FANFIC - O CONTRATO - CAPÍTULO 22

Olá Amores!!! Hoje vamos curtir o 22° capítulo de "O Contrato". Quer acompanhar a história desde o início?Clique aqui.


Um plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Bella é envolvida em um esquema criado por Edward Cullen acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Edward precisava casar para poder herdar a sua parte que lhe cabe na empresa do pai e, após seduzir Bella fazendo a mesma se casar com ele, mostra sua verdadeira face. Agora, casados, terão de enfrentar um casamento que é uma verdadeira farsa, mas será que Bella poderá transformar seu casamento em algo real e digno de conto de fadas?


Autora : Jacqueline Sampaio
Classificação: +18
Gêneros: Romance
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo




Capítulo 22



Bella pov’s


Eu me lembro... Lembro o que senti quando Edward colocou pela primeira vez a aliança em meu dedo anular. A emoção, aquela sensação de “felizes para sempre” me atingindo e me fazendo perder o ar. Foi algo maravilhoso. E Edward me fez, em pouco tempo, sentir a maior felicidade do mundo quando me desposou e o pior sentimento do mundo quando me rejeitou.

Olhei a aliança em meu dedo, aliança esta colocada por Edward ontem, antes dele dormir.

–Bella. –Murmurou sonolento. Continuei parada, olhos fechados.

–O que foi? –Perguntei sentindo o cansaço me esmagar. Ouvi um barulho, mas não me importei. Senti Edward pegar minha mão esquerda e quando abri meus olhos eu vi o que fazia: Edward colocava novamente a aliança no meu dedo anular. 
–Só estava faltando isso. –Murmurou. Ele não notou minha reação. Beijou-me e deitou-se quase sobre mim aconchegando-se em meus braços. Eu fiquei ali, parada, em choque pelo seu ato. Lembranças do passado me atormentaram e me vi incapaz de ficar ali. Fui para o meu quarto a fim de não olhar para o rosto de Edward e deixar as lembranças ruins ainda mais vivas. 

Já havia amanhecido. Logo meu despertador tocaria indicando que eu deveria me levantar e começar a me arrumar para ir ao trabalho. Eu não havia dormido um minuto sequer. Por que não consegui dormir mesmo após sair do quarto de Edward e vir para o meu quarto? Acredito que o principal motivo foi a Bella racional martelando a minha cabeça a todo instante, dizendo que esse Edward era uma farsa.

Eu não queria acreditar nisso, queria acreditar em Edward e tentar ser feliz enterrando o passado, mas a cada atitude gentil dele a desconfiança vinha, a Bella racional também assim como as mágoas passadas.

Continuei a olhar o aro dourado carinhosamente colocado por Edward na noite anterior. Após refletir muito (todas as horas em que eu deveria dormir), eu soube que, por mais que eu tentasse me esforçar, eu não conseguiria deixar a desconfiança de lado e conseqüentemente eu não poderia corresponder a todos os anseios de Edward.

...

–Bom dia Bella. –Eli disse enquanto eu chegava à sala de estar. Sorri para ela.

–Bom dia. Como você está? Edward me disse que estava doente. –Sentei em uma cadeira da mesa de jantar. Prontamente Eli veio até mim a fim de me servir, mas fiz um gesto com a mão indicando que poderia me virar.

–Eu estou bem. Era só um resfriado. –Disse e logo sua mãe, Magdalena, apareceu. Sorriu largamente quando me viu.

–Olá Bella. Está linda! –Magdalena disse. Corei de prazer. Eu não achava que estava muito produzida, até por que maquiagem alguma pôde esconder as olheiras de uma noite insone. Além disso, eu vesti roupas simples, simples se comparadas com as roupas que tenho em meu closet. Calça jeans preta, camisa de botões branca, salto Stiletto preto e, por cima da camisa e botões, um blazer. Desde que decidi dar o troco em Edward eu estava me vestindo melhor. Agora escolher roupas bonitas e boas tornou-se parte do meu ser. Mas de fato eu estava um pouco mais vaidosa hoje... Provavelmente culpa do momento “feliz” que eu estava vivendo.

–Obrigada Magdalena. Bondade sua.

–Mas tem alguma coisa diferente com você, só não sei dizer o que é... –Magdalena disse olhando para o meu rosto. Mulher era fogo, intuitiva até mesmo inconscientemente. E então quando eu achei que ela captaria a mudança que ocorreu em mim desde que a vi pela ultima vez...

–Bom dia meninas. –A voz masculina e potente soou pelo amplo espaço. Magdalena se endireitou e olhou para Edward, que devia estar atrás de mim. As duas, quase sincronicamente, ficaram eretas e sorriram dizendo:

–Bom dia senhor Cullen.

Eu continuei com meus olhos fixos na xícara de café em minhas mãos. Senti uma mão em meu rosto erguendo-o. Olhei para Edward, senti sua pele em contato com a minha, seu cheiro delicioso de perfume caro e pós-barba, seus olhos brilhantes que continuaram abertos mesmo quando me beijou levemente nos lábios. Um meio sorriso projetou-se em sua boca enquanto se afastava.

–Bom dia meu amor. –Falou com uma voz excessivamente doce. Havia tanto amor naquele simples ato que me senti estremecer. Eu não ousei olhar para Magdalena e Eli, voltei meus olhos para minha xícara.

–Como você está Eli? –Edward perguntou sentando ao meu lado. Magdalena aproximou-se e começou a servir Edward.

–Eu estou bem senhor. Obrigada pelo dia de folga para minha mãe e eu. Graças a isso eu pude me recuperar. –Eli disse. Magdalena terminou de servir Edward e agora lhe dava o jornal do dia.

–Mas você está bem? Se quiser mais dias eu posso conceder a você e a sua mãe. –Edward disse preocupado.

–Não se preocupe, eu estou bem senhor.

–Bem agora voltaremos à cozinha. –Magdalena disse puxando Eli pelo braço em direção a cozinha. Notei que Magdalena piscou para mim. Que ótimo, agora elas sabiam que Edward e eu tínhamos nos entendido! Claro que mais cedo ou mais tarde todos ficariam sabendo, mas eu não me sentia preparada. Aliás, eu não me sentia preparada para nada.

Edward não pegou o jornal para ler, bebericou o café com os olhos em mim.

–Não encontrei você no quarto. Fui ao seu quarto e notei que a sua cama estava desarrumada. Você dormiu lá? –Apesar da forma despreocupada com que perguntou pude sentir algo mais profundo, como se Edward estivesse queimando em curiosidade pela minha resposta.

–Eu só consigo dormir em meu quarto. –Disse olhando para a cozinha. Onde estão Magdalena e Eli quando se precisa delas?

–Você não está com uma expressão boa no rosto. Parece que quase não dormiu. –Ele disse. Suspirei. Mentir não iria me levar a lugar nenhum até por que o cansaço que antes não parecia me incomodar já estava fazendo efeito no meu corpo.

–Não dormi nada. –Confessei. Senti a mão de Edward pousar em cima da minha e vi em seus olhos preocupação.

–Então seria melhor você ficar e descansar amor. –Disse. Eu não conseguia manter uma neutralidade quando via Edward falar palavras tão carinhosas comigo.

–Eu estou bem, além disso, tenho trabalho acumulado. Agora que a Jess não está lá tenho mais trabalho. –Levantei. Por algum motivo eu estava meio nervosa na presença de Edward, talvez fosse por que ele tivera aquele desabafo comigo deixando claro o quanto queria que eu agisse como esposa perfeita. O problema era que eu não sabia como proceder.

–Ei. Já vai? –Perguntou segurando-me pela mão. –Eu não vou demorar com o café. Pode me esperar um pouco? –Notei a irritação na voz. Sentei em minha cadeira. Eu não queria discutir por isso o obedeci sem hesitar.

–Já que está tão cansada e se recusa a ficar aqui, deveria ir comigo para a empresa ao invés de ir de moto. Pode ser perigoso. –Edward sugeriu. Meu corpo se preparou para recusar, era automático. Respirei fundo, eu precisava tentar ser um pouco mais... Amável.

–Tudo bem.

...

Eu me sentia tão estranha! Aquele Edward era um completo desconhecido para mim. Agora mesmo pegou minha mão enquanto me olhava e sorria. Fomos de mãos dadas para o estacionamento sem dizer nada para o outro. Edward abriu a porta do carro para mim, seu luxuoso carro que ainda me intimidava, e logo estávamos seguindo para a empresa.

Seu rosto era risonho, feliz por eu não estar sendo tão difícil. Enquanto suas mãos estavam no volante, eu olhava para minha mão esquerda, para a grossa aliança no dedo anelar.

Seria real? De fato Edward e eu seriamos felizes para sempre, como acreditei no dia em que me casei com ele? Poderia alguém que antes parecia desprezá-la amar você a tal ponto e mudar completamente?

Por que Edward me submeteu a toda essa confusão?

–Chegamos. –Edward disse desafivelando o seu cinto de segurança. Olhei em volta só agora notando que nós estávamos no estacionamento da empresa, na vaga reservada a Edward. Retirei meu cinto de segurança e peguei minha bolsa no banco de trás. Tentei sair, mas não consegui abrir a porta. Notei que a trava estava fechada.

–Edward, você pode abrir a porta pra mim? –Pedi. Como não vi nenhum barulho que indicasse que Edward estava acatando meu pedido, virei para olhá-lo. Ele me olhava com expressão maliciosa. Assustei-me. –O que foi?

–Abro a porta... Se você me der um beijo. –Disse numa voz baixa, sedutora. Congelei. Eu sabia do poder de sedução de Edward, eu fui seduzida por ele quando eu não era nada para ele. No entanto eu nunca senti tanto seu poder de sedução como agora.

Fiquei parada, os olhos nos olhos ocres de Edward. Ele subitamente pegou minha mão e me puxou para a prisão dos seus braços. Antes que eu pudesse dizer algo, Edward me beijou de um jeito intenso, poderoso. Seus lábios moviam-se com força, suas mãos em mim, prendendo-me mais a ele. Uma mão puxava gentilmente meus cabelos bagunçando-os enquanto a outra estava na base das minhas costas me apertando contra seu corpo mais e mais. Edward foi se inclinando, deitando-se sobre mim. Nossas línguas dançavam de um modo único, intimo. Minhas mãos, até então paradas, migraram para sua nuca e quando eu pretendia puxá-lo para mim... Um barulho de buzina soa.

Assustada, eu o afastei. Edward me olhou contrariado, mas como o barulho de buzinas estava mais e mais evidente, afastou-se. Olhei para os lados e notei que o estacionamento estava movimentado.

–Droga. –Murmurei tentando consertar com os dedos o caos que era o meu cabelo. Eu podia sentir os olhos de Edward em mim.

–Não sei o porquê do estresse. Somos marido e mulher. É perfeitamente normal um casal...

Ergui a mão e Edward calou-se.

–Não começa. Eu preciso ir. –Disse e sai do carro. Edward logo saiu. Caminhou lado a lado comigo.

–Por que está brava comigo? –Perguntou. Apressei o passo. Não queria que ele visse o quanto meu rosto estava corado e o quanto eu estava constrangida. Edward apressou o passo mais ainda e ficou de frente para mim, olhando meu rosto vermelho como pimentão e o modo insistente como eu fitava o chão.

Ouvi sua risadinha e então voltou a caminhar ao meu lado. Apertei o botão do elevador e quando Edward fez menção de entrar comigo, eu o barrei com o braço.

–Você é um executivo. Seu elevador é o outro ali, mas luxuoso. –Apontei para o elevador de Edward. Ele olhou para seu luxuoso elevador especulativo.

–Pego aquele elevador se você jantar comigo. –Seu corpo estava inclinado em minha direção, às mãos prendendo a porta. Suspirei.

–Não posso prometer. Estou com sono, ao final da noite estarei acabada.

Edward não poderia me contestar achando que eu o evitava, estava claro que eu estava incrivelmente cansada.

–Voce definitivamente deveria ficar descansando em casa. Se forçar desse jeito não é nada bom. –Disse preocupado.

–Vou ficar bem com um pouco de café.

Eu o vi entrar no elevador e apertar o botão do nosso andar. Bufei.

–Nem adianta reclamar. Eu disse que pegaria meu elevador se você aceitasse sair comigo e você não aceitou. –Sorriu enquanto encostava-se nos fundos do elevador. Um barulho soou e mais duas pessoas entraram. Ficaram surpresas ao ver Edward, o cumprimentaram e cumprimentaram a mim também. Edward me puxou pelo braço para mais perto dele. Seu toque me passava confiança, tranqüilidade, pelo menos foi o que eu senti naquele momento. Claro que quando eu saísse tudo voltaria a ser desconfiança e caos.

Edward me acompanhou até o meu cubículo. Eu me movia devagar, como uma velha, e sentei em minha poltrona pesadamente. Liguei meu computador e deixei minha bolsa em cima da minha mesinha.

–Bella... –Edward chamou, mas uma voz feminina nos interrompeu.

–Senhor Cullen, Bom dia. Estava a sua espera. Há uma reunião importante agora. –Era a secretária de Edward. Edward suspirou e me deu um sorriso meio tristonho.

–Preciso ir, nos vemos a noite. –Aproximou-se de mim e me beijou nos lábios. Desapareceu para dentro de sua sala.

...

–Merda! Como ela soube? –Perguntei a Angela.

–Não sei Bella. Acho que o Jacob deve ter falado. Jess me ligou três vezes, disse que não conseguiu falar com voce. –Disse e se ocupou em comer mais um pouco de sua salada.

Ótimo, Jessica soube e não foi pela minha boca. Ela iria me matar quando soubesse com detalhes como deixei alguém tão bom como Jacob para ficar com Edward, o ex-patrão que ela odiava. Mexi distraidamente minha comida com o garfo. 

–O que eu devo dizer a ela? Não estou querendo ouvir o que eu já sei, que fiz uma grande besteira.

–Simples: diga a Jess que o Edward é bem dotado e bom de cama. Ela vai parar de criticá-la. –Angela disse tranquilamente. Fiquei vermelha como um pimentão.

–Não vou dizer algo assim. Não vou conseguir. –Balbuciei. Vi Angela sorrir.

–Vai mudar de idéia quando ouvir a gritaria da Jessica. Ela está realmente agitada com a notícia.

–Imagino. Eu vou ligar para ela assim que eu chegar a minha mesa. Acho que meu celular deve ter descarregado para eu não ter ouvido. –Olhei o relógio. Nosso horário de almoço acabara. Eu me despedi de Angela e fui trabalhar ciente e que eu tinha MUITA coisa para fazer.

...

Meu celular de fato estava descarregado e minha bolsa. Eu o coloquei para carregar e o liguei, havia varias ligações de Jessica. Eu não liguei para Jessica, mandei apenas uma mensagem. Prontamente Jessica ligou. Não atendi. Ao invés disso estabeleci uma conversa por mensagem. Jessica estava fula comigo e queria me ver. Tentei dissuadi-la a um encontro hoje alegando cansaço, mas ela não me deu muito espaço.

Nós iríamos nos encontrar após meu expediente em um barzinho ao lado da empresa em que ela trabalhava. Eu estava absurdamente cansada, mas não poderia dizer não. Quando Jess queria algo era difícil negar a ela.

“Vamos lá Bella, acabe logo com isso!” –Pensei. Fechei o celular após confirmar que iria. Eu o deixei carregando em cima da minha mesa e voltei ao meu trabalho. 

...

Cansaço, muito cansaço.

Fim do expediente. Eu estava o bagaço. Desde que Jess foi demitida meu trabalho como contadora cresceu muito. Tentando ficar acordada, eu desliguei meu computador e recolhi meus pertences. Olhei o relógio do meu celular enquanto o desconectava do carregador. Jess certamente estava me esperando.

Agradeci por não ter trazido a moto, eu não estava em condições de dirigir. A única coisa que faltava era comunicar a Edward sobre os meus planos para aquela noite. Eu já imaginava seu aborrecimento, visto que recusei seu convite de sair para jantar. Levantei da cadeira e tive que me segurar para não cair, eu estava tão cansada que me manter ereta parecia um grande sacrifício. Peguei minha bolsa e segui para fora do meu cubículo. Meu celular soava indicando uma nova mensagem. Eu o peguei e li a mensagem de Jessica me ameaçado de morte caso eu não fosse ao encontro. Sorri. Respondi que estava a caminho. Fui até o corredor que me levaria à sala de Edward. Cambaleante, olhei para o chão enquanto caminhava o que agravou ainda mais o cansaço de meus olhos.

Um tropeço e meu corpo foi para frente. Eu teria ido ao chão se braços não tivessem me amparado. Eu reconheci o cheiro e o calor antes mesmo de ouvir sua voz.

–BELLA! VOCE ESTÁ BEM? –Disse me firmando de pé. Eu encontrei os olhos cor de ocre de Edward me fitando com preocupação.

–Eu estou bem eu só... –Murmurei tentando me fazer entender.

–Eu não imaginei que você ficaria tão cansada. Deve ser por que você não dormiu bem. Vamos para casa. –Ele disse segurando minha mão e guiando-me para caminhar até o elevador.

–Eu não irei para casa. –Disse e Edward parou num solavanco.

–Por que não? –Perguntou surpreso e levemente irritado.

–Jessica descobriu que terminamos e está me cobrando um encontro. Se eu não for ela vai me azucrinar. Eu vou me encontrar em um barzinho próximo a empresa que ela trabalha.

Entramos no elevador executivo. Edward segurou minha mão. O rosto mostrava sua tensão.

–Eu posso ir com você? –Pediu. Suspirei pesadamente.

–Jess não gosta de você. Melhor não. –Vi Edward sacudir a cabeça em negativa.

–Bella, eu... –Edward começou.

–Olha, eu não vou demorar. Eu vou conversar com ela por alguns minutos e vou para casa.

–Acho uma bobagem isso. Você está cansada, deveria ir para casa descansar.

Estava claro para mim que Edward me tentava dissuadir de sair. Ele queria ficar comigo, suas atitudes amorosas sempre me surpreendiam.

–Eu até o ouviria, mas se cancelasse eu não dormiria hoje. Jessica iria me atormentar. A fim de ter uma boa noite de sono preciso logo contar a ela minha versão dos fatos. Após conversar com ela irei de taxi para casa.

Edward fechou os olhos e com a mão livre colocou os dedos em suas têmporas.

–Vou levá-la ao lugar. Não aceitaria sua negativa. –Falou com convicção. Eu não queria que ele me levasse, mas também não queria discutir. Com os lábios franzidos pelo desgosto, balancei a cabeça para cima e para baixo em afirmação. O rosto de Edward suavizou-se ante meu comportamento quase simpático.

–Eu a levo e posso buscá-la. Se você quiser eu posso até ficar em algum lugar nas proximidades assim quando você acabar de falar com sua amiga eu irei...

–Nem pensar Edward. Você me deixa lá e vai para casa. Ponto. –Fui incisiva. Edward certamente não gostou, ele não gostava quando as coisas não eram do seu jeito, mas não disse nada.

Logo estávamos em seu carro. Edward dirigiu em silencio até o barzinho onde Jessica me esperava. De fato o lugar era ao lado da empresa, devia ser o point onde os funcionários se encontravam ao final do dia. Naquele momento me ocorreu que eu poderia encontrar Jacob. Era bem verdade que eu sugeri a ele mantermos contato, mas eu não estava preparada para encontrá-lo. Após estacionar em frente do lugar Edward suspirou pesadamente. Recostou-se em seu banco e olhou para frente. Eu o encarei sem entender o seu mal humor. Só por que nós estávamos juntos não significa que tudo seria como ele quer e que eu deixaria de ver meus amigos.

–Por que esse aborrecimento? Eu não entendo. –Após ouvir minhas palavras Edward se dignou a olhar para mim. –Não vou deixar de viver a minha vida por que você quer. Eu não serei mais aquela Bella que tinha você como o centro do mundo. –Meu tom de voz era calmo, bem diferente do normal. Eu não queria que ele achasse que eu estava sendo grosseira.

Pelo medo como Edward me olhava ele interpretou minhas palavras exatamente como eu queria.

–Eu sou o pior, você sabe. Tenho muitas características que me classificam como um ser desprezível ou pelo menos eu tinha tais características. Se têm algo que não mudou em mim é o meu egoísmo. E, embora ele esteja sempre presente, não é ele que está se manifestando agora.

–Então quem seria? Essa sua nova persona eu não conheço. –Falei com sarcasmo, mas me contive ao ver a expressão de Edward, era um misto de preocupação e tristeza. 

–Jacob está ai? –Perguntou.

–Não sei, talvez sim. Jess não disse nada e eu não perguntei. Mas e se ele estiver? Eu não vou proibi-lo de estar nos mesmos lugares que eu. –Protestei. Subitamente minha mão foi capturada por Edward. Ele a colocou gentilmente no lado direito do seu rosto.

–Eu sei que nada está garantido pra mim apesar de você ter me escolhido. Tenho medo que você o encontre e Jacob a convença a voltar atrás.

Eu me mantive parada, olhando para ele enquanto minha mão ainda estava em seu rosto.

–Isso não vai acontecer. Jacob me odeia, não quer nem a minha amizade. Ele não vai voltar atrás, eu sei.

–Mas e se ele voltasse atrás? Se ele dissesse a você que e escolher foi uma grande besteira e tentasse reconquistá-la?

–Eu não vou voltar para ele. Primeiro por que Jacob não vai voltar atrás e mesmo que ele voltasse, eu não voltaria. –Disse convicta com meus olhos nos seus. Edward sorriu.

–Por que você não voltaria atrás? –Perguntou fechando os olhos e beijando a palma da minha mão.

Era a hora. Era hora de dizer que eu o amava. Mesmo que isso pudesse me prejudicar eu precisava...

–Hei, não pode estacionar aqui! –A voz masculina disse batendo no vidro. Eu olhei para a carranca de um homem bem vestido, devia trabalhar no bar. Edward se afastou de mim e ligou o carro seguindo para a lateral do bar. Estacionou lá.

–Eu preciso ir. –Disse desafivelando meu cinto de segurança. –Eu não vou demorar, pegarei um taxi e irei para casa. Espere-me lá. –Disse. Eu ouvi a voz de Edward, ele disse “eu te amo”. Fingi não ouvir. Eu tinha medo de confessar o que eu sentia. Medo por que se Edward percebesse que eu o amava e estava na palma da sua mão, ele poderia me chutar novamente.

Eu não agüentaria ser magoada novamente.

Entrei no bar. Estava lotado, a maioria das pessoas no bar eram funcionários da empresa de Jess e Jacob. Temi encontrá-lo, não queria ver seu olhar magoado. Não o vi e logo avistei Jess sentada em uma mesa com dois rapazes a ladeando.

–Jess? –Chamei. Ela desviou os olhos de um cara com quem até então estava conversando e me olhou. Seus olhos antes simpáticos passaram para furiosos.

–Olha quem está ai, a destruidora de corações! –Falou relativamente alto. Os rapazes sentados ao lado dela olharam para mim, um com desinteresse e o outro, o que não estava conversando com ela quando eu cheguei, me olhou com malicia.

–Que amiga linda! –Ele disse. Não dei trela para eles.

–Vamos conversar. –Pedi sentando do outro lado. Jessica levantou puxando o cara ao seu lado pela mão.

–Eu ainda to muito irritada. Preciso dançar um pouco antes de falar naquele assunto. –Falou indo para um espaço reservado para os casais que queriam dançar. Uma música lenta soava pelo barzinho. O outro cara veio se sentar em uma cadeira ao meu lado.

–E ai meu bem, quer uma bebida? Pago com maior prazer para você. –Falou e notei que seu hálito era puro álcool. Eu me afastei.

–Eu não bebo. Preciso ir ao toalete. –Levantei. O cara me segurou pelo braço.

–Não desaparece tá? Gostei de você. –Falou com uma voz chata tentando ser soar sexy. Eu me afastei.

Não fui para o toalete, fui até Jessica que dançava com o outro carinha, um rapaz que aparentava ser mais jovem do que ela. Eu a puxei pelo braço.

–Jess se não conversar comigo agora eu vou embora! –Disse firme. Jess me olhou azeda e se afastou comigo para uma mesa vazia. O carinha que dançava com ela ficou nos olhando no meio da pista de dança. Sentamos em uma das mesas. A principio ficamos caladas.

–Eu... –Balbuciei querendo começar um diálogo. Jess começou por nós.

–Como pôde fazer isso com ele Bella! Ele te ama e sempre foi legal com você, mas você o desprezou para ficar com aquele filho da puta que te sacaneou! Bella, você se lembra? Fui EU que mostrei ele traindo você com a vaca da Tânia! E ela não foi à única! Como perdoou o que ele fez? Ele não merece você! Viu o que ele fez para te prejudicar? ELE ME DEMITIU!

Ok, eu estava cansada, com dor de cabeça e nenhum pouco disposta a ouvir as lamúrias de Jess. Eu tentei desconectá-la da minha cabeça, mas não consegui. Ela continuou a berrar, criticando-me pesadamente. Suspirei e disse o que eu havia dito a Angela que não falaria.

–Ele é bom de cama. Murmurei. Jess parou de falar no ato.

–O que? –Perguntou com olhos e ouvidos arregalados.

–Eu perdi a minha virgindade com ele, você sabe, e ele é extremamente bom de cama e é bem dotado. –Eu estava a ponto de explodir de vergonha. Pensei que Jess diria algo construtivo como “e daí?”, mas...

–Sério! AIMEUDEUS! PÁRA TUDO! Ele é bom mesmo? Então está tudo bem. Agora você tem um marido lindo, rico, vaidoso e que é bom de cama. Que sorte a sua! –Ela falou ruidosamente. Definitivamente Jessica era uma incógnita. Eu pretendia criticá-la, mas não queria incitá-la a uma nova discussão sobre minhas escolhas.

–Conte-me os detalhes! Tudo! –Ela falou com os olhos brilhando.

–Eu contaria, mas estou esgotada. Só vim para dizer algo para você.

–AH BELLAAAA! –Ela murmurou num lamurio.

–Eu prometo que no nosso próximo encontro conto tudo. Eu preciso ir. –Levantei-me.

–Espera! Tem algo que preciso contar. –Jessica disse. Voltei a sentar. Ela parecia pouco a vontade e não me olhava nos olhos.

–O que foi? –Perguntei estranhando seu súbito silencio.

–Não fica com raiva de mim, tá? É que no dia em que você sairia com Jacob para perder a virgindade com ele eu encontrei com o Edward no RH.

–O que? Você o encontrou?

–Sim. Ele me provocou e eu estava irritada. Eu falei para ele o que você pretendia fazer. Eu sentia pelo modo como ele se comportava que ele sentia algo por você. Eu sinto muito Bella por ter contato, sei que não deveria, mas...

Refleti sobre as palavras de Jess. Então foi por causa dela que Edward reagiu e que estamos juntos? Eu não esperava por isso.

–Você está com raiva de mim? –Jess perguntou com a voz tremula. Eu teria ficado com raiva dela certamente, mas depois de tudo o que vivi com Edward, todos os momentos felizes, eu não poderia ficar com raiva. Eu deveria agradecê-la. Sorri.

–Então tenho que agradecê-la. Obrigada. –Falei segurando sua mão na mesa. Jess sorriu.

–Que bom por que eu não quero sair do seu apartamento ainda. –Falou no seu tom Jess de sempre. Rimos juntas.

–Agora eu preciso ir. –Eu me levantei.

–Já? Você acabou de chegar!

–Eu estou muito cansada. Se quiser chegar consciente em casa preciso sair agora. –Abracei Jess. –Até logo amiga.

–Até logo Bella. Cuide-se. –Ela disse. Eu me afastei e acenei.

Meu encontro com Jessica fora rápido. Provavelmente eu chegaria um pouco depois de Edward. Eu precisava estar em casa o quanto antes. Caminhei cambaleante até a frente do bar e olhei para os lados a fim de avistar um taxi.

Apesar de não ser muito tarde, não havia movimentação em frente ao bar. Mexi em minha bolsa e pensei em ligar para Edward, mas logo desisti. Eu não iria incomodá-lo. Recostei-me na parede do bar enquanto esperava um taxi. Fechei os olhos por alguns instantes. O barulho de pessoas que antes me cercava pareceu se resumir a um zumbido. E então senti o corpo amolecer e minhas pernas falharem.

Eu iria cair no chão, de cara. Doeria e muito, mas eu me vi incapaz de parar o movimento.

Algo me amparou.

Minha memória alertou que aqueles braços que me amparavam eram conhecidos, mas eu estava tão desnorteada que de inicio não percebi. Quando eu abri os olhos eu o vi. Edward com as mesmas roupas; olhava-me preocupado.

–Bella, tudo bem? –Ele me firmou no chão.

–O que você está fazendo aqui? –Perguntei numa voz falha. Não consegui fazer minha pergunta soar severa.

–O carro não quis pegar, fiquei esperando que ligasse. –Mentiu descaradamente puxando-me pela calçada. Eu o acompanhei trôpega até o carro estacionado em uma rua do lado do bar.

–Como se eu fosse acreditar em você... –Murmurei.

Edward abriu a porta e me ajudou a entrar em seu carro. Afivelou o meu cinto e logo mais estava ao meu lado ligando com facilidade o carro. Eu me recostei no banco fechando os olhos.

–O carro não estava com problema? Por que o ligou com tanta facilidade? –Perguntei já sabendo a resposta. Estava claro para mim que Edward mentiu. Mesmo com os olhos fechados eu sabia que ele sorria, reprimindo um riso.

–Tudo bem, eu confesso. Eu fiquei meio receoso de deixá-la aqui então resolvi ficar. Acho que fiz bem. Não há nenhum taxi nas ruas e você nem consegue ficar de pé.

Edward continuou a falar? Sua voz parecia fazer parte dos demais ruídos que iam silenciando pouco a pouco. Eu iria adormecer. Eu estava tão cansada que...

–Bella, amor, acorde. –Sua voz gentil dizia. Minhas pálpebras abriram e vi o seu rosto a centímetros do meu. Edward afagava meu rosto com meiguice.

Olhei em volta e notei que estávamos na garagem do condomínio.

–Nossa isso foi rápido. –Murmurei.

–Você acabou cochilando. Quer que eu a carregue?

–Não. Acho que posso ir andando. –Com a ajuda de Edward fui içada de seu carro. Segui lentamente para o elevador que nos levaria ao nosso andar. Edward segurava minha mão, parecia atento, pronto para me impedir de cair no chão. Ficamos em frente ao elevador e prontamente Edward apertou o botão, mas o elevador não veio.

–Que estranho... –Edward murmurou apertando o botão novamente. Nada.

–Deve ter acontecido algo. Melhor irmos ao térreo. –Recomendei seguindo para as escadas de emergência que nos levariam ao térreo. Cada degrau que pisei parecia um esforço hercúleo, mas me forcei a seguir com Edward logo atrás de mim. Quando chegamos ao térreo avistamos de imediato um dos funcionários do condomínio, um oriental.

–Erick. –Edward o chamou. Fiquei surpresa por ele saber o nome do rapaz, Edward não costumava se aproximar de funcionários. O rapaz o olhou e sorriu.

–Olá senhor Cullen. –Erick o cumprimentou. Logo seus olhos me encontraram. –Boa noite senhora Cullen.

–Boa noite. –Murmurei.

–O que está acontecendo? Tentei ir ao meu andar pelo elevador, mas nada aconteceu.

–Os dois elevadores apresentaram um problema agora a pouco e estão sendo avaliados por um técnico. Daqui a quinze minutos no máximo estarão liberados para serem usados. Será que o senhor e sua senhora poderiam aguardar um pouco no hall?

–Claro. Nós esperaremos. Vamos amor. –Edward saiu me puxando delicadamente pela mão levando-nos em direção a um bonito espaço do hall repleto de aconchegantes poltronas. Sentou-se em uma poltrona de couro marrom e me puxou para sentar ao lado dele. Sentei e de imediato relaxei. O pouco de energia que tinha eu havia gastado ao subir alguns degraus em direção ao térreo.

–Pode dormir se quiser. Eu carregarei você. –Edward disse. Bufei fechando os olhos e afundando no sofá.

–Eu agradeço a oferta, mas prefiro caminhar.

–Eu sei que prefere caminhar Bella, mas se conseguirá é outra história. Vamos, você pode deitar.

Olhei envolta, não havia ninguém nas proximidades. Eu queria bancar a garota birrenta e ficar de olhos abertos, mas meu corpo não queria cooperar. Então acabei deitando e minha cabeça foi para o colo de Edward. Fechei os olhos e senti a exaustão e tomar de uma forma avassaladora.

Não perdi a consciência como pensei. Pude sentir em meus cabelos o passeio dos dedos de Edward num afago continuo.

Sorri.

Lembrei de minha mãe, ela costumava afagar meus cabelos até eu dormir quando era pequena. Aquele sentimento de nostalgia conseguiu trazer um pouco mais de paz e felicidade para mim.

...

Quando abri meus olhos me senti sendo embalada nos braços de alguém. Edward deve estar me carregando para nosso apartamento, pensei. Aconcheguei-me melhor em seus braços sentindo aquele calor já conhecido e o cheiro de perfume masculino caro. Senti seus lábios em minha testa.

Enquanto minha mente variava da consciência a inconsciência tudo pareceu rápido, como se estivéssemos correndo ao algo assim. Logo senti embaixo de mim a textura do meu edredom e o cheiro de lavanda que impregnava meu quarto. Meus sapatos foram tirados e me acomodei melhor na cama deitando-me de lado.

Um peso adicional surgiu ao meu lado, de frente para mim.

–Eu vou tomar um banho. Posso vir para cá e dormir com você? –Edward perguntou. Seu rosto tão próximo do meu que senti o hálito com cheiro de hortelã em meu rosto.

–Tudo bem. –Murmurei antes mesmo de pensar a respeito do seu pedido; meus olhos fechados.

–Logo mais estarei aqui. –Prometeu beijando-me na testa. Pude sentir quando Edward deixou o quarto, era como se ele emanasse uma energia estranha, boa até, que desaparecia quando ele se afastava. Tentei despertar da letargia do sono após a sua saída. Eu precisava de um banho. Levantei cambaleante apoiando-me nos móveis. Felizmente meu roupão já estava pendurado em um gancho próximo ao chuveiro. Retirei as roupas lentamente, empregando uma rapidez que eu não tinha.

Não me importei com as roupas no chão do banheiro, só queria tomar um banho e dormir. A água morna me despertou um pouco, assim como o cheiro de meu sabonete. Não queria molhar os cabelos, mas estava grogue demais para me preocupar em prendê-los. Passei pouco tempo no banho. Vesti meu roupão, fui diretamente para o meu closet, peguei a primeira camisola que vi e fui para a cama. Joguei-me e não me importei se meus cabelos ainda estavam úmidos, ou se deveria me cobrir com um edredom.

Um barulho chamou minha atenção, após alguns minutos abri um pouco os olhos. As luzes do meu quarto estavam desligadas agora, mas a luz mortiça da Lua que entrava pela persiana de vidro mantinha o quarto iluminado. Edward deitava-se em minha cama, o mais próximo possível de mim. Ele nos cobriu com o edredom e ficou deitado de lado, em frente a mim. Puxou-me para seus braços e não resisti, não tinha forças e, embora não admitisse a ele, não queria.

Aspirei seu perfume. Beijos curtos eram depositados em meu rosto por Edward. Senti que um pouco do cansaço se esvaiu, mas não o suficiente para que eu abrisse meus olhos.

–Se você ficou próximo ao barzinho, o que ficou fazendo enquanto eu conversava com a Jess? –Perguntei numa voz fraquinha.

–Pensei que estivesse dormindo. –Edward sussurrou apertando-me ainda mais contra seu corpo.

–Vou dormir quando você me responder...

–Eu entrei no bar e fiquei sentado bem afastado de você. Eu queria ter certeza de que você ficaria bem.

–Mentiroso. Queria ver se Jacob estava lá... –Suspirei; não consegui terminar meu sermão. 

–Também. Não é pecado o que eu estou fazendo. Só quero garantir que tudo fique na santa paz como agora. Se eu puder evitar males como Jacob ou qualquer outro, eu o farei.

–Isso soa meio terrorista. –Murmurei e acho que sorri. Pude ouvir o riso baixo de Edward. Novamente ele me beijou no rosto, na testa.

–Mais alguma pergunta? Antes que você desmaie?

Havia sim uma pergunta que eu queria, não, que eu precisava fazer.

“Edward, por que você fez tudo àquilo comigo?”

Pensei. Cheguei a balbuciar seu nome, mas não devo ter feito a pergunta. Fui engolida pelo cansaço esquecendo-me que não gostava de dividir minha cama com Edward e que eu nunca tinha minhas duvidas respondidas por ele.

Edward pov’s

Tateei os lençóis a procura dela, mas não a encontrei. Vagarosamente abri os olhos e, quando percebi estar só, sentei em minha cama.

–Mas o que... –Olhei envolta; nada. Levantei e peguei um hobby de seda cobrindo assim minha nudez. Entrei em meu banheiro, mas não a encontrei. Olhei o relógio em cima do criado mudo. Já havia amanhecido e Bella certamente já estava de pé para ir ao trabalho.

“Preciso me arrumar também.” –Segui diretamente para o meu banheiro a fim de me preparar para mais um dia de trabalho.

...

Não era normal.

Se Bella se levantou para se arrumar e assim ir ao trabalho, por que sua cama estava desarrumada? Olhei envolta, mas Bella não estava em seu quarto. Um último retoque na minha gravata e segui para a sala de jantar onde o café da manhã provavelmente estava sendo servido. Foi lá que eu a encontrei. Magdalena e Eli estavam próximas a Bella.

–Bom dia meninas. –Disse. Magdalena e sua filha colocaram-se em uma póstuma excessivamente formal. 

–Bom dia senhor Cullen. –Disseram em uníssono. Bella não me olhou. Eu poderia ser um pouco mais ousado após toda a intimidade que desenvolvemos, por isso capturei seu rosto com uma mão, erguendo-o, e a beijei. Sorri ao ver a expressão chocada de Bella. 

–Bom dia meu amor. –Falei docemente. O rosto de Bella assumiu um bonito rosa.

–Como você está Eli? –Perguntei sentando-me ao seu lado. Magdalena aproximou-se e veio me servir.

–Eu estou bem senhor. Obrigada pelo dia de folga para minha mãe e eu. Graças a isso eu pude me recuperar. –Eli disse.

–Mas você está bem? Se quiser mais dias eu posso conceder a você e a sua mãe.

–Não se preocupe, eu estou bem senhor. –Ela me garantiu.

–Bem agora voltaremos à cozinha. –Magdalena disse puxando Eli pelo braço em direção a cozinha. Certamente ela estava fazendo isso para nos deixar a sós, ela deve ter captado aquela atmosfera de doçura que nos envolvia (se bem que a doçura era só minha. Bella nunca demonstrava). Decidi sondá-la na tentativa de entendê-la a começar pelo estranho ato de dormir em seu quarto; saber exatamente por que ela estava tendo dificuldades em permitir o crescimento de intimidade entre nós.

–Não encontrei você ao meu lado. Fui ao seu quarto e notei que a sua cama estava desarrumada. Você dormiu lá? –Apesar da forma despreocupada com que eu falei, eu estava ardendo de curiosidade. Eu conhecia a antiga Bella, eu conhecia a Bella raivosa após dois meses de casamento, mas eu não conhecia essa nova Bella que era uma junção das duas. 

–Eu só consigo dormir em meu quarto. –Murmurou olhando para a cozinha, querendo uma desculpa para não falarmos no assunto.

–Você não está com uma expressão boa no rosto. Parece que quase não dormiu.  

Bella suspirou e disse:

–Não dormi nada. – De fato ela não parecia bem, tinha olheiras profundas e parecia gastar muita energia até para respirar. Coloquei a mão sobre a sua. 

-Então seria melhor você ficar e descansar amor. –Sugeri preocupado. Eu sabia o que Bella diria antes mesmo que ela pronunciasse as palavras.

–Eu estou bem, além disso, tenho trabalho acumulado. Agora que a Jess não está lá tenho mais trabalho. –Levantou. Apesar de cansada, Bella parecia ansiosa; ansiosa para se livrar de mim. Eu sabia que deveria ser paciente com Bella. Após tudo o que sofreu pelas minhas mãos, eu não conseguiria recuperar rapidamente sua confiança.

–Ei. Já vai? –Perguntei segurando-a pela mão. –Eu não vou demorar com o café. Pode me esperar um pouco? –Deixei um pouco de a minha irritação transparecer. Bella me fitou por alguns instantes e então voltou a se sentar.

–Já que está tão cansada e se recusa a ficar aqui, deveria ir comigo para a empresa ao invés de ir de moto. Pode ser perigoso. –Sugeri preocupado com seu bem-estar e ao mesmo tempo querendo sua companhia. Bella pareceu refletir sobre o meu pedido.

–Tudo bem. –Disse. Eu tinha que admitir um progresso considerável em suas atitudes.

...

Seguíamos para o estacionamento do condomínio para irmos à empresa no meu carro. Eu segurava gentilmente a mão de Bella deliciado com aquele simples ato. Apesar de estarmos em completo silencio, não era um silencio desagradável como das outras vezes.

Entramos no carro e seguimos para a empresa. Notei que Bella olhava muito sua aliança, aliança esta que coloquei em seu dedo na noite passada. Eu não sabia o que Bella estava pensando, mas eu esperava que fosse algo bom sobre nós dois.

-Chegamos. –Disse desafivelando o meu cinto de segurança. Bella despertou olhando para os lados, orientando-se. Pegou sua bolsa no banco de trás e parecia estar apressada, mas eu não iria deixá-la sair. 

-Edward, você pode abrir a porta pra mim? –Pediu após tentar abrir a porta. Olhá-la naquela agonia de querer ir embora me lembrou um cordeiro acuado diante de um leão. Sua atitude me irritada, fazia com que eu me sentisse uma praga na vida dela, o que não era mentira de certo modo.

Bom... Se Bella queria agir como se fosse minha presa, eu a trataria como tal.

Virou-se e pareceu se espantar com a expressão em meu rosto.

–O que foi?

–Abro a porta... Se você me der um beijo. –Disse sedutoramente lançando para ela todo o poder de conquista que acumulei em todos os meus anos de vida. Eu amava Bella, mas também a desejava. Eu desejava cada molécula do seu corpo.

Peguei sua mão e a puxei para mim. Eu a beijei antes que Bella protestasse. Empreguei em meus lábios um pouco mais de força do que o habitual, deixando latente o desejo que sentia por ela. Eu ardia por Bella! Um desejo insano até. Prendi Bella a mim e fiquei satisfeito por ela corresponder aos meus anseios naquele momento. Deixando a razão se esvair, fui tateando seu corpo querendo despi-la e tomá-la ali, sem me preocupar com quem poderia estar nos olhando.

Um barulho soou.

Bella afastou-se de mim rapidamente. Eu a olhei contrariado. Eu não queria parar, eu sentia meu corpo queimando e não sossegaria até conter aquele desejo. Bella olhou para os lados.

–Droga. –Murmurou arrumando o que eu havia desarrumado nela com as mãos. Olhando sua atitude pareceu que Bella não queria que ninguém nos visse.

–Não sei o porquê do estresse. Somos marido e mulher. É perfeitamente normal um casal... –Bella ergueu sua mão.

-Não começa. Eu preciso ir. –Disse e saiu do carro. Sai logo em seguida acompanhando-a.

–Por que está brava comigo? –Perguntei aborrecido. Eu não havia feito nada! Por que Bella era sempre difícil? Bella apressou o passo. Apressei o passo também e então eu olhei seu rosto. Ah, Bella estava corada! Agora eu sabia o porquê de estar tão rabugenta, ela estava constrangida! Uma risada escapou dos meus lábios enquanto me colocava ao seu lado. Bella entrou no elevador para funcionários comuns. Quando fiz menção de acompanhá-la, ela me barrou.  

–Você é um executivo. Seu elevador é o outro ali, mais luxuoso. –Apontou para o outro elevador. Eu sabia que Bella estava no seu limite, mas não resisti em provocá-la.

–Pego aquele elevador se você jantar comigo. –Eu me inclinei para ela impedindo que a porta do elevador se fechasse.

–Não posso prometer. Estou com sono, ao final da noite estarei acabada. –Disse e eu acreditei nela, claro. Eu podia ver o quanto estava cansada. E a culpa pelo seu cansaço era minha, tomei boa parte da sua noite compelindo-a a ficar comigo.

–Você definitivamente deveria ficar descansando em casa. Se forçar desse jeito não é nada bom. –Disse com preocupação.

–Vou ficar bem com um pouco de café. –Bella falou, mas eu não estava muito confiante que um pouco de cafeína iria curar seu cansaço pela noite insone. Entrei no elevador e como imaginei Bella protestou. 

–Nem adianta reclamar. Eu disse que pegaria meu elevador se você aceitasse sair comigo e você não aceitou. –Disse encostando-me nos fundos do elevador. Pretendia abraçá-la, mas duas pessoas entraram, cumprimentando-nos. Ainda sim eu a puxei para mais perto de mim.

Eu a acompanhei até o seu cubículo ignorando os olhares dos demais funcionários. Bella movia-se lentamente, parecia que iria desmaiar a qualquer momento. Definitivamente deveria estar dormindo. Sentou-se em sua cadeira ligando o computador após deixar sua bolsa em cima da mesa.

–Bella... –Eu a chamei pronto para repreendê-la e dissuadi-la a continuar na empresa hoje.

–Senhor Cullen, Bom dia. Estava a sua espera. Há uma reunião importante agora. –Era a minha secretária. Suspirei. Eu precisava de uns dias de folga da empresa para cuidar do meu casamento.

–Preciso ir, nos vemos a noite. –Beijei Bella nos lábios e segui para os meus compromissos.

...

–Senhor Cullen, já está na hora. –Aro, presidente interino da empresa, me comunicou. Suspirei.

–Não posso assumir a presidência ainda. –Disse. Todos que estavam na reunião me olharam perplexos. Antes eu estava ansioso para assumir a presidência, mas agora...

–Não entendo por que não deseja assumir a presidência, senhor Cullen. Pensei que estava ansioso para ocupar a posição de seu pai.

–Eu tenho pendências a resolver, assuntos pessoais. Se eu assumir a presidência eu não terei tempo livre. –Disse incisivo.

Ser presidente de uma grande empresa implicava em passar a maior parte do tempo viajando. Meu relacionamento com Bella não estava bem, eu precisava de mais tempo com ela antes de deixá-la sozinha.

–Senhor Cullen, infelizmente nós não podemos mais adiar. Os nossos sócios e clientes desejam que assuma o cargo do seu pai; passará mais confiança a eles se fizer isso. –Aro disse naquele seu jeito paciente e irritante.

Ótimo, eu não tinha escolha.

–Se eu não tenho escolha então... Faça os preparativos para a posse. –Falei mal humorado.

“Eu preciso pensar em algo. Talvez promover Bella como minha secretária... Ela poderia assim me acompanhar.”.

...

Desde que cheguei não pude sair da sala a fim de resolver compromissos pendentes. Agora, final do expediente, eu estava aliviado. Queria ver Bella; eu precisava ver Bella. Provavelmente Bella estaria tão esgotada que não aceitaria sair comigo. Não importava. Se ficássemos juntos, ainda que fosse em casa, estaria tudo bem.

Sai da minha sala e fiquei surpreso em encontrar Bella no corredor. Ela devia estar indo até mim. Um sorriso automaticamente brotou dos meus lábios. Sua atitude definitivamente significava um progresso. Antigamente Bella sairia sem me comunicar, diferente de agora. Se bem que ela estava sem a sua moto graças ao meu pedido...

Eu a vi cambalear. Parecia exausta. Corri ao seu encontro temendo que desmaiasse e se machucasse. Bella caminhou instável até que seu corpo tombou para frente. Felizmente eu a agarrei e eu a firmei no chão. 

-BELLA! VOCE ESTÁ BEM? –Bella abriu os olhos vagarosamente me encarando.

–Eu estou bem eu só... –Murmurou parecendo desorientada. Definitivamente eu teria que deixá-la dormir esta noite ao invés de tê-la.

–Eu não imaginei que você ficaria tão cansada. Deve ser por que você não dormiu bem. Vamos para casa. –Segurei sua mão guiando-a para os elevadores.

–Eu não irei para casa. –Bella disse. Com essa tive que parar.

–Por que não? –Perguntei irritado. Se ela não iria para casa para onde iria? Com certeza não aceitaria meu convite de jantarmos juntos uma vez que recusou.

–Jessica descobriu que terminamos e está me cobrando um encontro. Se eu não for ela vai me azucrinar. Eu vou me encontrar em um barzinho próximo a empresa que ela trabalha.

Entramos no elevador executivo. Eu estava tenso. Por que se encontrar com a amiguinha? Seria por esse motivo? Ou Jessica estava mexendo seus pauzinhos e, quem sabe, proporcionaria a Bella um encontro com algum cara? Eu não duvidava da índole de Bella, não mais, mas a de Jessica eu duvidava até demais. Afinal de contas tenho certeza que ela sempre esteve por trás dessa mudança abrupta que Bella sofreu. Posso até apostar que Bella conheceu Jacob através dela.

–Eu posso ir com você? –Pedi, mas mesmo que Bella me dissesse “não” eu iria.

–Jess não gosta de você. Melhor não.

Sacudi a cabeça desaprovando. Mais um motivo para eu ir, pensei. Eu ainda não havia me esquecido que Jessica falou para mim toda contente que Bella tinha um namorado e que perderia a virgindade com ele.

–Bella, eu...

–Olha, eu não vou demorar. Eu vou conversar com ela por alguns minutos e vou para casa. –Bella rebateu querendo se livrar de mim. Logo ela perceberia que não seria algo fácil.

–Acho uma bobagem isso. Você está cansada, deveria ir para casa descansar. –Tentei persuadi-la. Eu não queria deixá-la longe de minha vista, ainda mais próxima de Jessica. Ela poderia tentar persuadi-la a me chutar, ou encontrar alguém, algum cara, que faria o serviço por ela; eram muitos riscos a correr.

–Eu até o ouviria, mas se cancelasse eu não dormiria hoje. Jessica iria me atormentar. A fim de ter uma boa noite de sono preciso logo contar a ela minha versão dos fatos. Após conversar com ela irei de taxi para casa.

Desculpas. Bella poderia estar sendo sincera, mas eu não sabia o que a mente maquiavélica de Jessica poderia estar tramando. E Jacob? Jessica parecia próxima dele. E se ele estivesse esperando por Bella junto a ela? Coloquei meus dedos em minhas têmporas prevendo uma nova discussão com Bella.

–Vou levá-la ao lugar. Não aceitaria sua negativa. –Falei com convicção. Precisava saber onde Bella ficaria e vigiá-la, garantindo que tudo ficaria bem entre nós dois e que ninguém tentaria envenenar sua mente contra mim, a insegurança de Bella já era grande sem interferências. Pensei que Bella não aceitaria minha posição. Para a minha surpresa Bella assentiu desgostosa com minha exigência. O fato de ter cedido, de novo, me deixou novamente com um bom humor. Estava claro para mim que Bella estava tentando e, embora nosso relacionamento ainda não estivesse como eu queria, eu estava feliz com isso.

-Eu a levo e posso buscá-la. Se você quiser eu posso até ficar em algum lugar nas proximidades assim quando você acabar de falar com sua amiga eu irei...

–Nem pensar Edward. Você me deixa lá e vai para casa. Ponto. –Disse incisiva. Não gostei. Nunca gostei quando as coisas não saem do meu jeito. Dei de ombros. Ela estava colaborando na medida do possível.

Seguimos para o meu carro. O lugar escolhido por Jessica era um barzinho próximo a empresa onde Jacob e ela trabalhava. A probabilidade do ex-namorado de Bella estar lá era grande. De forma alguma eu iria deixá-la sozinha! Ao estacionar em frente ao bar indicado por Bella, suspirei pesadamente. Recostei-me no meu banco e continuei a olhar para frente.

Eu não queria que Bella entrasse no bar e encontrasse Jacob. Não queria que Bella se afastasse de mim.

–Por que esse aborrecimento? Eu não entendo. –Sua voz quebrou minha concentração. Eu a olhei. –Não vou deixar de viver a minha vida por que você quer. Eu não serei mais aquela Bella que tinha você como o centro do mundo. –Bella falou normalmente, algo atípico dela. Absorvi suas palavras e percebi que não conseguiria isolá-la, protegê-la, se Bella queria continuar a sua antiga vida antes de nos reconciliarmos.

Eu tinha que fazer Bella entender por que eu agia daquela forma. Não era por orgulho ou machismo. Eu estava protetor por que estava inseguro.

–Eu sou o pior, você sabe. Tenho muitas características que me classificam como um ser desprezível ou pelo menos eu tinha tais características. Se têm algo que não mudou em mim é o meu egoísmo. E, embora ele esteja sempre presente, não é ele que está se manifestando agora.

–Então quem seria? Essa sua nova persona eu não conheço. –Falou com sarcasmo, mas ignorei. Mostrei minha tristeza. Eu queria tanto evitar que Bella encontrasse com Jacob! Eu não queria perde-la, nunca.

–Jacob está ai? –Perguntei tenso. E se Bella soubesse que ele está ai e estivesse me dispensando para conversar com ele?

–Não sei, talvez sim. Jess não disse nada e eu não perguntei. Mas e se ele estiver? Eu não vou proibi-lo de estar nos mesmos lugares que eu. –Protestou. Num átimo eu peguei sua mão colocando-a em meu rosto. Sentir Bella próxima era muito bom. Aliviava um pouco a insegurança. Por que Bella continuava a querer me afastar dela? Ou será que era eu que estava agindo de forma infantil? 

–Eu sei que nada está garantido pra mim apesar de você ter me escolhido. Tenho medo que você o encontre e Jacob a convença a voltar atrás. –Confessei. Eu morria de medo disso agora. Eu morria de medo de qualquer coisa que pudesse afastá-la de mim.

-Isso não vai acontecer. Jacob me odeia, não quer nem a minha amizade. Ele não vai voltar atrás, eu sei. –Bella disse olhando para mim, deixando que eu mantivesse sua mão em meu rosto. Parecia apreciar aquela caricia tanto quanto eu apreciava.

–Mas e se ele voltasse atrás? Se ele dissesse a você que e escolher foi uma grande besteira e tentasse reconquistá-la? –Perguntei querendo que Bella dissesse algo sobre seus sentimentos. Eu queria que ela dissesse que não ficaria com Jacob por que queria ficar comigo, por que me amava.

–Eu não vou voltar para ele. Primeiro por que Jacob não vai voltar atrás e mesmo que ele voltasse, eu não voltaria. –Bella disse. Sorri.

–Por que você não voltaria atrás? –Perguntei fechando os olhos e beijando a palma da minha mão. Essa era a hora para Bella dizer algo como “eu gosto de você” e eu podia ver em sua feição aquele desconforto por estar acuada. Bella abriu a boca, diria algo, mas...

–Hei, não pode estacionar aqui! –Alguém disse batendo no vidro do meu carro. Olhei para a direção de onde vinha o barulho e me deparei com um funcionário do bar. Afastei-me de Bella ligando o carro e estacionando em uma rua ao lado do bar.

Quando paramos eu estava preparado para mais um discurso cheio de emoção a fim de sensibilizar Bella. Não tive tempo para nada. Bella já estava desafivelando seu cinto de segurança.

–Eu preciso ir. Eu não vou demorar, pegarei um taxi e irei para casa. Espere-me lá. –Disse apressada. Logo passou pela porta.

–Eu amo você. –Murmurei sabendo que não ouviria, ou fingiria não ouvir. Eu a vi caminhar apressada para o bar desaparecendo na curva da esquina.

Tomado por uma angustia sem precedentes, eu encostei minha cabeça no volante e suspirei. Eu estava tão cansado disso tudo! Eu queria um relacionamento normal com Bella.

“Você precisa ser paciente Edward. Dê tempo a Bella.”.

–Preciso ser paciente. Preciso ser paciente. Afinal de contas eu sou o culpado. –Murmurei baixinho ainda com a cabeça encostada no volante.

Minha mão foi para a chave ainda na ignição. Eu deveria ir embora para não provocar a ira de Bella. Deveria.

...

A boa noticia era que Jacob não estava por lá. A má noticia era que havia dois caras na mesa onde Bella havia sentado com Jessica. Fiquei sentado no bar quicando no banquinho enquanto via Jessica sair para dançar com um cara deixando Bella sozinha na mesa com um homem. Mesmo a uma distância grande eu poderia ver o cara desconhecido olhando para a minha esposa de forma imprudente. Para piorar levantou-se e sentou ao lado da Bella.

“FILHO DA PUTA! SE ELE TENTAR ALGO...!”.

Eu estava hiperventilando enquanto olhava a cena. Por isso eu não queria que Bella encontrasse Jessica! A vaca havia armado uma armadilha para Bella ficar com um homem!

Para meu alivio Bella levantou-se. Para meu desespero o carinha pegou Bella pelo braço. Levantei do banco. Eu iria ensinar aquele sujeitinho! Bella afastou-se claramente incomodada com o homem. Saiu às pressas em direção a multidão. Eu a olhei e fiquei desesperado ao perdê-la de vista.

–Porcaria! –Procurei Bella com o olhar. Felizmente eu a encontrei num canto falando com Jessica, as duas sentadas. Não pude ouvir a conversa, mas dava para perceber que era mais uma discussão do que outra coisa. Tentei leitura labial, mas acho que isso não era necessário. Estava claro para mim que Jessica desaprovava a escolha de Bella e que estava repreendendo-a.

Bella não parecia pensativa, algo que poderia indicar que ela estava repensando sua escolha. Parecia querer apaziguar a fúria de Jessica.

Surpreendentemente Jessica, o rosto antes tomado pela fúria, sorriu. Sorrir seria um eufemismo, Jessica parecia eufórica com algo, talvez Bella tenha dito algo como “vou ficar com Jacob então”... Se Jessica persuadisse Bella a me deixar eu seria capaz de esganá-la!

“Bella não parece ser do tipo que segue fielmente o que dizem a ela, não mais.”.

Fiquei de olho nelas e me surpreendi quando já estavam se despedindo. Foi mais rápido do que Bella imaginava, mas não rápido para mim.

Ótimo, agora eu tinha que correr. Segui para a saída do bar dando uma olhada para a direção onde Bella estava. Realmente ela estava de saída.

“Se ela me pegar aqui vamos discutir.” –Segui para o meu carro pretendendo sair sem ser detectado por Bella, mas minha preocupação com ela me fez permanecer um pouco mais. Eu a acompanhei de longe, pretendendo ficar de olho até Bella pegar um taxi. Ninguém estava a vista apesar de não ser tão tarde. Não havia nenhum taxi nas proximidades. Vi Bella mexer na bolsa, como se estivesse procurando algo, mas desistiu. Bella recostou-se na parede do bar olhando para os lados. Quando olhava na minha direção eu me escondia.

Os olhos de Bella estavam fixos em um ponto da rua, fecharam-se instantes depois; o corpo cambaleou ameaçando cair. Eu sabia que Bella brigaria comigo por ter ficado quando prometi ir embora, mas não poderia permitir que ela se machucasse.

Eu agarrei Bella impedindo que caísse no chão. Bella passou alguns instantes em meus braços, alheia a tudo, e então ergueu a cabeça e me olhou.

Bella, tudo bem? –Eu a firmei no chão, mas me mantive próximo para ampará-la caso não conseguisse ficar de pé.

–O que você está fazendo aqui? –Perguntou numa voz falha. Estava tão cansada que nem conseguia me repreender. Bom, então eu não precisaria de uma desculpa bem elaborada.

–O carro não quis pegar, fiquei esperando que ligasse. –Menti enquanto eu a puxava para o lugar onde meu carro estava estacionado. Bella caminhava trôpega por isso eu mantive meu braço em volta de sua cintura. 

–Como se eu fosse acreditar em você... –Murmurou perdendo o fio da meada do que dizia.

Abri a porta do carro ajudando Bella a entrar. Afivelei o cinto de segurança ao seu redor e logo mais eu estava no interior do veiculo dando partida. Bella pareceu relaxar no banco, fechou os olhos. 

–O carro não estava com problema? Por que o ligou com tanta facilidade? –Perguntou. Eu sorri. Bella não deixava de lado meus vacilos nem mesmo quando estava a beira da inconsciência. 

–Tudo bem, eu confesso. Eu fiquei meio receoso de deixá-la aqui então resolvi ficar. Acho que fiz bem. Não há nenhum taxi nas ruas e você nem consegue ficar de pé. –Disse, mas Bella parecia alheia. Provavelmente não se lembraria que contei a verdade.

Liguei o som do carro, uma música suave soava. Não me senti compelido a dirigir com presa. Bella estava calada, os olhos fechados, relaxada no banco de couro do carro. Eu não sabia bem para onde olhar: a estrada ou Bella dormindo.

...

Eu não sabia o que fazer.

Lá estava Bella diante de mim, adormecida. Não sabia se a chamava para irmos para casa ou se ficava diante dela, contemplando-a. Ergui a mão e acariciei seu rosto suavemente. Bella era linda! Como eu pude não ver a beleza ali antes? Eu a queria, como a queria! Porém eu não a tocaria, não quando Bella estava tão esgotada.

–Bella, amor, acorde. –Eu a chamei enquanto ainda a afagava na face. Bella despertou olhando em volta, desorientada. 

–Nossa isso foi rápido. –Murmurou. Apesar de falar e dos olhos parcialmente abertos, Bella ainda estava grogue. Provavelmente nem conseguiria ficar de pé. 

–Você acabou cochilando. Quer que eu a carregue? –Perguntei já me preparando para a tarefa.

–Não. Acho que posso ir andando. –Disse. Eu não acreditava que Bella poderia seguir em pé no estado em que estava, mas eu a ajudei a sair do carro. Eu fiquei bem ao seu lado, os braços meio virados para a sua direção a fim de ampará-la caso Bella não agüentasse andar. Para minha surpresa ela conseguiu caminhar, ainda que lenta, até a porta do elevador. Eu apertei o botão, meus olhos nela. Esperamos... O elevador não deu sinal algum.

–Que estranho... –Murmurei pressionando novamente o botão; nada.

–Deve ter acontecido algo. Melhor irmos ao térreo. –Bella disse já seguindo para a escada de emergência que levaria ao térreo. Eu segui logo atrás temendo que ela despencasse tamanho o seu cansaço. Cada degrau que subia parecia ser um grande esforço. Definitivamente eu deveria levá-la carregada, mas Bella provavelmente não permitiria. 

Chegamos ao hall de entrada. Logo avistei Erick, o funcionário que me amparou no dia em que pensei que perderia Bella. Jamais esqueceria sua gentileza para comigo. Eu ainda tinha seu casaco guardado em meu apartamento.

–Erick. –Chamei. Logo Erick virou-se.

–Olá senhor Cullen. Boa noite senhora Cullen. –Erick nos cumprimentou. Bella murmurou timidamente um “Boa noite”.

–O que está acontecendo? Tentei ir ao meu andar pelo elevador, mas nada aconteceu. Disse olhando envolta.

–Os dois elevadores apresentaram um problema agora a pouco e estão sendo avaliados por um técnico. Daqui a quinze minutos no máximo estarão liberados para serem usados. Será que o senhor e sua senhora poderiam aguardar um pouco no hall?

–Claro. Nós esperaremos. Vamos amor. –Eu puxei delicadamente Bella pela mão levando-nos em direção a um espaço do hall com aconchegantes poltronas. Sentei-me em uma poltrona de couro marrom e puxei Bella para o meu lado. Bella relaxou de imediato ao sentar. Tinha certeza que não agüentaria chegar ao nosso apartamento quando os elevadores estivessem disponíveis. 

–Pode dormir se quiser. Eu carregarei você. –Disse a ela. Bella bufou.

–Eu agradeço a oferta, mas prefiro caminhar. –Disse num bico teimoso típico dela.

–Eu sei que prefere caminhar Bella, mas se conseguirá é outra história. Vamos, você pode deitar. –Tentei argumentar. Caro que Bella não iria ceder, ela nunca cedia. Bella olhou envolta. Logo sucumbiu ao cansaço deitando-se no sofá colocando sua cabeça em meu colo.

Não resisti em tê-la ali aconchegada a mim sem fazer nada. Afaguei seus cabelos continuadamente e com satisfação eu a vi sorrir com os olhos fechados.

Eu poderia ter ficado ali com Bella durante horas, afagando seus cabelos enquanto ela era embalada pela minha caricia a inconsciência.

–Senhor Cullen? –Uma voz conhecida me chamou. Encarei Erick próximo de mim. –O elevador já está funcionando.

–Ah, que bom! Eu irei para o meu apartamento com Bella. –Olhei Bella adormecida e conclui que não perturbaria seu sono. Eu a afastei de mim apenas para carregá-la nos braços.

–Preciso de ajuda. Alguém que aperte o botão do elevador e abra a porta para mim. Poderia me ajudar Erick? –Pedi. Erick, como imaginei, assentiu. Seguimos para um dos elevadores. Erick apertou o botão e ficou a nossa frente. Bella murmurava coisas desconexas, cansada demais para abrir os olhos. Em um determinado momento aconchegou-se melhor em mim, como se procurasse o meu calor para aquecê-la. Beijei sua testa incapaz de ficar parado enquanto Bella cedia a mim.

–Algo de errado com a senhora Cullen? –Erick perguntou abruptamente.

–Não, está apenas cansada. –Disse com meus olhos nela.

–Chegamos senhor Cullen. –Erick anunciou. Saímos do elevador. Pedi a Erick para pegar as chaves no bolso do meu casaco e ele o fez abrindo a porta.

–Erick, eu preciso devolver o seu casaco. Ele está guardado em meu closet.

–Devolva em outro momento senhor Cullen. Não preciso dele por agora. O mais importante agora é cuidar de sua esposa. Até amanhã senhor Cullen. –Erick despediu-se fechando a porta ao passar.

Caminhei para o quarto de Bella sabendo que ela só conseguiria dormir ali. Eu a deitei em sua cama e retirei seus sapatos. Deitei ao lado de Bella, em frente a ela.

-Eu vou tomar um banho. Posso vir para cá e dormir com você? –Perguntei. Imaginei que não me ouviria, ou diria não...

–Tudo bem. –Murmurou para a minha felicidade.

Definitivamente Bella estava mudando.

–Logo mais estarei aqui. –Prometi beijando sua testa. Deixei o quarto seguindo para o meu próprio aposento. Precisava tomar um bom banho e vestir algo confortável. Não, eu não precisava disso. O que de fato eu precisava era estar com Bella. Mesmo agora, separado por alguns metros dela, eu me sentia estranho. Como se um pedaço do meu corpo desaparecesse e eu só me sentisse inteiro quando estava com ela.

Eu me perguntei, enquanto a água morna do chuveiro caia em minhas costas, como eu pude me apegar tanto a ela? Teria eu sido vitima de feitiçaria? Ri diante e um pensamento tão estúpido! Se eu amasse alguém como Tânia certamente eu teria sido vitima de um feitiço, mas sendo Bella...

...

Estranhei as luzes ligadas. Ao olhar Bella, notei que estava com os cabelos úmidos e vestia uma roupa para dormir.

“Como ela conseguiu fazer isso? Mal conseguia abrir os olhos!” –Desliguei as luzes e me juntei a ela na cama. Mantive meus olhos em Bella, tentando identificar algum ferimento que ela pudesse ter adquirido por caminhar por ai sem condições para isso. Puxei o edredom cobrindo a nós dois e sem pestanejar eu a puxei para mim. Bella não resistiu, o que era bom.

Seu cheiro e o calor de seu corpo me tomaram. Não resisti em beijá-la em diferentes partes do rosto querendo muito mais do que isso; meu corpo, naquele momento, parecia feito de magma.

Procurei me controlar, eu precisava deixar Bella descansar e assim recuperar as energias. Procurei me aquietar. 

–Se você ficou próximo ao barzinho, o que ficou fazendo enquanto eu conversava com a Jess? –Bella perguntou. Pensei que Bella estivesse dormindo visto que seus olhos estavam fechados, mas me equivoquei.

-Pensei que estivesse dormindo. –Disse brincalhão.

–Vou dormir quando você me responder...

–Eu entrei no bar e fiquei sentado bem afastado de você. Eu queria ter certeza de que você ficaria bem.

–Mentiroso. Queria ver se Jacob estava lá... –De tão cansada que estava Bella nem conseguia concluir o raciocínio, mas certamente sabia que tudo tinha sido um ardil meu. 

–Também. Não é pecado o que eu estou fazendo. Só quero garantir que tudo fique na santa paz como agora. Se eu puder evitar males como Jacob ou qualquer outro, eu o farei. –Confessei. Bella sorriu; os olhos ainda fechados.

–Isso soa meio terrorista.

–Mais alguma pergunta? Antes que você desmaie? –Eu a beijei novamente na face aninhando seu pequeno corpo ainda mais no meu.

–Edward, por que você fez tudo àquilo comigo? –Bella perguntou.

Eu parei.

Eu sabia exatamente ao que Bella se referia com a pergunta. Ela queria entender por que eu a machuquei tanto. Ela tinha o direito de saber e, talvez, se eu contasse as coisas entre nós melhorariam; ou talvez Bella me desprezasse. Tanto a perder e tão pouco a ganhar com a verdade!

–Eu vou responder quando você estiver dormindo. –Murmurei beijando demoradamente sua testa. Senti o costumeiro aperto no peito quando algo me compelia a contar a verdade, nesse caso o que me compelia era que Bella merecia a verdade. Mas...

Quando senti que Bella estava profundamente adormecida, eu disse:

–Eu fiquei com você por dinheiro, para receber a herança que me cabia na empresa. Perdoe-me pelo que fiz e perdoe-me por não ter coragem de dizer a verdade. –Confessei com a voz trêmula. Até mesmo contar a Bella a verdade naquela situação me causava temor.

Eu me sentia um lixo toda vez que lembrava o passado. Agora era doloroso lembrar o quanto feri Bella. Enquanto um braço a mantinha colada a mim, com o outro, mais especificamente com a mão, eu acariciei seu rosto, seus cabeços, olhando atentamente seu rosto, memorizando-o.

A mentir sempre estaria entre nós e ela sempre estaria à espreita para nos separar, a não ser que eu dissesse a verdade. Eu deveria contar, mas só de imaginar Bella não me pertencer mais era o suficiente para ficar arrasado. Eu senti dor quando pensei que ela preterisse Jacob a mim e que iria escolhê-lo. Eu não queria sentir aquilo nunca mais.

Naquele momento eu jurei que nunca mais iria feri-la. Fazer Bella feliz seria a missão da minha vida. Ela nunca saberia do contrato, eu garantiria o sigilo.




Continua...




3 comentários:

tete disse...

muito legal amei foi lindo o capitulo de hoje vce e demais beijos e uma linda noite para vce

Unknown disse...

to gostando muito !!!

Val RIBEIRO disse...

vai ser pior ela vai acabar sabendo de um jeito ou de outro talvez a TÂNIA conte por vingança....

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