edward. “Obrigado, mãe. Tentarei ser o melhor filho para você.”



Florence, que apenas bocejava, sorriu com os olhos. Ela sempre acordava meio irritada e não era um bom negócio querer arrancar muitas palavras dela. “Venha cá, lindinha!” Chamei-a e a enchi de beijos na testa. Ela apenas sorriu, aquela menina se amolecia aos poucos. “Feliz aniversário, sim? Seja muito, mas muito feliz mesmo e, claro, não deixe de ser minha boneca.”



Ela me abraçou e beijou minha bochecha. “Obrigada.” A pequena palavra era tudo o que eu queria ouvir.



“Nós vamos ao parque pela manhã e depois ir visitar Esme e Carlisle, à noite vamos visitar Edward, temos que contar-lhe como foi o aniversário de vocês.” Eu coloquei o roteiro de nosso dia, soando como uma guia turística. “Isso parece bom para vocês, filhotes?”



Os dois concordaram e sentaram-se à mesa. Eu tirei o bolo da geladeira, sorrindo para minha obra de arte. Era meio a meio. Meio Florence, meio Anthony. Meio azul e verde, meio rosa e lilás. “Bem, eu sou louca e apaixonada por vocês. Nunca dividem de meu sentimento e de Edward por vocês, é insano e incondicional.”



O senso de moda de Florence era muito melhor que o meu. Ela sabia se vestir quase como Alice. Nós duas nos olhávamos no espelho do closet, eu não fazia a mínima ideia do que vestir para o dia de calor. “Eu realmente não queria ser tão indecisa.”



“Mãe, você é tão bonita! Nada fica ruim em você, mas eu gosto da saia azul, vai ficar bom com uma camisa branca, eu acho.” Ela falou enquanto pegava minhas camisas. “Olhe, vista esta.” Florence em estendeu uma camisa simples, apenas com rendinhas no busto.



E ela realmente estava certa. Eu vesti a combinação de roupas e dei voltinhas na frente do espelho. “Filha, você é boa!”



Florence soltou uma gargalhada contagiosa, ela me mediu, indo da cabeça aos pés. “Quantos anos você tem, mãe? Vinte e seis?”



Também gargalhei, perguntando-me o porquê de eu ter uma filha tão doce e eufemista. “Florence, você é tão gentil! Estou quase fazendo trinta e cinco, já estou velha.”



“Mãe, olhe para você.” Ela pediu com voz autoritária e alegre. Encarei o espelho, vendo-me dentro da saia azul e da blusa branca e tendo uma visão de Florence apenas de calcinha e sutiã, segurando o short jeans. “Sua barriga e reta e dura, como consegue? Seu cabelo está todo bonito, se meu pai estivesse aqui, ele estaria correndo os dedos neles. Mãe, você é linda!”



Minha mão correu para a bochecha dela, não hesitei em bater nossos narizes. “Obrigada, lindinha.”



Um segundo após estarmos vestidas, Anthony entrou em meu quarto, vestindo a bermuda jeans, a camisa que supus ser dos Yankees. Os cabelos estavam escondidos, o boné vermelho, com a aba para trás me fez sorrir. “Estão prontas, ou vão demorar mais três horas?”



Não contive minha risada. “Amorzinho, você não deveria herdar as partes chatas de seu pai!”



Anthony apenas sorriu para mim, levando-nos para fora do quarto. Ele colocou a coleira em Flip, o cachorro, não sei como, deu passadas largas e latiu, nós três sorriamos ao ouvir o som que parecia ter desaparecido daquela casa. “Você só quer sair um pouquinho, não é, Flip?” Florence entoou a voz, afagando os pêlos amarelos.



“Flor?” Anthony chamou o nome da irmã. Ele, estranhamente, não parava mexer nos cabelos e no boné vermelho. Antes de entrar no banco de trás, ela o olhou, pedindo as próximas palavras. Os olhos cor de mel estavam cheios de curiosidade.



Thony puxou uma respiração longa. “Desculpe-me por ontem, eu não queria dizer o que disse a você.”



Fora imperceptível, mas os lábios de Florence subiram, ela piscou timidamente, olhando para o irmão. “Certo, Thony. Sem problemas.”



Perguntei-me como o sol não parava o ritmo louco de Anthony e Florence. Os dois não se importavam com o calor e dividiam os patins e a bicicleta. O tênis branco de Florence já não estava tão limpo e Anthony amarrara a camisa na cabeça, tentando se proteger um pouco mais do sol. Eu apenas dividia a grama com Flip, ele me olhava e piscava, quase dizendo que estava muito cansado e que queria voltar para casa.



“Eu não quero te perder tão cedo, sim?” Falei-lhe, acariciando o dorso meio esclerosado. “Sei que não sou a dona mais carinhosa, mas eu também gosto de você. Edward ficará chateado se você não estiver conosco, então, por favor, nada de morrer por agora.”



“Mãe, vou lá buscar sorvete para nós, vai querer de quê?” Anthony pediu sem fôlego, jogando a bicicleta ao meu lado. “E você, Flor, vai querer de morango mesmo?”



“Anthony, você está tão suado!” Exclamei ao ver o filete de suor escorrendo pelas têmporas dele. Usei a camisa para secar-lhe o rosto. “Pode trazer maracujá, deu vontade de comer algo azedo.”



“Thony, você se esqueceu do dinheiro.” Falei mais alto, vendo-o se aproximar do senhor que vendia o doce gelado. Anthony apenas se virou para nós e sorriu.



“Eu ainda tenho um pouco, deixe-me comprar com o meu dinheiro.” De longe, eu o vi corando, Anthony detestava quando a voz dele cortava e desafinava. “É de maracujá, não é?”



Consegui só sorrir para ele. Meu subir de lábios aumentou quando ele, sorrindo e suado, me entregou o sorvete. Anthony realmente estava disposto a se desculpar com Florence, então ele não hesitou em comprar dois sorvetes de morango para ela.



“Filhotes, vocês estão fazendo tanta bagunça!” Informei-lhes, vendo o sorvete escorrer pelas mãos de Florence, a camisa de tom azul açucarado estava uma lástima, toda manchada de sorvete e calda.



Ela apenas rolou os olhos e pegou um pouco do sorvete. “Mãe, o Thony me comprou dois sorvetes enormes, como não fazer bagunça?”



Meu sorriso foi fácil para ela. Anthony fazia bagunça com o sorvete de baunilha, porém era mil vezes menos atrapalhado. “Seria bom ter um banho antes de irmos para casa do vô.”



“Sim, certamente.” Coloquei com meus sorrisos. Antes de irmos, não pensei antes de tirar mil fotos. Cheias de sorrisos e sorvetes. Sem Edward. Eu pedi para que aquele fosse o único aniversário que ele não estaria conosco, eu não agüentaria passar aquela data sem ele novamente.



A rua de nossa casa, que sempre era pacata e cheia de velhinhos simpáticos, estava menos deserta. Um caminhão de mudança descarregava móveis e caixas grandes. A mulher de cabelos longos e pretos parecia confusa e sem saber por onde começar, já o menino, que parecia ser da idade de Thony, apenas seguia os passos indecisos da mulher, com certeza a mãe dele.



“Teremos novos vizinhos.” Conclui e estacionei o carro na garagem. “Vamos lá ver dar as boas vindas.”



“Mãe, nós nem sabemos quem são.” Florence foi a primeira a colocar com ar de superioridade. “Vão pensar que somos uma família curiosa.”



Eu ajeitei o boné sobre os cabelos castanhos, Anthony tinha colocado nela e Florence não fez nada a respeito. Ela também ficava bonita daquele jeito. “Eu vou lá, sim? E vocês venham comigo!”



“Oi?” Minha voz saiu estrangulada demais, assustando a mulher de cabelos escuros. “Desculpe-me?”



A mulher era bonita e elegante, o semblante era perto da surpresa. “Oi!”



Florence rolou os olhos e Anthony sorriu. Tentei não parecer tão invasiva. “Bem, me chamo Bella, moro na casa ao lado, espero que goste daqui. É um bairro bom.”



Ela me deu um sorriso, eu quase pude ver a surpresa se dissipando. “Prazer, Bella.” Ela disse com sotaque, deixando-me curiosa sobre de onde ela vinha. “Sou Louise, meu filho e eu estamos nos mudando.” Ela se moveu, aparentemente procurando o filho. “Nicholas, querido, onde você está?”



O menino se materializou entre as caixas. Era um garoto bonito, não mais que o meu Anthony. Também de cabelos escuros e olhos, que na falta de outra palavra, eram de outro mundo. Todo azul estava neles. Ele sorriu com evidente vergonha. Os olhos correram entre mim, Thony e Florence. O sorriso dele cresceu. “Oi?!”



Eu ouvi o sorrisinho de Florence. Ela, chocando-me e me deixando orgulhosa, tirou o boné da cabeça, os cabelos praticamente voaram e ela levou os olhos para o menino. “Oi, Nicholas!”



Perguntei-me quais eram as pretensões de minha filha, pois a voz estava carregada de charme. Com certeza, ela não se importara com a camisa suja de sorvete, nem com os tênis sujos. Deus, ela só tinha dez anos!



“Estes são meus filhos, Anthony e Florence.” Falei depois de um silêncio curto. “Bem, nós precisamos ir, temos que ir à casa de meus sogros e ao hospital. Espero que goste de viver aqui.”



“Obrigada, Bella.” Louise disse enquanto estendia a mão para mim. “Você é muito gentil e suas crianças são uma graça, Nicholas e eu agradecemos pelo acolhimento.”



“Não foi nada.” Falei simplesmente. “As coisas estão meio loucas, quando tudo se acertar, podemos tomar um café juntas.”



Ela sorriu, fazendo o filho acompanha-lhe. Eles sorriam do mesmo modo. “Seria ótimo. As coisas também estão loucas por aqui.”



Florence conseguiu andar sem cair, o rosto era mais que vermelho e eu quis saber o que estava passando na cabeça dela. “Eles falam diferente, não parecem ser daqui.” Ela falou quando trancamos a porta. “O Nicholas é engraçado!”



A risada de Thony quase acabou com meus tímpanos. “Flor, você está apaixonada! Meu pai precisa saber disto!”



Era engraçado, eu sempre acabava escolhendo minhas roupas para ir visitar Edward. Encarei o vestido soltinho e que deixava minha bunda um pouco maior. Edward gostaria daquilo, dormindo ou não. Eu sorri e fui procurar Florence e Anthony, eles terminavam de comer o bolo de aniversário. Os dedos estavam cheios de chocolate.



“Eu deveria ter dado um pouco de bolo à Esme e Carlisle, vocês não vão dormir depois de comer tanto açúcar.” Falei para eles notarem minha presença. Eu ganhei um par de sorrisos abertos.



“Vamos lá ver o pai, mãe!” Anthony lavou as mãos e ajeitou o boné. “Eu tenho assuntos pendentes com ele.” Ele disse olhando para Florence, sorrindo com presunção. “Não é, Florence? Preciso contar sobre o nosso novo vizinho.”



“Thony, você não pode fazer isto comigo!” Florence protestou, levando os olhos para mim. “Mãe, olhe como ele está sendo idiota.”



“Crianças, estou louca para ver o pai de vocês, acho que vocês também estão.” Coloquei com calma, apaziguando a briguinha dos dois. “Podem ir para o carro, só preciso pegar uma coisinha.”



Eu peguei a foto recém impressa, Florence, Anthony e eu estávamos com nossos sorvetes. Ela ficaria boa decorando o quarto de Edward. O caminho está o hospital era nossa rotina de todas as noites. Nada importava, qualquer compromisso era pequeno perto de nossas visitas a Edward. Era o único momento do dia em que estávamos juntos, como boa e bonita família que éramos.



“Ei, amor!” Minha voz arrastou-se sobre os lábios de Edward, minhas mãos dançaram pelas bochechas meio coradas, que lhe davam um ar de saúde. “Como você está? Bem, nós estamos morrendo de saudades de você.”



Edward parecia bem, embora a perda de peso me assustasse. Mesmo inconsciente, ele parecia sempre sorrir. “Eu tenho tantas novidades.” Falei baixinho, acarinhando-o na testa, enrolando os cabelos dourados. “Edward, é serio, você não agüentaria o calor que está fazendo lá fora. Seus pais tiveram aqui mais cedo, eles já disseram sobre o aniversário de nossos filhos, não é?”



“Pai, eu preciso conversar com você.” Anthony também sussurrou, sorrindo e correndo os dedos sobre a cicatriz que marcava o ombro de Edward. “A Florence está gostando de nosso vizinho, sabia? Eles se mudaram hoje, o moleque é meio estranho, nem conversa direito.”



“Pai, isto é mentira, tá?” Florence atropelou Anthony, meio angustiada e envergonhada. “Thony só está implicando comigo! O Nicholas só é calado, mas quem não fica tímido algumas vezes?”



Tudo o que eu fazia era sorrir para aquela conversa. Eu me inclinei, batendo meu nariz no de Edward. “Está vendo, amor? Por isso que você tem que acordar! Você está perdendo tanta coisa, eu realmente quero saber qual vai ser sua reação ao descobrir que sua filha é a menina mais charmosa do mundo.”



“Mãe?!” O chamado foi quase um choramingo, eu quis apertar as bochechas coradas de Florence. “Até você, mãe?”



Sorri para ela, mas mantive meus olhos no rosto calmo de Edward. “Lindinha, você está se incriminando!”



Anthony sorriu comigo, mas não demorou em Florence fazer o mesmo. “O pai está mais bonito hoje, acho que o cabelo que está crescendo.”



“Ele sempre está lindo, Florence.” Falei entre sorrisos, beijando a bochecha não tão quente de Edward. “Uh, confesso, esse homem é bem mais atraente com os cabelos desalinhados.”



“Já ia me esquecendo; pai, o Yankees está na final, seria bom se você assistisse comigo.” A declaração de Thony era pausada e quente. “Vai ser no inverno, posso pedir para você acordar antes da neve? Você ficará mais quente lá em casa.”



Timidamente, eu funguei. Afinal, ainda estávamos no verão, o inverno demoraria meses para chegar. Eu não queria esperar o inverno, nem a neve. Eu queria os olhos mais verdes do mundo sorrindo para mim, eu os queria abertos, o mais rápido possível. Eu queria que Edward visse o sol, o céu azul. Todas as coisas do verão.

(...)

Para o meu bem, eu não olhava muito para o espaço vazio ao meu lado. Também tentava não pensar na falta que Edward me fazia, em todos os sentidos. Eu estava louca para ter um beijo de verdade, um beijo que só Edward me daria. Afundei meu nariz no moletom velho, o cobertor que Edward mais gostava me protegia do frio de outro mundo. As tempestades de neve eram freqüentes e diziam que o tempo havia passado e, deixando melancólica, faziam-me lembrar que Edward estava a seis meses no hospital. Sem dar qualquer sinal de que voltaria para nós, nem mesmo um reflexo involuntário.



Sem vontade de dormir, caminhei para fora do quarto. O barulho vindo da televisão ganhou minha atenção e eu sorri ao ver Thony deitado no sofá, existiam muitas cobertas sobre ele. O rostinho parecia triste, uma repetição dos últimos dias. “Oi, amorzinho.” Minha voz saiu baixa, mas consegui assustá-lo.



Thony jogou as cobertas para o lado, dando espaço para mim no sofá. “Sei que deveria estar dormindo.”



Delicadamente, eu penteei os cabelos macios e bagunçados. “O que te faz pensar que só vim aqui para te colocar na cama? Eu não posso querer ficar um pouco com meu filho mais lindo e temperamental?”



Ele sorriu, quase querendo escondê-lo de mim. “Os Yankees perderam, o time dessa temporada é um lixo.” Thony falou na voz mais irritada que tinha. “Eu realmente queria terminar essa droga de dia com alguma coisa boa, mas não deu, vou dormir.”



“Anthony, o que há com você?” Eu perguntei, minhas mãos seguraram o rosto dele e tudo ali era cansado e frustrado. “O que aconteceu, amorzinho?”



“O dia só não foi bom, acho que a escola vai te ligar.” Ele falou sem me olhar, dando atenção à manga do moletom vermelho. “Eu quase zerei a prova de matemática.”



“Oh, é por isso que está chateado?” Minha voz quebrou o silêncio breve, meus olhos foram para os dele. “Essas coisas acontecem. Só peço para você estudar mais, sim? Já que quer ser médico tem que aprender a estudar desde cedo.” Coloquei com um sorriso, acarinhando-o nas bochechas. “Sei que Edward é um excelente professor de matemática, mas vou tentar estudar com você, tá?”



“Isso pode dar certo, mãe. Obrigado, eu te amo.” A declaração simplesmente saiu dos lábios de Thony, levando o calor e as lágrimas para meu rosto, ele sorriu e beijou minha bochecha. “Mãe, você é sentimental demais, está pior que a Flor!”



“Cheguei na hora certa?” A voz divertida e doce de Florence preencheu a sala. Tirei meus olhos de Anthony e os levei para ela, que estava também de moletom e cabelos embolados em um rabo mal feito.



Meu sorriso foi de graça para ela. “Oi, filhota! Também está sem sono?”



Florence ocupou o espaço minúsculo entre mim e Thony. “Ouvi a vozes de vocês, vim saber o que estava perdendo.”



“Bem, a mãe chora por tudo, você precisava ver, Flor.” Anthony me delatou com divertimento, puxando a coberta sobre nós.



“Lindinha, não escute o que seu irmão diz, só estou meio carente, eu acho.” Eu sorri para minha voz que falhou miseravelmente. “Bem, vocês já sabem, sou uma mãe louca.”



Os dois sorriram e bocejaram, Florence deitou a cabeça em meu ombro, procurando meus olhos. “Mãe, será que o pai está quentinho lá no hospital? Não quero que ele passe frio e vai saber se aquelas enfermeiras o cobriram direito.”



Apenas pisquei para as palavras. “Nós levamos cobertas para Edward, ele está protegido, não precisa se preocupar, sim? Vocês devem dormir, amanhã tem escola.”



Eles rolaram os olhos e saíram do sofá. Caminhei atrás dele, sentindo falta do tempo em que conseguia pegar os dois no colo. Eu tivera bebês lindos e carismáticos e, hoje, eu continuava tendo os melhores filhos do mundo. “Filhotinhos?” Chamei-os com energia, sentindo-me uma mãe boba demais. “Por que vocês não dormem comigo, tem muito espaço naquela cama.”



Ganhei dois sorrisos brilhantes. Os semblantes eram divertidos e eles praticamente correram para meu quarto. Restringi-me a sorrir verdadeiramente. Eu os vi tomando as laterais da cama, tinha um bom espaço para mim no meio. Antes, eu peguei mais cobertores, pois, assim como Edward, minhas crianças adoravam me deixar congelando.

(...)

Meu toquei infiltrou-se abaixo dos cobertores pesados. Eu sorria para o rosto sereno de Edward, perguntei-me o que eu queria com aquilo. Meu dedo traçou um padrão calmo na clavícula dele, a pele era macia e delicada. “Edward, amor?” Chamei-o baixinho, beijando os lábios finos. “Fugi do trabalho para te ver, a saudade resolveu ficar insuportável hoje.”



Sem querer, meus cabelos caíram sobre o rosto dele. “Uh, eles ainda carregam o cheiro de morango que você gosta.” Falei e, ao mesmo tempo, usei as pontas de meus cabelos para acarinhá-lo na bochecha. “Sim, eu sei, estou sendo retardada.”



Ajeitei-me na cama, vendo o corpo inerte de Edward. Por puro magnetismo, corri os dedos pelos cabelos dourados, indo até a nuca e arranhando-o. “Isso costumava te deixar louco, lembra?” Meu tom tentou ser quente e manhoso, mas só consegui rir para minhas tentativas frustradas de acordar Edward.



“Amor, isso é constrangedor, mas, por favor, acorde.” Pedi entre risinhos e carinhos perto dos olhos fechados. “Sua mulher ainda tem vontades e ela não está nenhum pouco animada a fazer alguma coisa sem você. Ela quer seus beijos e seus toques.”



Com cuidado, bati meus cílios na bochecha dele. “Eu te quero, Edward.”



O silêncio sempre imperava depois de minhas falas longas e arrastadas. Eu me inclinei para ele, beijando por tempo demais. “Eu nunca vou perder as esperanças, amor. Nem mesmo deixar que você as perca.”



“Está tão difícil sem você, aquela casa não é mesma. Flip está tão desanimado, ele sempre está procurando por você, o que o consola são os moletons com seu cheiro.” Meu tom saiu menos quente que o habitual.



“Florence está se tornando uma menina linda, você já sabe, ela te trará problemas e garotos incansáveis.” Sorri para minhas próprias palavras. Florence ainda era uma criança, mas sabia que ela era curiosa e que os olhos cor de mel quase saltavam quando o tímido e educado Nicholas a cumprimentava. “Anthony será uma copia sua em todos os sentidos, ele está tão confuso. Bem, eu costumo lavar as roupas de nosso filho e tenho que lhe dizer, ele está tendo uma quantidade assustadora de sonhos molhados. Você deveria dar conselhos a ele, Anthony ficará envergonhado se eu tentar dizer alguma coisa sobre.”



“Eu preciso de você, Edward.” Falei por fim, eu repetia aquilo em todas as oportunidades, era sempre bom ratificar minhas vontades. “Seus filhos precisam também.” Minhas palavras saíram juntas de meu beijo rápido. “Volte para nós, eu te amo.” Sussurrei perto da orelha dele, sorrindo sozinha. “Além de estar morrendo de saudade de seu olhar e de seus sorrisos, eu quero muito ouvir você dizendo que me ama também. Você me deixou mal acostumada, Edward.”



“Com licença.” Alguma voz soou perto da porta. “Não te esperava encontrar aqui, Isabella.”



Coma as bochechas queimando de vergonha, olhei para trás e encontrei o semblante calmo do Dr. Cameron. “Como está, doutor?”



Ele apenas sorriu e acenou para mim. Observando o prontuário de Edward, ele se aproximou. “Como o Belo Adormecido está?” Dr. Cameron deu uma olhada rápida em Edward, permiti-me sorrir para o apelido engraçadinho.



Levei minhas mãos para os ombros largos e com cicatrizes. “Apenas sendo o preguiçoso que ele adora ser, não é, amor?”



“Mãe, o pé do Thony está machucando minhas pernas, fale para ele parar de se mexer.” Florence pediu em voz de sono, ela jogou as pernas sobre minha barriga, amassando minhas vísceras. “Vou dormir, boa noite.”



Desejei-lhe o mesmo e beijei o rosto que estava sobre meu peito. Com certeza, nós teríamos sérios problemas de coluna, eu nunca saberia dizer como eu conseguia dormir tendo dois corpinhos jogados sobre o meu.



Thony sempre tinha um sono agitado, ele gostava de espaço e isto implicava em ter pouco espaço para mim e para Florence. “Amorzinho, não consegue dormir?”



Ele rolou pelo colchão, até estar perto de mim. O capuz do moletom cobria-lhe os cabelos. “Sem sono.”



“Eu posso resgatar o Nana, ele faz qualquer pessoa dormir. Ou, até mesmo, colocar as músicas que você escutava quando era bebezinho, já disse que você amava as músicas do celular de seu pai?” Meu tom, obviamente, saiu nostálgico. Lembrei-me das músicas calmas e perguntei-me se Edward ainda as guardava.



“Aquele coelho ainda existe?” Anthony me perguntou com evidente diversão. “Flor adorava pega-lo de minhas mãos.”



Também sorri com a lembrança. “Vocês brigavam por tudo. Era estranho, mas vocês só conseguiam dividir o Flip.”



“Mãe, posso saber de uma coisa?” A voz de Anthony mudou, fora súbito e eu quase me assustei. “É só uma dúvida.”



Sem saber qual questionar esperar, movi-me para ele. Minhas mãos foram ágeis e eu o afaguei nas mãos, cobertas por luvas de lã. “Se eu puder te responder.”



A resposta foi um sorriso bonito, os dentes brancos e alinhados conferiram luminosidade para o quarto escuro. “Uh, eu estava vendo as fotos de quando eu nasci, por que meu pai não estava com a gente?”



Eu não esperava aquele tipo de pergunta, pois exigia uma resposta complicada demais. Meus olhos seguiram os de Thony e, mesmo na penumbra, vi as fotos emolduradas sobre a cabeceira da cama. “Você parecia um pouco triste quando eu nasci, mas você estava bonita.”



Antes que Thony tirasse conclusões precipitadas demais, eu o abracei, com o amor incondicional que nutria por ele. “Amorzinho, eu te amo e nunca duvide disto!” Minha saiu firme e sincera, do jeito que eu queria. Procurei os olhos verdes, Anthony não desviou e eu vi a alma bonita dele. “Edward é louco por você, também não duvide dos sentimentos dele. Eu estava com muita raiva de seu pai quando você nasceu, eu só estava chateada e agi como uma estúpida, mas foi Edward quem tirou esta foto, ele sempre esteve conosco.”



“Vocês brigaram por minha culpa?” Ele continuou em dúvida, Anthony pegou as pontas de meus cabelos, enrolando-as. “Eu sei que meu pai e você não me planejaram, mas vocês queriam que eu nascesse, certo?”



“Thony, você só quer que eu diga o quanto nós te esperamos, não é? Filho, seu pai e eu ficamos nas nuvens quando te descobrimos. Era tudo tão novo, mas sabíamos que daríamos conta. Quando descobrimos que seria um menino, Edward parecia explodir de alegria. Eu contava os dias para te conhecer, amorzinho. E, quando você nasceu, os problemas ficaram pequenos frente à perfeição que você é.” Eu simplesmente despejei para ele, colocando muita verdade nas palavras. “Depois veio sua irmã, eu precisava dividir meu amor, se não, você morreria sufocado. Nós também a amamos de todo coração, vocês dois são que Edward e eu temos de mais importante. Nós só queremos ver vocês felizes.”



“Nós somos felizes, mãe.” Thony falou baixinho. “Uh, por que vocês brigaram? Vocês nunca brigam! Meu pai fez o que para te deixar tão triste?”



Aquela era a pergunta e eu não sabia se era certo respondê-la. Hesitante, eu beijei a testa de Thony. “É complicado, filhote! Seu pai só ama demais, a ponto de não enxergar mais nada, pode parecer que não, mas Edward é ingênuo também. Seu pai só cometeu alguns erros, mas, se não fosse isto, nós não seriamos esta família.”



“Eu não posso entender, mãe.” Anthony falou sem esperar o fim de meu discurso. “É algo que eu não posso saber?”



Meu coração apertou e, intimamente, eu tinha plena consciência de que meus filhos deveriam saber sobre Sebastian. Não era só sobre mim, era sobre Esme e Carlisle, a proteção que eles tiveram para com Edward, era sobre meus pais também. Eu realmente queria explicar o motivo de eles só conhecerem Renée e Charlie por fotos e, acima de tudo, aquilo era sobre Edward. Sobre os erros que nos levaram até este exato momento. Por outro lado, também existia o medo, Florence e Anthony colocavam Edward em um pedestal, quase acima do bem e do mal. Aquele homem era um herói, um exemplo. Eu não estava decidida a manchar aquela imagem.



“Se eu disser que tudo tem seu tempo, você acredita?” Perguntei-lhe, ainda mantendo nossos olhares. “Não vamos apressar nada, sim? Edward vai querer dividir isto com vocês, apenas esperem a vontade dele.”



“Certo, mãe.” Ele falou entre bocejos. “Boa noite, reze pelo meu pai, tá?”



“É o que sempre faço, amorzinho.” Falei-lhe sorrindo e bocejando também. “Antes posso conversar outra coisa com você?”



Ele se moveu sobre o colchão, arrumando os cobertores. “Sempre.” Anthony me respondeu, soando idêntico a Edward.



“Uh, eu sei que você ficaria mais confortável conversando isto com seu pai, mas eu posso ter uma conversa de homens com você?” Eu soltei no mesmo instante que joguei todo meu ar para fora. “Prometo não ser tão chata e intrometida.”



Anthony soltou uma risadinha, cheia de charme e cantada. “Mãe, não é ruim falar dessas coisas com você. O que quer saber?” Ele disse e levou as mãos para minha bochecha. “Uh, eu quem deveria estar com vergonha, não?”



“Amorzinho, você é terrível!” Falei com diversão, batendo meu nariz no dele. “O que quer me contar? É mais fácil assim.”



Os olhos verdes sorriram para mim, Anthony flexionou as pernas e olhou para o teto, depois, para mim. “Meninas são complicadas.”



Só não sorri por causa do sono tranqüilo de Florence, mas tentei colocar o divertimento em minha face. “Sim, nós somos! Elas estão te dando dor de cabeça? Acostume-se.”



“Você está me assustando.” Anthony me olhou de soslaio, sorrindo timidamente. “Por que vocês são tão complicadas? Fazem cú doce para tudo!”



“Olhe a boca, filho. Seu pai não te repreende, mas eu não gosto quando você fala desse jeito.” Adverti-o, sem usar meu tom firme. Era uma falha aceitável. “Uh, por que tanta revolta, o que as meninas têm feito com você?”



“O que elas não têm feito, mãe.” Ele me refutou com rapidez, meio indignado. “Eu ainda me perguntou o que o Nicholas fez para ter um beijo da Carlie. Mãe, ela é linda e, bem, você sabe, o Nicholas é estranho.”



Minha vontade era apertar das bochechas de meu filho, eu estava feliz por ele estar crescendo e descobrindo o que a vida poderia lhe oferecer. Agradeci o fato de Florence estar dormindo, não faria bem ao coraçãozinho dela saber que Nicholas já tinha beijado uma menina.



“Então, isso tudo é sobre beijos? Uma hora acontece, sim? Eu tenho certeza que meu filho lindo e educado tem uma lista de pretendentes.” Inflei-lhe o ego, minhas mãos foram para as bochechas dele, apenas fazendo carinho. “Tente ser com alguém que goste, que, pelo menos, represente alguma coisa para você.”



“A Mellinda conversa muito comigo, mas não sei se ela quer isto. Mãe, você iria gostar dela, falamos muito sobre meu pai e toda essa coisa que está acontecendo. Ela me entende, é uma boa amiga.” Anthony falou em tom calmo e quase de admiração. “Eu queria beijá-la.”



Meus lábios subiram, desenhando, então, um sorriso verdadeiro. “Meninas são tímidas, certo? Pode ser o caso da Mellinda. Se Edward estivesse aqui, ele diria para você roubar-lhe um beijo, mas isso pode ser assustador para vocês. Então, seja paciente; eu sei que você tem suas fontes infalíveis de charme.”



“Mãe, você só fala isto porque é minha mãe.” Ele sorriu e beijou minha bochecha. “De qualquer modo, obrigado. Não se sinta estranha, sim? Você é boa em conversar comigo, você me entende, mas meu pai faz falta. Ele começaria a explicar como usar uma camisinha, realmente pensando que eu não sei como é que se faz.”



“Uh, Anthony, você está tão à frente assim?” Minha pergunta saiu rápido demais. “Eu deveria saber o que você faz no computador?”



Pela primeira vez na noite, meu filho corou como um tomate. Ele buscou as palavras, quase suando de nervosismo. “Mãe, não é nada demais, sim? Eu sei que é proibido, mas todo mundo faz isto. Juro que não converso com ninguém, sei que é perigoso.”



Perguntei-me o que dizer para ele, eu realmente precisava de Edward. “É estranho, mas eu ainda penso que você é o meu bebezinho loiro. Você cresceu, acho que posso te entender, mas, por favor, nada de conversas, sim? Tem muita gente mal intencionada, você sabe que tem.”



“Uh, essa é a parte estranha. Não é errado o que você faz sozinho, sim? Nem mesmo sujo, apenas lembre-se que sua vida ainda continua, nada de se esquecer da escola, de brincar com seus amigos e, claro, não se esqueça de mim também.” Coloquei com certa pressa, sem saber qual era o nosso limite. “Eu sempre vou te ouvir, Anthony; nunca fique envergonhado. Seu pai e eu sempre seremos seus melhores amigos.”



Apenas senti o beijinho tímido em minha testa. Cheio de carinho. “Obrigado por ser minha mãe. Obrigado de verdade.”

(...)

Um frio chato batia contra meus pés descobertos, as meias nunca ficavam em meus pés durante à noite, nem mesmo o aquecedor minimizava o frio. Eu também ouvia chamados baixíssimos e cantados, mas recusei a abrir meus olhos.



“Mãe, acorde, por favor!” Thony falou mais alto, sacudindo meus ombros. “Podemos ir lá ver o pai hoje?”



O pedido me fez abrir os olhos por completo, Florence e Anthony sorriam para mim, mas sorriam como se tivessem toda a felicidade do mundo. Eu sabia, eles me escondiam alguma coisa. “Dia, mãe!” Florence me desejou em uma voz quente e doce. “Então, podemos ir visitar meu pai?”



“Filhotes, vocês tem escola e vejam a neve que está caindo. Eu preciso trabalhar também, nós vamos à noite, certo?” Expliquei-lhe e joguei meus pés para fora da cama. “Vistam-se enquanto preparo alguma coisa para vocês comerem.”



Florence, doce e repentinamente, pousou a mão em meu ombro. “Mãe, por favor? Eu queria ficar o dia inteiro com meu pai, acredite, Anthony também concorda comigo.”



“É, mãe! Eu queria ficar um tempo com meu pai, vamos para lá, por favor.” Thony usou uma voz desconhecida, era meio manhosa e persuasiva. “Não vai ter nada de importante no colégio, já estamos quase nas férias de inverno.”



Aos pouco, fui expulsando meu sono e minha preguiça. “Eu tenho que trabalhar, prometo levar-lhes depois do almoço.”



Minha fala tirou a felicidade dos dois rostinhos e, rapidamente, vi a irritação crescendo. “Mãe, eu vou pedir para o meu avô nos levar. Thony, vá lá ligar para vô Carl.”



Por curiosidade, olhei meu relógio. “Florence, está muito cedo, seus avós estão dormindo, não os importune.” Eu disse entre bocejos. “Por que vocês querem ver Edward tão cedo?”



Os dois trocaram um olhar cheio de cumplicidade, o que me fez sorrir. Anthony me olhou e desviou o olhar, tudo sem parar de sorrir. “Queremos vê-lo, é a vontade de todos os dias.” Os três naquele quarto perceberam a mentira, Anthony correu os dedos pelos cabelos. “Vou lá me arrumar.” Ele desconversou e saiu do quarto, sem quebrar o olhar com Florence.



“Mãe, eu quero que você vista a melhor roupa, sim?” Florence praticamente me intimou. “Venha, o frio idiota vai te fazer colocar uma calça jeans.”



Florence sorriu para o próprio trabalho, eu vestia um jeans escuro e justo. O frio idiota me levou para dentro de suéteres grossos, fiquei sem o cachecol, mas agradeci pelas luvas de couro. “Coloque salto, meu pai gosta.” A voz de Florence soou de algum lugar do closet. “Você está pronta, vou tentar ficar linda para o meu pai também.”



“O que Thony e você estão me escondendo?” Eu perguntei a Florence, recebendo, em troca, um sorriso que não coube nos lábios.



Perguntei-me qual foi a última vez que a vi sorrindo daquele jeito. “Você vai ver, mãe.”



Eu sorri ao ver que Anthony tirava as coisas para o nosso café da manhã, ele tentava arrumar a mesa. “Amorzinho, isso é gentil! A propósito, você está tão bonito.” Elogiei a escolha de roupas dele, apenas um conjunto de moletom cinza e um tênis preto. Bem, ele era idêntico a Edward.



“Eu tive um sonho bom.” Florence, que estava vestida da maneira doce demais, colocou com despretensão. Eu ainda olhava para o arco que enfeitava os cabelos castanhos. Era singelo, apenas com um laço miúdo.



“Era sobre o que o sonho, lindinha?” Perguntei com a mesma displicência, vendo o sorriso crescer no rosto dela e de Thony. “Você tem que dividir as coisas boas conosco.”



Uma risada contagiante preencheu a cozinha, a ponto de fazer Flip soltar algo perto de um latido. “Você vai ver, mãe.”



Não me importei quando meus filhos caminharam a passos largos, existia certa distância entre nós. Eu os via conversando em tom baixíssimo, escondendo cada palavra de mim. Eles sorriram antes de abrir a porta do quarto de Edward.



Eu sempre fechava meus olhos antes de olhar para cama, apenas pedindo para encontrar meu par de olhos verdes. Lentamente, eu os abri, vendo apenas Edward dormindo. Tudo no rosto era angelical, não contive minhas mãos afoitas, elas foram para o ninho de passarinho que ele tinha na cabeça. “Bom dia, amor!” Falei com energia, beijando-o. “Nossos filhos me tiraram da cama só para vim aqui te verem.”



Deixei que meus olhos analisassem o rosto cheio de traços viris e marcantes. Edward parecia sorrir para mim, fazendo-me sorrir também, por puro reflexo. “Você está lindo hoje, aliás, quando você não está lindo e charmoso?”



Florence apenas ria para o meu discurso de mulher apaixonada. Ela, sutilmente, fez um padrão calmo na bochecha de Edward. “Oi, pai! Tenho que concordar com a mãe, você está tão bonito hoje.”



“Sim, pai. Você está.” Anthony concordou atrás de mim, dando um passo em direção à cama. “Bem, acho que você será o único homem que terá meus elogios. Ah, claro, tem meu avô também.”



“Amor, é coisa de mãe, mas tenho certeza que nossos filhos estão me escondendo alguma coisa.” Sussurrei contra os lábios dele, olhando para Florence e Thony. “Eles estão felizes, então só pode ser coisa boa.”



Em algum momento da manhã, deitei-me ao lado de Edward, no pequeno espaço que sobrava do colchão. Minhas mãos o acarinhavam no pescoço, longe do cateter que estava ali perto. “Eu fico pensando, será que você consegue entender o quanto eu preciso de você?” Perguntei mais baixo que um sussurro, eu enrolei as pontas de meus cabelos, um sinal de inquietude. “Você pode me escutar, não é?”



O bocejo sonoro de Florence findou meu monólogo, ela me olhou com as bochechas coradas. Eu ergui meu rosto, sorrindo para ela. “Florence, quer cochilar um pouco? Deite-se com seu pai, está quentinho aqui. Quem sabe você tem mais um sonho bom?”



Ela sorriu de lado a lado, mandando felicidade para mim. “Impossível ter um sonho melhor que o dessa noite.”



Thony, que estava calado e sentado na poltrona, também ergueu o rosto e sorriu para a irmã. “Mãe, posso ir comprar suco? Deu fome de novo.”



“Eu compro, amorzinho. Florence vai querer de laranja e, você, de morango, certo?” Falei enquanto saía da cama. Meu salto bateu no chão, fazendo um barulho irritante. “Volto logo, filhotinhos.”



Todos da lanchonete do hospital me conheciam, o mesmo acontecia com Florence e Thony. Nós vivíamos comprando os sucos e as balas. O corredor estava mais vazio, o cheiro de hospital já não me enjoava, ele se tornara parte de nossos dias. Com dois copos de suco de maracujá - o único sabor que tinha -, eu girei a maçaneta do quarto.



“Filhotes, só tinha de maracujá, trouxe assim mesmo.” Falei, dando atenção aos copos, fazendo de tudo para não jogar o líquido no chão. “Edward adora suco de maracujá.” Coloquei com despretensão, levando meus olhos para eles.



Quando três risadas preencheram o quarto, eu paralisei. Uma era rouca, fraquíssima e cantada. Era a risada de Edward. Apesar de paralisada, minhas mãos tremiam e fizeram os sucos caírem no chão, molhando minha barriga e minha calça. Meu sorriso se formou no exato momento em que deixei meus olhos parar no rosto dele. Edward sorria como anjo, embora exalasse confusão. O verde brilhava e, claro, também sorria para mim.



“Mãe, o pai acordou.” Thony falou mais alto, roubando minha atenção e minhas lágrimas. “Venha cá, mãe.” Ele me chamou entre sorrisos, Florence apenas sorria e pastava os dedos entre os cabelos de Edward.



Meus pés fizeram o impossível e deram passos largos, não me importei com minhas roupas molhadas. Eu só queria ter certeza que a visão mais bonita dos últimos meses não era uma miragem. Eu não parava de sorrir nem de chorar, enchi-me de felicidade quando parei perto da cama, olhando dentro dos olhos verdes.



Edward, que só me olhava e sorria, piscou. “Oi, baby!” A voz rouca e meio debilitada praticamente me fez perder as forças. Perguntei-me quantas vezes eu implorei por qualquer palavra dele.



Minha única reação foi chorar mais, as lágrimas desciam a cada piscadela. Gentilmente, corri minhas mãos pelas bochechas dele, sentindo o calor e a risada baixíssima. Edward aumentou o sorriso, deixando-me tonta. “Bella, linda, o que houve?”



Permiti-me sorrir mais, Edward ficaria assustado quando tivesse consciência do que tinha acontecido com ele. Era claro que ele estava confuso e perdido. “Amor, eu estou tão feliz!” Minha voz esquentou, externando a felicidade que não cabia no peito. “Obrigada por isso, por não ter desistido. Nós sentimos sua falta.”



Ouvi um gemido de dor, meus olhos saltaram e viram a mão de Edward caminhando para o meu rosto. Eu sorri. “Não se mexa, sim? Você está cheio de agulhas e sondas, preciso chamar o Dr. Cameron.”



“Eu quero te beijar.” Edward falou com naturalidade, levando mais lágrimas para meus olhos. Aquele homem tinha o poder de amolecer meu coração.



“Oh.” Soltei em minha melhor voz retardada. A risada de Thony acompanhou a de Florence. Minhas bochechas esquentaram e eu me inclinei para Edward, unindo nossas mãos. Nós sorrimos quando eu, timidamente, acarinhei o dedo que carregava a aliança com meu nome. “Te amo.”



Meus lábios tremiam, mas, com sutileza, colei-os aos de Edward. Pela primeira vez em meses, a vontade era bilateral e eu não segurei meu sorriso quando Edward pegou meu lábio inferior, chupando-o com demora. O beijo era casto, apenas um reconhecimento. Um reencontro.



Todo meu corpo se aqueceu com o carinho, deixando minhas bochechas rubras. “Senti sua falta, amor. Acho que ainda não estou acreditando.”



Florence voltou a fazer carinho nos cabelos de Edward. “Eu não disse que era um sonho bom, mãe?”



Eu pisquei para a declaração. “Lindinha, por que não me disse antes?”



A risada de Edward encerrou o diálogo. Ele percorreu o quarto com os olhos, inspecionando cada canto, o olhar minucioso também nos fitou. Edward analisava nossos rostos e sorria meio inquieto. “Vocês estão diferentes! Anthony conseguiu crescer ainda mais e Florence está com os cabelos maiores.”



“O que eu fiz para ficar em um hospital? Não me lembro de nada.” Ele continuou em voz vacilante, tentando encontrar sentido em tudo aquilo. “Vocês estão tão felizes e assustados, eu estou aqui por muito tempo?”



Suprimi minha risadinha. Anthony caminhou até Edward, sorrindo para o pai. “Uh, estamos no inverno, você machucou quando ainda era verão.”



“Foram seis meses, pai.” Florence disse depois um silêncio brevíssimo. “Seis meses sem você.”



Um som estrangulado saiu de Edward, meus olhos captaram uma quantidade imensurável de emoções atravessando o rosto dele. Edward, indo contra meus pedidos, se remexeu e pegou minha mão. Eu simplesmente sorri e ofeguei para o ato. “Baby, o que houve comigo?”



“Fique calmo, sim? Está tudo bem com você.” Assegurei-lhe enquanto o beijava mais. “Um acidente de trabalho, era um plantão noturno. Você veio para cá com traumatismo e com fratura nas pernas, te operaram e você me fez esperar seis meses para encontrar o sorriso mais bonito do mundo novamente.”



“Isso é sério?” Edward perguntou contra meus lábios. “Eu não me lembro de nada.” O tom continuou sendo incerto. “Seis meses é muita coisa, como vocês lidaram com isso tudo?”



“Nós temos os melhores filhos do mundo, esqueceu?” Lancei-lhe com divertimento. “O início foi mais duro, mas sabíamos que você acordaria.” Minhas palavras saíram sérias, mas com pontadas grandes de alegria. “Vou ligar para os seus pais.”



Edward se remexeu mais uma vez, ganhando meu olhar feio. “Eu me sinto mole e com frio. E com muita sede.”



Florence levantou as cobertas até cobrir o pescoço de Edward. “Mãe, eu disse que esses cobertores seriam poucos.” Ela falou e rolou os olhos. “Eu sabia que meu pai sentiria frio.”



“Princesa, não é tanto frio assim, não se preocupe.” Edward falou baixinho, com os olhos verdes mirando os cor de mel. “Você está tão bonita, filhota.”



Ela apenas sorriu e beijou-o na testa. “Obrigada.” Florence praticamente cantou e, no mesmo instante, Thony sorriu e pegou a foto que estava perto da cabeceira da cama. “Olhe, pai.” Ele falou e deu a foto a Edward. “O nosso aniversário, o sol estava nos matando.”



Eu não perdi o momento em que os olhos verdes despencaram. Edward me encarou, segurando um meio sorriso, meio trêmulo também. “O que mais eu perdi, Bella?”



Também dei um meio sorriso e levei meu rosto para perto do dele, Edward sorriu quando bati nossos narizes. Uma respiração fria bateu em minha bochecha e eu quase me esqueci do que iria fazer. “Não perdeu muito, mas teremos prazer em te contar. Thony realmente quer ser médico e Florence está se tornando uma garota linda e charmosa. Nós temos novos vizinhos, eles são uma graça. Flip estava cansando e morrendo de saudades do dono dele. Seus pais me ajudaram com essa bagunça toda e também estão morrendo de saudades do filho lindo deles.”



“Eu vou querer detalhes sobre Florence.” Edward falou enquanto nos dava um sorriso incrível, ele levou os olhos para Florence e piscou, em um misto de diversão e seriedade. “Já estou te perdendo, lindinha? Eu realmente penso que está muito cedo para você se esquecer de mim.”



“Pai, você é dramático.” Florence disse em tom arrastado. “Não acredite em que Thony diz, sim? Eu amo você e nada vai mudar isto.” Ela continuou, olhando-o nos olhos. “Estou feliz por conversar com você de novo, você nos fez muita falta.”



Foi fácil ver a emoção cruzando o rosto de Edward. Ele piscou e sorriu mais, de um jeito único, só dele. “Também estou feliz por estar de volta, mesmo tendo a sensação de ter ficado apenas algumas horas dormindo. Desculpem-me por lhes deixado tão assustados.”



“Agora você estar acordado de novo, isso é o que importa.” Thony falou antes de subir os lábios em um sorriso, ele usou toda delicadeza que tinha e beijou a testa de Edward. “Também sentir sua falta. Muita.”



“E você, filhote, o que tem a dizer sobre os últimos seis meses?” Edward perguntou-lhe, os dois sorriram juntos, os dois pares de olhos verdes também brilharam. “Como os Yankees estão? Foram para a final?”



Thony abriu um sorriso cheio de graça. “O time dessa temporada era uma droga, perdemos feio. Ainda bem que você não viu, tenho certeza que você quebraria a televisão.”



“Uh, vou lá comprar o suco, já que o meu foi parar na blusa de minha mãe. Flor, você vem comigo?” Anthony engatou um assunto diferente, ainda sorrindo para Edward. “Não durma, sim? Se você o fizer, ficarei chateado. Ainda temos muito que conversar.”



Edward e eu sorrimos. Thony foi para porta, mas olhou para trás e quase rolou os olhos para Florence. “Venha, Flor!”



“Estou bem aqui.” Ela respondeu calmamente, mantendo os olhos em Edward. Eu sorri para o sorriso manso de Florence, perguntei-me o motivo de Anthony ter piscado para mim.



“Flor, é difícil perceber que a mãe quer um tempo com nosso pai?” A voz de Thony saiu divertida, levando o rubor para as bochechas de Florence. “Não estou certo sobre querer ver os dois se pegando.”



Anthony também conseguiu levar o rubor para meu rosto, Edward soltou uma risada contagiante, embora ainda fosse baixa. Os dois saíram e eu pude ver a risada dos dois ecoando no corredor. Eu me virei para Edward, sentando na cama, ao lado dele.



“E agora é a hora em que te ataco.” Falei baixo, acarinhando-o na mandíbula e descendo para o pescoço. Edward me deu uma piscadela, daquelas cheias de charme. “Amor, nem faça esta cara, só estava brincando com você.”



Edward fingiu decepção. “Devo saber o que você fez quando eu estive dormindo?”



A pergunta me fez abrir um sorriso verdadeiro, não resisti e beijei-o no canto da boca. “Eu vinha te visitar todos os dias, conversar com você, pedir para acordar logo. Eu gostava de te olhar, te beijar e não ser correspondida.”



Minhas palavras levaram o sorriso para o rosto dele também. “Amo você.” Edward falou simplesmente, com a voz mais rouca e sincera que conhecia. “Muito mesmo. Obrigado por ter cuidado de mim e de nossos filhos.”



“E não é para isso que vivemos? Para cuidar de nossa família?” Joguei as palavras no silêncio do quarto. “Florence e Anthony foram tão compreensíveis, nunca vi os dois tão juntos.”



“Isso é bom.” Ele falou e me olhou nos olhos. “Eu não queria ter perdido tanta coisa, é ruim saber que não vou ter esse tempo novamente.”



“Edward, nós temos uma vida pela frente. Não se preocupe, sim?” Falei-lhe, tentando soar persuasiva. “Eu já disse, narrarei os últimos meses para você, vai ser divertido.”



“Sim, será.” Ele concordou comigo e analisou meu rosto, dando muita atenção à minha boca. “Eu não tive o suficiente de você, Bella.”



Era um convite sutil, mas, para mim, tinha sido as palavras mais quentes do mundo. Lentamente, abaixei-me, olhando-o nos olhos, quase o provocando. “Sentiu minha falta, amor?”



Edward praticamente fez um bico para mim, eu lhe segurei as mãos, a última coisa que eu precisava era de cateteres e agulhas soltando-se. Antes que ele me respondesse, eu o beijei. Ainda com calma e lentidão, Edward entreabriu os lábios, um convite total. Minha língua serpenteou para a boca dele, sentindo a língua morna bater contra a minha. Edward ainda beijava bem pra caralho.



Uma mão migrou para a nuca de Edward. Não pensei antes de puxar os cabelos dourados, fazendo Edward morder meu lábio. Eu fiz o mesmo e deixei que minha língua brincasse com a dele, fazendo as obscenidades que gostávamos.



Quando terminamos, ofegantes e vermelhos, nós dois sorrimos. “Mulher, obrigado por ser tão quente.”



Minha risada saiu cantata, eu o beijei na bochecha. “E você continua sendo irresistível e me deixando tonta.”



“Estou ficando velho, daqui a pouco você vai se cansar de mim.” Ele falou e, no mesmo instante, procurou meus olhos. “Eu já fiz trinta e nove?”



Edward continuava sendo o homem mais bonito de meu mundo, o mais charmoso e gostoso também. Aquele homem, nem de longe, aparentava ter quase quarenta. Ele ainda estava bonito como nunca, apenas menos forte e mais pálido, mas me fazia ofegar sem dificuldades. Edward era uma delícia e eu tentava manter as menininhas de vinte anos bem longe dele.



“E eu fiz trinta e cinco. Bem, Anthony e Florence sempre dizem que estou linda, prefiro acreditar neles.” Eu disse com diversão, levando minhas mãos para os braços deles.



“Você continua sendo a mulher mais boba que conheço. Bella, minha linda, o tempo não passa para você, eu ainda vejo o rostinho de menina de colegial.” Edward falou em pausas, sorrindo para mim. “Você é estonteante, não preciso de óculos para ter certeza.”



A fala me fez lembrar que ele estava sem qualquer tipo de lente. “Amor, vou buscar seus óculos, eles estão em algum lugar.” Atropelei as palavras, perguntando-me onde estavam os óculos. “Tem roupas para você também, vou trazer mais coisas à noite, depois que eu fechar a loja.”



“Como tudo está lá, dando certo?” A voz de Edward, calma e arrastada, findou minha procura pelos óculos, eles estavam dentro da bolsa cheia de roupas.



Eu ajeitei a armação no rosto dele, vendo que, daquele jeito, ele ficava mil vezes mais bonito e charmoso. “As pessoas realmente gostam de comprar chocolate no inverno. As finanças estão ótimas.”



Edward apenas sorriu e me puxou pela cintura, a mão cheia de agulhas parou em minha lateral. “Se eu não morri até agora, não vai essa agulha idiota que o fará.” Ele disse antes de me acarinhar, a sensação de tê-lo tão perto beirava a nostalgia e eu amava a pressão que ele exercia sobre meu suéter molhado com o suco de maracujá. “Nada é melhor que estar aqui com você, te amo.”



Tudo que fiz foi beijá-lo, o ato estava cheio de sentimentos bons e eu quase desfaleci com o sorriso doce que Edward me deu. “Faça isso de novo?” Pedi, mordiscando os lábios finos. “Sorria desse jeito de novo.”



Ele o fez. Minha resposta foi dar-lhe o meu melhor beijo, minha boca acariciou a dele, sendo lenta e úmida. O beijo de lábios perdurou e nós soltamos um gemido baixíssimo, quase envergonhado. Eu sorri quando os aparelhos biparam, dizendo-me que o coração de Edward estava batendo rápido demais, apenas um reflexo do meu. “Te amo também.” Falei baixinho, tomando os lábios dele novamente. “Obrigado por ter voltado para mim.”

(...)

“Florence e Anthony não vieram com você?” Edward me perguntou no momento em que me sentei na cama, ele, antes me deu um beijo nos lábios, curto e cheio de carinho.



Sorri ao sentir o braço dele parando sobre meu ombro, deixando o peso dele cair sobre mim. “Thony está em Springfield, em uma excursão do colégio e Florence está visitando um museu, para fazer o trabalho de história. Não se preocupe, os dois virão para te levar para casa.”



“Eu realmente me cansei desse hospital. Deveriam ter me dado alta antes, eu me sinto ótimo.” A voz de Edward era meio irritada, mas me fez sorrir. “Quero comer a sua comida, tomar banho em nosso banheiro, dormir em nossa cama.” Ele disse e levou o rosto para o meu pescoço, os beijinhos foram tímidos, mas existia a malícia de sempre. “Dormir depois de termos feito muita bobagem.”



Minhas bochechas tingiram-se de escarlate e eu me perguntei se nunca pararia de corar. Virei meu rosto a ter os lábios de Edward a centímetros dos meus. “Também estou morrendo de saudades de você, foram longos seis meses.” Falei em tom arrastado, apenas roçando nossos lábios. “O Dr. Cameron disse repouso absoluto, você não pode se esforçar.”



Edward sorriu em minha boca, ele puxou meu lábio com os dentes, fazendo-me gemer baixinho. “Você fica por cima, baby. Eu fico quieto, só vendo você rebolar e me dar sua carinha de tarada.”



O vermelho desceu para o meu pescoço, tudo melhorou quando Edward rolou a mão para minha nuca, puxando-me para ele. “Eu sei que seus dedos não te satisfazem do mesmo jeito que eu mato sua vontade.” A voz rouca bateu contra meu rosto, deixando-me enfeitiçada. Edward sabia quais os efeitos que tinha sobre mim e não poupou os sorrisos para minhas reações de mulher sem sexo.



“Não é justo você ficar me provocando assim.” Minha voz saiu manhosa e arrastada. “Depois não reclame se eu te torturar.”



“Quem disse que vou reclamar? Faça o que quiser comigo, mas apenas faça.” Edward sussurrou, indo para minha orelha e ainda pressionando minha nuca. “Eu sou seu.”



Meu gemido arrastou-se, eu esfreguei minhas pernas, pois Edward conseguia me deixar pronta para ele com simples palavras. Eu me movi, tentando provocá-lo também. Minha mão, que estava no joelho dele, subiu, indo para a parte quente que, descaradamente, estava dura. “Você é um tarado! Alguém pode nos pegar, sabia?” Eu disse e pressionei a ereção que ele carregava, eu o arranhei sobre o moletom grosso, um barulho abafado preencheu o quarto.



“Transar em um quarto de hospital é a minha mais nova fantasia.” Edward falou enquanto nos deitava na cama, ele parou com o corpo sobre o meu, roçando a membro rijo em minhas coxas. Eu, apenas sendo um retrato de uma mulher carente e que tinha um marido bom demais, enlacei minhas pernas no quadril dele, rebolando timidamente sob o corpo de Edward. Ele soltou uma risada e investiu contra meu centro. “Louca para dar para mim, não é?”



“Isto é insano.” Soltei, em uma tentativa de nos frear. Eu o rolei para o lado, sorrindo para nossa situação. “Vamos esperar, sim?” Pedi enquanto arrumava meus cabelos. “Vamos incluir essa fantasia em nossa lista, parece boa.”



Edward bufou, mas ele sabia que eu estava certa. A porta abriu-se depois, revelando-nos uma Florence sorridente e com os cabelos longos presos no alto e um Thony também sorridente e cheio de olhares de engraçados. Eles estavam de uniforme e a mochila não parecia estar pesada.



“Oi, pai!” Florence soltou com alegria, caminhando para a cama. Edward deitou-se de bruços, por motivos óbvios e masculinos. “Oi, mãe!”



Pulei da cama e fui beijá-los. Anthony foi cumprimentar Edward e depois veio abraçar minha cintura e deixar um beijo em minha testa. “Filhotes, por que não me ligaram? Como chegaram até aqui?”



“Nós viemos de metrô. Foi divertido.” Anthony disse com entusiasmo, feliz pelo ato. “Mãe, por que está me olhando assim?”



Eu tentei não soar protetora demais, mas me incomodava o fato de eles andarem pelo centro de Chicago sozinhos, pegando metrô com desconhecidos. “Amorzinho, vocês são crianças, eu não me importo em buscar vocês. De qualquer modo, é bom vocês saberem andar sozinhos, mas me liguem para avisar, sim? Ficarei menos preocupada.”



“Certo.” Anthony falou simplesmente, indo novamente para Edward. “Pronto para ir para casa, pai? Flip está louco para te ver.”



“Confesso, estou sentindo falta daquele cachorro. Senti falta de vocês também.” Edward falou no mesmo instante em que se sentou, ele correu os dedos pelos cabelos de Florence, tirando um nó que estava nas pontas. “Como foi o museu, filha?”



“Muitos quadros e muita coisa para escrever, preciso terminar o trabalho para semana que vem. Eu realmente não gosto de história.” A fala longa causou risos em mim. Florence era como Edward e detestava ter que estudar, mas, pelo menos, ela era esforçada e gostava das aulas de artes. “Uh, pergunte o que Thony fez em Springfield, com certeza foi bem mais divertido que meu passeio no museu.”



Anthony não tinha falado muito, o que era estranho. As bochechas, que quase não coravam, estavam cheias de rubor. Eu o olhei, era fácil saber que eu estava um degrau acima de intrigada. “Thony, o que você fez na capital?”



Ele alternou um olhar entre mim e Edward, o sorrisinho que ele deu quase fez meu coração não caber no peito. “Eu beijei uma garota.”



Florence foi a primeira a sorrir. Ela atrapalhou os cabelos de Thony, deixando-o ainda mais envergonhado. “Ele realmente pensa que é um adulto por apenas ter beijado na boca.”



“Filhote, você é um orgulho!” A voz de Edward sobressaiu a de Florence. Ele saiu da cama e veio dar um tapa camarada nos ombros de Thony. “Diga, é bom, não é?”



“Edward, não seja tão curioso!” Eu quase ralhei para ele, vendo Thony sorrir. “Não deixe Thony mais envergonhado. É claro que foi bom, não é, amorzinho? Deus, você teve seu primeiro beijo! Isso é tão legal!” Eu falei com muita animação. “Foi com aquela Mellinda?”



Edward sorriu ao meu lado. “E o curioso sou eu, baby?”



“Uh, não. Foi com a Grace, eu acho que fiz tudo certo.” Thony falou sem olhar para mim, encarando os pés de Florence. “Ela parece ter gostado, nós tivemos uma boa repetição.”



Eu decidi que não precisava de mais detalhes, aquilo estava ficando íntimo demais. Edward bateu o quadril no meu, sorrindo. “Nosso filho vai fazer sucesso, pode ter certeza.”



Florence rolou os olhos e sentou-se na cama. “Estamos quase indo para casa? Preciso tirar meus tênis e comer qualquer coisa.”



“Só precisamos esperar o Dr. Cameron.” Falei e me sentei ao lado dela, Edward fez o mesmo. “Tem chocolate, você quer?”



Ela maneou a cabeça positivamente. Eu peguei os bombons que não tinham ficado bonitos o suficiente para serem vendidos. Havia muitos e eu consegui dividi-los entre nós quatro. “Lindinha, só tem um de avelã. Divida com seu pai, ele está gosta, assim como você.”



Edward sorriu e deu o bombom inteiro para Florence. “Pode ficar com ele, filha.”



“Obrigada, por isso que te amo.” Ela disse risonha, o bombom recebeu mordidas calmas, cheias de deleite. “Não quer nenhum pedaço?”



“Não, estou bem com o de menta.” Edward respondeu-lhe, meio sorridente, meio confuso. “Florence? Bem, você nunca beijou ninguém, certo? E pretende demorar a fazê-lo, sim?”



A pergunta cheia de hesitação fez com que eu sorrisse de lado, levando Anthony junto. Florence corou até as pontas dos cabelos, ela sorriu e colocou um pouco do bombom de avelã na boca de Edward. “Não, pai. Ainda não.”



“Seja bem vindo.” Eu sussurrei no ouvido de Edward, ele sorriu e eu abri a porta de nossa casa.



Não ousei perder nenhuma reação dele. Edward sorria e o olhar era além de brilhante, ele varreu toda a sala e, depois, sentou-se no sofá escuro. Antes que eu me sentasse perto dele, ouvimos barulhinhos engraçados. Era apenas nosso cachorro tropeçando nas próprias patas. Flip parecia tímido, mas ele praticamente sorriu quando viu Edward.



Edward, ainda sentado, abriu um sorriso grande. “Oi, campeão!” Ele soltou com entusiasmo, dando a mão para Flip lamber. “Como se sente? Você parece tão cansado.”



Florence sentou-se no tapete e puxou o cachorro para o colo. “Pai, ele está perto de morrer, não está? Olhe, ele parece cansado da vida.” Ela disse enquanto examinava a parte interna da orelha de Flip. “Sem pulgas, pelo menos.”



Não deixei que Edward a respondesse. Todos sabiam que Flip já não era tão jovem, mas também não precisávamos discutir aquele ponto. “Está frio, o dizem sobre sopa de ervilhas com frango?” Perguntei-lhes, caminhando para a cozinha. “Não demoro a fazê-la, tomem banho enquanto isto.”



Os passos de Edward estavam rentes aos meus. Eu parei perto da geladeira, sentindo-o abraçando minha cintura. “E você continuando sendo uma mãe tão mandona e engraçada.”



Sorri simplesmente. “Você sabe, quem manda nessa casa sou eu.” Falei com diversão, ondulando meu corpo contra o dele. “Preciso fazer comida para nós. Eu não menti sobre o banho, tenho certeza que você está com saudades de nossa banheira.”



Edward sorriu atrás de mim, beijando minha orelha e me fazendo sorrir como uma retardada. “Saudades de você e eu naquela banheira, eu gosto de seu corpo molhado, do seu corpo sob o meu.”



Eu gemi, quase deixando de lado meus planos sobre cozinhar. “Edward, vá tomar banho, por favor.” Praticamente expulsei-o, mas a verdade era que minha sanidade estava indo para o ralo. O meu homem continuava sendo estupidamente quente.



“O dia foi longo, acho que devemos dormir. Edward está cansando.” Minha voz quebrou o silêncio de nosso fim de jantar. Florence e Anthony já estavam de pijamas e terminavam o segundo prato de sopa. Edward estava ao meu lado, brincando com minha coxa coberta pelo jeans. O prato dele também estava vazio.



Nós quatro subimos os degraus da escada. Como sempre acontecia, Florence e Anthony caminharam para a sala de TV, os dois fizeram um pedido silencioso com os olhos. “Não fiquem muito tempo, sim? Vocês têm que acordar cedo amanhã.”



Os dois sorriram e Edward e eu entramos em nosso quarto. Eu abracei a cintura dele, a proximidade me fez beijar-lhe o ombro. “Só vou tomar um banho, me espere na cama.” Assustei-me com meu tom arrastado e baixo. Edward abriu um sorriso deslumbrante e ligou o aquecedor.



Eu não sabia muito bem o que vestir, olhei para o meus pijamas curtos, eles sempre eram uma boa opção. Peguei o preto e de babados. O short curtinho deixava muito de minha bunda exposta e a transparência da camisa de alças finas deixava minha barriga muito pouco velada. Um sorriso se desenhou em meus lábios, olhei-me no espelho e caminhei para fora do banheiro.



“Obrigado por me deixar duro, Bella.” Edward falou enquanto me media de corpo inteiro. Ele parecia relaxado sobre a cama, era bom vê-lo daquele jeito novamente. “Venha se deitar.” O tom parecia meio decepcionado, mas o sorriso incrível ainda existia. “Você sabe, não precisamos seguir as recomendações do Dr. Cameron.”



Engatinhei sobre a cama, parando ao lado de Edward. Minhas mãos brincaram com os cabelos úmidos e meus lábios foram se encontrar com os dele. “Você precisa de repouso, serão apenas duas semanas. Eu fiquei seis meses sem você, posso esperar um pouquinho. Quero te ver bem, sim? Ainda temos que ir às sessões de fisioterapia e às consultas.”



Edward sorriu, concordando. Ele salpicava beijos miúdos em meus lábios e, ao mesmo tempo, as mãos brincavam com a alça do pijama, descendo-a e revelando meus peitos. “Baby, me pare.” Edward pediu e pegou meu lábio inferir, mordendo-o. “Se eu continuar, não vou querer parar tão cedo.” O tom era quente e me fazia amolecer, era engraçado ver o desespero dele.



“Amor, vamos dormir.” Falei quase em tom de ordem. “Senti falta de dormir ao seu lado.” Confessei baixinho, contra o rosto dele.



Eu ganhei um par de mãos vagando por minha barriga, Edward colou nossos corpos e, repetindo o ato dos últimos treze anos, ele passou minhas pernas pelo próprio quadril. “Eu estou aqui, tudo está certo.”



A fala me fez pensar. Foi como ser levada para o olho do furação, senti o medo, a dor e o desespero. “Eu tenho medo de ter perder, Edward.” Eu falei em tom quase inaudível, sentindo o nó em minha garganta. “Foi tão horrível te ver inconsciente e machucado, você parecia tão fraco.”



O braço de Edward me apertou, ele buscou meus olhos e sorriu. “Bella, essas coisas acontecem, sim? Não precisa temer! Não teve luz branca, nem filme de minha vida. Apesar de não me lembrar de nada, eu tinha certeza que eu não morreria.”



Eu senti o beijo dele pousando em minha têmpora. “Eu te amo, eu quero viver com você até o dia em que Deus decidir, não podemos ir contra a vontade Dele.”



“Não é sobre isso, amor.” Minha voz saiu estrangulada, o choro também veio timidamente. “Você é forte, ágil, mas não é invencível. É muito difícil ser mulher de um herói.”



A risada foi mínima, Edward não disse nada, apenas me beijou mais. “Se eu fosse uma cadela, pediria para você deixar de ser bombeiro, mas sei que isso é injustiça. Eu sei que você ama o que faz e isso me faz ter ainda mais orgulho. Eu te conheci assim, não posso te pedir para mudar de profissão e, querendo ou não, amo o fato de você ser um bombeiro que dá a vida para salvar qualquer um.” As palavras saíram sem aviso, elas fizeram Edward piscar e também fizeram meus olhos umedecerem mais. “Eu não tenho o direito de mudar suas vontades, amor.”



Edward, antes de piscar novamente, segurou meus olhos. O verde estava repleto de bons sentimentos, foi muito fácil analisar a alma dele. “Eu te amo tanto!” Ele falou durante o choque de nossas bocas. “Obrigado por ser só minha, eu não merecia ter a melhor mulher do mundo.” Edward me beijava com doçura, o cuidado estava em cada dançar de lábios. “Bella, saiba que eu também tenho medo, sim? É o único jeito de eu saber meus limites. É duro sair de casa, olhar para você e para nossos filhos, sem saber se vou lhes ver de novo.” Ele sussurrou, segurando minha mão sob o cobertor. “Eu amo o que faço, baby. Prometo ser cuidadoso, mas do que já sou.”



“Eu também te amo.” Restringi-me à verdade que nos unia. Delicadamente, deitei meu rosto no peito descoberto dele, vendo os pelinhos loiros eriçarem-se. “Estou te machucando?” Perguntei, olhando-o e vendo o verde sorrir para mim.



“Tem coisa melhor que dormir com minha mulher doce e linda nos braços?” A resposta foi uma pergunta, que me fez sorrir e beijar o peitoral alvo e ainda meio tonificado. “Não se preocupe, voltarei a malhar, estou detestando o quão magro estou.”



Beijei-o mais, perguntando-me de onde aquele Edward narcisista viera. “Gosto de você assim, está bonito.” Assegurei-lhe. “Boa noite, obrigada por conversar e me entender.”



O corpo de Edward ficou ainda mais próximo, eu sorri e fechei meus olhos. “Boa noite, te amo.” Ele disse baixinho, em uma tentativa de me ninar, os dedos pegaram as pontas de meus cabelos e eu me senti em casa, completa.



As ondas de sono vinham calmamente, o toque doce ainda estava em meus cabelos. Era muito fácil dormir daquele jeito, eu relaxei meu corpo e dei um último beijo no peito de Edward.



“Baby?” A voz rouca rompeu no quarto silencioso, estranhei o fato de ele ainda não ter dormido ainda. Edward levou a mão para minha bochecha, acarinhando-me. “Está acordada?”



“Uh, sim.” Falei em uma voz arrastada, cheia de sono. “Não consegue dormir?”



Edward moveu-se até estar com rosto perto do meu, ele apenas encostou nossos lábios. “Fico pensando, nossos filhos estão crescidos, Thony já está enfiando a língua na boca das meninas, Florence parece ser mais madura que eu. Penso que eles deveriam saber sobre Sebastian e tudo que aconteceu entre nós.” A fala longa saiu baixa e eu me esforcei para assimilá-la. “Eu prometi que lhes contaria, quero ser sincero com eles. Eu não quero morrer sem contar essa parte minha.”



“Sem falar sobre morte, por favor.” Eu pedi antes de beijá-lo. “Bem, eu realmente não quero ter segredos entre nós. Só não sei se eles estão prontos para isto, pode ficar confuso para eles. Eu fiquei embaraçada quando Thony me perguntou o motivo de não ter fotos de nós três quando ele nasceu.” Minha voz soou mais ativa, lembrei-me de Thony e o sentimento de culpa. “Eu apoio você, mas saiba que Florence e Thony podem ficar chateados.”



“É o preço, linda.” Foi apenas um sussurro que soprou perto de minha bochecha. “E estou disposto à paga-lo.”



“Certo.” Falei em tom de fim de conversa. Edward levou a mão para minha lateral, apertando-me. “Boa noite.”



Antes que eu me entregasse novamente ao sono, a porta do quarto fora aberta e eu tive uma visão doce e engraçada. Mesmo na penumbra, vi Florence e Anthony carregando cobertores e travesseiros. O ato de todas as noites dos últimos meses.



“Filhotes?” Edward não mascarou a surpresa, ele esfregou os olhos e sorriu. “Problemas para dormir?”



Meus filhos e eu sorrimos. Anthony caminhou para perto de nossa cama, sorrindo como Edward. Florence o acompanhou, parando perto do pai. “Uh, tudo voltou ao normal, não é?” Ela perguntou, olhando-me de soslaio. “O pai voltou para casa e nós voltamos para nossas camas?”



O olhar surpreso de Edward não passou despercebido por ninguém, ele me olhou, pedindo algumas respostas. Meu sorriso saiu aberto e verdadeiro. “Era ruim dormir com tanto espaço. Florence e Anthony eram piores que você, eu sempre acordava sem cobertor e sem travesseiro.”



“Vou sentir sua falta, mãe.” Thony falou e beijou minha testa. “Essa cama é espaçosa, mas estou contente por tudo ter voltado ao normal.” Ele falou para mim, mas os olhos estavam em Edward.



Edward e eu sorrimos. Como Edward sempre dizia, a sorte nos amava, pois nossos filhos eram perfeitos demais. “Tudo normal, filhotes.” Eu repeti para eles, vendo dois sorrisinhos fofos, dois sorrisinhos de Edward.

(...)

“Amorzinho, você ficou tanto tempo na casa de Louise!” Exclamei quando Anthony passou pela porta da sala, segurando o vídeo game. “Espero que você não tenha incomodado-a. Nicholas não quis vir com você? Poderiam jogar mais aqui.”



Anthony parou no primeiro degrau da escada. “Uh, não. Acho que o Nicholas tem medo de meu pai, você sabe, tem toda aquela coisa dele com a Flor.”



Edward, ao meu lado no sofá, apenas soltou uma respiração pesada. Eu já tinha explicado mil vezes que Nicholas nunca, se quer, tinha olhado com qualquer intenção para Florence. Ele era calado e, pelas as palavras de Anthony, muito inteligente e gostava de instrumentos musicais. “Amor, sem ciúmes, sim?” Falei perto do ouvido dele. “Florence nem lembra que ele existe. O menino não tem medo de você.”



Ele soltou mais uma respiração longa, cheia de resignação. “Por que eu tenho a intuição de que esse moleque ainda vai me tomar minha filha?”



Minha risada saiu sem minha permissão. “Sabe, além dos motivos óbvios, Charlie faz uma falta imensa em nossas vidas. Você deu sorte, Edward. Não teve um sogro. Não sei o que vai ser dos namorados de Florence, você é tão inflexível.”



“Ela tem dez anos.” Edward colocou com a voz firme, olhando-me de soslaio. “Linda, eu nunca disse que seria um bom sogro.”



Nossa conversa terminou no momento em que Florence e Anthony desceram a escada. Eles carregavam o tabuleiro de xadrez, dado por Carlisle. O aquecedor era potente e eles não usavam roupas de frio. “Flor realmente está disposta a perder para mim, pela enésima vez.” Thony disse com divertimento, colocando o tabuleiro sobre a mesa de centro. “Posso ter sua torcida, pai?”



“Sempre.” Edward respondeu na velocidade da luz. “Eu torço por Thony e Bella por você, lindinha.” Ele também sorria, Edward esticou-se e pegou os cabelos de Florence.



Uma partida de xadrez entre Thony e Florence demorava uma eternidade para terminar. Os dois eram muito bons, eles sabiam proteger e atacar. Tentei não mostrar meu tédio, não que não fosse bom ficar olhando para minhas crias, mas eu estava cansada de ver os dois movendo aquelas peças e não chegando a lugar nenhum.



Edward também parecia meio cansado, mas ele ainda se concentrava nas jogadas e soltava interjeições, quebrando, assim, o silêncio quase sufocante da sala. Ele nós ajeitou no sofá, deixando minha cabeça na curva do pescoço dele. “Ainda me pergunto como posso ter duas criaturinhas tão bonitas e inteligentes.”



Sorri e beijei a pele exposta do pescoço cheio de marquinhas. “Você tem dois filhos maravilhosos, aceite.” Soltei com divertimento. “É estranho vê-los tão pacíficos, lembra quando os dois viviam brigando? Eu gosto de vê-los unidos, é assim que deve ser.”



“Florence, Anthony?” Edward os chamou depois de um silêncio curto, quebrando a concentração deles. “Posso conversar com vocês?”



O susto me fez olhá-lo, Edward me deu um olhar tímido, mas foi fácil ver que ele não estava tão nervoso, talvez meio inquieto. “É importante.” Ele continuou e pegou minha mão, buscando a apoio e ele logo o encontrou, também sorri, dizendo que eu estava ali, ajudando-o.



Nossos filhos ergueram os olhos, meio irritados pela interrupção. Florence pegou o espaço ao meu lado e Anthony sentou-se no braço do sofá. “Estamos ouvindo, pai.” Thony falou com tranqüilidade, escorando em meus ombros. “Sobre o que é?”



Não existia clima pesado, aquele era um assunto quase morto e, para enterrá-lo, seria necessário deixar nossas crianças cientes. Edward puxou Florence para o colo, ela sorriu e deitou o rosto no ombro do pai, Anthony abriu um sorriso e continuou ao meu lado, desembaraçando meu cabelo. “É sobre Bella e eu, sobre meus pais... Sobre muita gente.”



O tom firme de Edward levou a curiosidade para os rostos de Florence e Thony, os dois ficaram em silêncio, esperando a continuação. “Eu amo vocês, sim? Nunca duvidem disto, esta é uma das poucas verdades que vocês têm.” O pedido foi simples e sincero, Edward buscou uma respiração e eu lhe apertei a mão. “O pai teve um irmão, mas ele não era de sangue, mas eu o considerava muito.”



A surpresa correu para o rostinho de Florence, ela encarou Edward, pedindo mais detalhes. “A vó Esme adotou-o quando ele perdeu os pais em um incêndio, ele se chamava Sebastian.” Nem mesmo o nome saiu de tom nervoso, tudo em Edward beirava a calmaria, até a inquietude não existia mais. “Ele não era como vocês dois. Demorei a perceber, mas, com o tempo, descobri que ele não prestava. Ele fez muito mal aos meus pais e à Bella.”



Anthony abriu a boca para falar, mas Edward não deixou e apertou minha mão, quase quebrando meus dedos. “Ele era louco, ele se matou e pediu para que eu fizesse muito mal à mãe de vocês.”



“Pai, o que ele pediu?” Thony perguntou rapidamente, com o tom curioso. “Tenhocerteza que você não fez nada de ruim.”



“Mãe, ele não é nosso tio, não é?” Florence realmente parecia em dúvida. “Ele é ruim!”



“Lindinha, ele não é nada.” Minhas palavras saíram cheias de certeza, cada sílaba estava repleta de indiferença. “Só é bom vocês saberem, mas não precisam ficar pensando nisto.”




Edward estava com os olhos em Thony, buscando uma boa maneira de continuar aquilo. O verde era límpido, nem mesmo as memórias tiraram o brilho. “Filhotes, o pai erra. E erra muito.” Ele começou, alternando olhares entre Florence e Anthony. “Eu fiz a mãe de vocês ficar tão triste. Eu a machuquei, falei o que não devia, não acreditei na palavra dela.” Edward levou os olhos para mim, sorrindo como anjo. “E eu me apaixonei e tudo ficou louco.”



Thony não tirava os olhos de Edward, eu via certa inquietude e dúvida. “Eu não posso acreditar que você machucou nossa mãe! Por que você fez isso, pai? Ela não merece essas coisas.”



“Eu sei que não, filhote.” Edward falou mais baixo. “Eu vou entender se vocês ficarem com raiva de mim.” Ele manteve a voz baixa, meio incerto. “Eu só não quero ter segredos com meus filhos, vocês merecem saber.”



Um barulho vindo de Florence chamou minha atenção, ela chorava contra a camisa preta de Edward. “Pai, o que ele fez com minha mãe? Você disse que ele é louco.”



Aquela era a parte delicada, eu não estava certa sobre contar o que Sebastian fez comigo, eu pedi para que Edward não entrasse em detalhes. “As pessoas podem ser muito ruins, Florence. É tanta maldade que nem consigo explicar, com o tempo você saberá o que aconteceu, mas, apenas saibam que ele tirou o que eu daria tudo para conhecer. Sabem os pais de Bella, Renée e Charlie? Ele os matou.” Edward falou ainda mais baixo, eu vi a umidade acumulando nos cantos dos olhos dele. “Eu queria muito que vocês conhecem os avôs de vocês. Também não os conheci, mas tenho certeza que eles eram incríveis, como não ser sendo os pais de Bella?”



Edward e eu sabíamos que tinha muita coisa por trás, mas, para duas crianças, aquilo já estava ótimo. O tempo traria as cartas e as atrocidades de Sebastian. Eu me movi no sofá, trazendo Thony para o meu colo. “Amorzinho, pensando em quê?”



“Por isso que vocês estavam brigados quando eu nasci?” Thony colocou com calma. “Era por causa dele?”



“Eu não sabia que seu pai era o irmão dele, Thony.” Falei com a mesma calma. “Eu só fiquei irritada, mas você nasceu e eu percebi que não poderia ficar sem Edward, nem deixar que você ficasse sem o melhor pai do mundo.”



Thony rolou os olhos, debochando de verdade. “Ei, você deveria ficar feliz por ter nos unido novamente.” Eu o adverti, vendo o rubor tingir o rosto dele. Anthony detestava ser repreendido. “Sei que tudo é confuso, mas se não fosse ele, não existiria a família mais linda do mundo.”



O silêncio imperou entre nós. Florence aproveitava o balanço das pernas de Edward e Thony enfiava os dedos em meu cabelo, quase depositando todo o nervosismo que o assolava. “Alguém quer ir fazer pipoca comigo?” Edward colocou com falsa animação. “Sei que vocês gostam.”



Ele não teve nenhuma resposta. Thony desviou o olhar e Florence apenas saiu do colo dele. Edward ficou em pé, olhando para mim, o rosto era meio dolorido. “Vai ser com manteiga, sim?”



Dei-lhe meu melhor sorriso, incentivando-o. Edward caminhou para a cozinha, tendo Flip como companhia. O cachorro parecia mais animado e ele adorava seguir os passos de Edward, sempre lhe mordendo nos calcanhares.



Tudo o que eu precisava era ficar sozinha com Thony e Florence. Ajeitei-me no sofá, trazendo os dois para o meu colo. Minhas coxas protestaram e eu descobri que meus filhotes eram pesados. Os olhos de Anthony me cutucavam e eu ria para a dor que sentia.



“Não quero que fiquem com raiva de Edward, sim?” Soltei enquanto dividia meus olhares entre os dois. Florence abriu um sorriso de lado e Thony a acompanhou. “Ele não fez por mal. Vocês vão crescer e perceber que tudo foi difícil para ele também.”



“Eu não quero saber o que meu pai fez com você, mãe.” Thony me atropelou, quase indignado. “Ninguém tem o direito de te machucar.”



“Eu já disse que você inteiramente igual ao seu pai? Saiba que adoro sua proteção, amorzinho.” A fala saiu com emoção, Thony abriu ainda mais o sorriso e eu não pensei antes de bater meu nariz no dele. “Obrigada por cuidar de mim, mas tente entender o lado de seu pai.”



Florence veio me beijar na bochecha, ela, doce e delicadamente, pegou meus olhos. Eu ainda iria me acostumar com a beleza dela, era quase ultrajante. “Mãe, eu não quero saber mais nada sobre ele.”



“Tudo bem, lindinha.” Retribui o beijo, ainda a olhando nos olhos cor de mel. “Vamos esquecer tudo isso.”



Os dois sorriram em sintonia, um espelhando os atos do outro. Também sorridente, sair do sofá e caminhei para a cozinha. “Mãe, pede para o pai colocar muito sal na pipoca, tá?” Thony pediu com um sorriso cheio de persuasão e eu soube que tudo estava ficando bem de novo.



Tentei não ser notada, meus passos foram cadenciados e eu parei atrás de Edward vendo-o ter problemas com a pipoqueira. “É bom ligar na tomada antes.” Assustei-o com minha voz, não perdi tempo e abracei-o, deixando beijos nas costas dele. “Dê tempo à Florence e Thony. Sei que eles vão te entender. Os dois só te amam muito, nunca pensaram em uma coisa dessas.”



Edward também sorriu, ele jogou muito sal sobre o milho e deu start. O barulho da pipoca estourando fez-me sorrir baixinho. “Eles sabem que não poderiam ter um pai melhor. Você é o único homem que quero, eles também sabem desta parte. Você nos faz feliz e só isso que importa.”



Meu sorriso saiu grande quando Edward me colocou sobre os próprios pés e nos guiou para a sala. Ele ainda segurava a tigela de pipoca. Nós caímos no sofá, entre Florence e Anthony, os dois sorriram, cheios de divertimento.



Thony encheu a mão de pipoca e, antes de comer, deu um olhar doce para Edward. “Desculpe-me, pai.” Ele pediu com sinceridade. “Você é o melhor pai do mundo, nada vai mudar isto.”



“É, pai!” Florence engatou em seguida, sorrindo com doçura. “Você é o melhor.”



A cena era bonita demais para meus olhos, mas eu já tinha me acostumando com cenas tão doces. Tudo era bonito quando envolvia meus filhos e Edward. Eu, olhando para Edward, peguei um pouco pipoca. Ele apenas moveu-se para mim, sorrindo com presunção. Só consegui beijá-lo, com a boca cheia de pipoca salgada demais. “Te amo, simples assim.”




Enfim o fim :( Mais uma história linda que tivemos a honra de trazer pra vocês :) e não fica por aí.. Logo logo tem estréia por aqui !! Só temos que agradecer pelo carinho com a história da Kelly. Até mais nos coments Bjks






10 comentários:

Val RIBEIRO disse...

amei.... mas que susto com EDWARD mas foi ótimo tudo acabou bem...chorei muito lendo essa fic e desculpe quando fiquei enchendo o saco quando não postavam sou muito ansiosa...

Unknown disse...

Nossa uma das historias mais lindas que ja lie ... ja estou :'( nossa acabou ...ainda nao caie na real....acabou :'(. obrigada ppr ppstar emma.... e mil parabens a autora... obrigadaaaa amei!!!!

Unknown disse...

Nada querida eu que tina que ter lembrado as meninas pra postarem qdo não pude.. Ficamos felizes que tenham gostado de mais essa que vai deixar saudades ):)

Unknown disse...

Awn querida não precisa agradecer.. toda essa busca por lindas histórias é por vcs <333 Vai deixar saudades mas logo voltamos com novas ;)

Bells disse...

Nervosa com Ed no hospital. Mas tdo terminou bem...
Ameiii o Fic

Unknown disse...

Muito bom.
Adorei todos os capitulos.
Parabéns

Unknown disse...

Muito bom.
Adorei todos os capitulos.
Parabéns

Unknown disse...

Parabéns...amei do começo ao fim...vou sentir falta desta leitura q me acompanhou por absurdos dias....

Carol disse...

Simplesmente amei
Foi muito bom cada capítulo.
Parabéns

Kayra magalhães disse...

Eu amo tanto essa fanfic, mds

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