FANFIC - O CONTRATO - CAPÍTULO 30


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Um plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Bella é envolvida em um esquema criado por Edward Cullen acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Edward precisava casar para poder herdar a sua parte que lhe cabe na empresa do pai e, após seduzir Bella fazendo a mesma se casar com ele, mostra sua verdadeira face. Agora, casados, terão de enfrentar um casamento que é uma verdadeira farsa, mas será que Bella poderá transformar seu casamento em algo real e digno de conto de fadas?


Autora : Jacqueline Sampaio
Classificação: +18
Gêneros: Romance
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo




Capítulo 30


Bella pov’s


“-Bom dia...”

Aquela voz murmurou; a voz doce que tanto me amava! Eu quase podia sentir seus braços ao meu redor enquanto, com uma mão, acariciava meu rosto.

Eu quase podia sentir seu hálito quente, chocando-se contra os meus lábios.

Eu quase podia sentir sua pele, seu cheiro, ouvir o som da sua risada, ver seus olhos cor de ouro...
Quando eu abri os meus olhos, percebi que tudo não passara de um sonho. Eu estava sozinha em meu quarto. Eu havia perdido tudo isso. Eu estava morando sozinha no meu antigo apartamento, longe de Edward, há dois meses.

Se estivéssemos casados, hoje seria nosso primeiro ano

Tomei um demorado banho. Procurei ser mais rápida ao me arrumar, ciente de que eu não poderia chegar atrasada no meu novo trabalho – poderia deixar um precedente ruim. Comi uma tigela de cereais, escovei os dentes e saí de moto para a empresa de publicidade Submit. Sim, eu não estava mais trabalhando na empresa de Edward. Como eu poderia? Eu só tinha más recordações do lugar e agora, mais do que nunca, eu queria evitar os mesmos lugares que Edward circulava. Tinha de agradecer a Jessica, Ben e até o Mike, foram eles que conseguiram convencer o chefe do setor contábil dessa empresa a contratar outra contadora, mesmo sem a empresa precisar.

Trabalhar com Jess era bom, um rosto amigo para se ver. Acabei ficando amiga de Ben e Mike. Via Angela quase toda a noite, quando Jessica nos arrastava para algum lugar. Conversávamos por horas, contando o que havia acontecido no nosso dia, mas nenhuma delas tocava no assunto mais trágico da minha vida. Isso era um alivio, eu não queria me lembrar de nada.

O trabalho e a convivência com os amigos ajudaram muito para que eu me reerguesse, mas quando eu chegava ao meu apartamento era outra coisa. Eu pensava em Edward, em tudo o que vivemos – os momentos bons e ruins. Mas eu não chorava (Deus, como eu lutava contra as lágrimas) por que eu não tinha mais forças para chorar. Eu me sentia tão vazia que não chorava. E agora que não havia mais Edward comigo, eu tentava seguir em frente. O problema era que Edward não queria seguir em frente e não me deixava seguir em frente também.

–Então resolveu apelar para um advogado? –Jess perguntou enquanto esperávamos na fila do almoço.

–Eu não vou mais ir até ele e voltar sem os papeis assinados. Acho que se enviar um advogado no meu lugar, o Edward perceberá que o negócio é sério. –Disse mal humorada. Pensar em Edward sempre me deixava aborrecida, por isso eu passava a maior parte do tempo aborrecida. Felizmente minhas amigas já haviam se acostumado com isso.

–Tomara que dê certo, mas vá logo esperando pelo pior Bella. Aquele lá grudou em você como carrapato, não vai se livrar... –Meu celular toca e Jess pára de falar. Mexo em minha bolsa enquanto a fila anda e logo encontro o aparelho.

–Alô? –Atendo, sabendo exatamente quem é e ficando instantaneamente tensa.

–Senhora Cullen? Sou eu, o senhor Smith. Eu estou em sua sala, preciso conversar com a senhora.

–Eu estou indo. –Desliguei o celular, colocando-o na bolsa. Larguei a bandeja que eu segurava antes mesmo de chegar à comida.

–O que foi? Não vai comer? –Jess perguntou.

–Meu advogado chegou. Preciso falar com ele. Como alguma coisa mais tarde. –Saí em disparada, ansiosa pelas novidades. Eu queria falar com o senhor Smith e ter a certeza de que tudo havia acabado depois de dois meses de briga. Eu o encontrei em frente ao cubículo que dividia com Jessica, enxugando sua tez lisa com um lenço. Ele sorriu nervosamente quando me viu e tive esperanças de que seus sinais corpóreos revelassem que ele tinha boas notícias.

–Olá senhor Smith. –Segurei sua mão em um aperto forte.

–Senhora Cullen...

–Espera. Eu já lhe disse para não me chamar assim. Fale meu nome. –Tentei conter a raiva que sentia ao ser chamada de “senhora Cullen”.

–Desculpe-me. É o hábito. –Ele entrou em minha sala, sentando-se na cadeira de Jess. Eu sentei em minha cadeira, ficando de frente para o meu advogado. Ele retirou um envelope pardo de dentro da pasma de couro preta e me entregou.

–Não acredito! Você conseguiu! –Peguei os papéis do divórcio, eufórica. Antes mesmo de abri-lo, ao olhar para o senhor Smith, eu soube a resposta.

–Ele não assinou. –Conclui. Ele assentiu, desconsertado. –MALDIÇÃO! –Gritei, jogando os papeis longe.

–Eu sinto muito. Eu tentei senhorita Swan, mas... Ele disse que só assinaria se a senhora levasse os papéis. –Disse nervosamente o bom homem, pegando o lenço de pano e enxugando a testa.

–Ele sempre arranja uma maldita desculpa! Por que acha que eu o contratei? Eu já estava cansada de levar os papéis à toa! Ele nunca assina a merda dos papeis! –Eu estava furiosa e direcionava tanta raiva a alguém que não merecia, mas eu não era mais a Bella racional de antes para me impedir de dar um chilique. Respirei fundo umas duas vezes, mas isso não fez com que minha raiva se amainasse. Ainda sim...

–Desculpe-me. Sei que não é sua culpa. Sei muito bem com quem eu estou lidando.

–Não fique desse jeito, senhorita Swan. Escute, vá até o senhor Cullen. Ele me prometera assinar e senti sinceridade em suas palavras. –Bufei audivelmente suas palavras.

–Ele não vai assinar. Eu quero me separar rapidamente dele sem que eu precise me desgastar. Não tem um meio legal para isso? –Não era uma pergunta, eu bem sabia. Se houvesse um meio de apressar tudo isso, o senhor Smith já o teria feito.

–Tem sim, é chamado de divórcio por via litigiosa. –E naquele momento dei completa atenção ao meu advogado. –O divórcio litigioso é requerido por um dos cônjuges, onde acusa o outro de ser o responsável pela ruptura ao ter violado um ou mais deveres conjugais, comprometendo a possibilidade da vida em comum. Claro que precisaríamos de uma prova material...

Eu sabia qual a prova material que eu poderia utilizar para sair desse casamento falido. Jessica filmou Edward e Tânia, meses atrás, entrando em um motel. Foi dessa forma que eu comprovei a infidelidade de Edward, assunto que durante muito tempo ignorei pela falta de provas. E saber que eu tinha um trunfo era realmente sensacional... Mas havia uma parte de mim, uma parte bem pequena, triste pela possibilidade de tudo acabar.

–Eu tenho uma prova de que ele me traiu. Um vídeo... –Murmurei, olhando para o chão.

–Isso é ótimo! Com o vídeo nós poderemos fazer tudo sem nos desgastarmos. É claro que, com esse método, a reputação do senhor Cullen poderá ser abalada. Ele é um homem publico e...

–Após o meu expediente eu falarei com ele. Obrigada pelo seu empenho. –Estendi a mão, cumprimentando-o. Trocamos mais algumas palavras acerca dos procedimentos jurídicos via litigiosa e logo o senhor Smith saiu, deixando comigo os papéis do divórcio dentro de um envelope pardo.

Estava decidido, eu iria até Edward e voltaria devidamente separada. Esse era o certo, mas por que o aperto no meu peito?

...

–Vai falar com ele? –Jess perguntou com seus olhos no relógio. –Faça isso rápido e vá para aquela danceteria. Todo mundo vai estar lá. Hoje vou me acabar de dançar!

Jess era assim. Tópicos preocupantes eram postos de lado quando tinha uma farra a caminho. Eu não estava com ânimo para festas, mas concordei em ir. Após mais um momento estressante com Edward, algo que já se repetia há dois meses, senti que precisaria de algo alcoólico e assuntos banais para relaxar.

Peguei um táxi em frente à Submit publicidade, seguindo para a Cullen publicidade. Enquanto a distância diminuía, fui ficando mais e mais apreensiva. Era sempre assim quando nos encontrávamos: Edward me pedindo perdão e dizendo que me amava e eu tentando fingir indiferença. Eu não aguentava mais isso, por esse motivo contratei o senhor Smith. Novamente eu passaria pelos mesmos problemas.

...

–Oi. Eu sou Isabella SWAN –Fiz questão de destacar meu sobrenome de solteira –e vim falar com o senhor Cullen. –Falei entre dentes o seu sobrenome. A senhora Slater me olhava com constrangimento, temerosa da minha carranca.

–Senhorita Swan, eu irei anunciá-la. Peço que aguarde alguns minutos, pois o senhor Cullen está em uma importante conferencia com clientes. –Disse a secretária na sua voz polida e profissional enquanto seus dedos moviam-se frenéticos nos botões do telefone ao seu lado.

Eu achei que demoraria a encontrar com o meu ex-marido, por isso sentei em uma poltrona próxima e peguei uma revista qualquer, folheando-a. Mas é claro que não precisei esperar nada, pois Edward dispensou quem quer que esteja com ele e logo me recebeu. Suspirei. Essa era a primeira prova de que ele não mudara em dois meses de separação. Com a secretária mantendo a porta aberta para mim, entrei a passos largos.

Concentre-se Bella, pensei enquanto eu o via sentado em uma poltrona, atrás de sua estonteante mesa. Edward me olhava com uma expressão insondável enquanto levantava-se, mas eu o detive.

–Não precisa se levantar. Será rápido. –Sentei em uma cadeira de frente para ele, jogando em cima da mesa o envelope com os papéis o divórcio. –Eu não tenho caneta, deixei no escritório. –Continuei.

Edward sentou-se novamente em sua poltrona, sem tirar os olhos de mim. Eu via em seus orbes cor de ouro as mesmas coisas de sempre: tristeza, ansiedade, amor... Coisas que eu não queria, nem deveria, perceber.

E eu tinha que sair dali o quanto antes

Eu o vi pegar os papéis, retirá-los do envelope e olhá-los rapidamente. Quando seus olhos encontraram os meus, eu soube o que ele iria fazer.

–Assine-os. Disse ao meu advogado que assinaria caso eu o trouxesse. –Eu o lembrei inutilmente. Edward deu um meio sorriso tristonho enquanto sacudia a cabeça em negativa.

–Depois desses dois meses, eu pensei que você aprenderia. –Edward estava claramente zombando de mim. –Não vou assinar esses papéis de divórcio.

Eu queria pular em seu pescoço e esganá-lo, mas eu não o faria. Eu já havia perdido a minha cabeça várias vezes e agora sabia que não valia à pena. Respirei fundo, fechando os olhos por alguns instantes. Ele não me faria pirar, não agora que eu tinha uma saída.

–Se continuar com isso Edward, eu apelarei para outros meios para me separar. Meios que podem arruinar sua imagem pública. É isso o que você quer? É isso o que terá! –Levantei num rompante, estendendo minha mão para pegar o documento, mas Edward o pegou.

–E posso saber como pretende fazer isso? Conseguir o divórcio e denegrir minha imagem? Bella, minha AINDA esposinha, precisará dos melhores advogados para se livrar de mim! –Seu sorriso era sarcástico, destilando o veneno do Edward que conheci após o casamento. Ele não sabia, é claro, que eu tinha um trunfo na manga. Sorri maliciosa, nesse jogo dois podiam jogar.

–Não que eu tenha comentado antes, mas sabe como eu descobri que era traída? Através de um vídeo. –Contornei sua mesa, ficando de frente para ele. Edward levantou-se de sua poltrona, olhando-me especulativo. –E, tendo uma prova material de que você foi infiel, eu posso pedir o divorcio via litigiosa. Você, como o bom conhecedor de assuntos como esse, sabe que eu... –Não pude falar mais nada, pois Edward, repentinamente, me prensou nas grandes persianas de vidro que decoravam sua sala e me beijou.

Por alguns instantes eu fiquei paralisada, enquanto seus braços envolviam minha cintura, puxando-me para ele. Instintivamente coloquei minhas mãos espalmadas em seu peito, coberto pelo tradicional terno italiano de ótimo corte. Seus lábios moviam-se sobre os meus, incertos do que fazer. Tentou aprofundar o beijo e foi nesse momento que eu reagi. Tentei empurrá-lo, sem muito efeito. Quando comecei a me debater, desesperada em sair daquela situação, Edward parou. Não se afastou de mim como eu gostaria, mas pelo menos parou de me beijar.

–Não vê Bella... Não vê como eu amo você? –Sua testa estava encostada na minha, seus olhos fechados enquanto uma expressão suplicante toldava o seu rosto. –Eu não sou mais aquele Edward. Se eu fosse, soltaria fogos com o seu pedido e me envolveria com uma prostituta em comemoração. Eu não sou mais assim! Eu amo você!

Eram palavras bonitas, mas eu não acreditava em nada do que ele dizia. Não era a primeira vez que eu ouvia esse discurso e não seria a primeira vez que eu o ignoraria. Mesmo... Mesmo que uma parte de mim fosse tocada por suas palavras.

–SE AFASTE DE MIM! –Gritei, empurrando-o para longe. Edward me encarou atônico. –NADA DO QUE SUA LINGUA BIFURCADA PRONUNCIA EU VOU ACREDITAR! –Tentei pegar o envelope amarelo que Edward havia deixado cair no chão, mas ele o pegou antes e simplesmente o rasgou diante de mim.

–SEU IDIOTA! PÁRA COM ISSO! –Tentei retirar os papéis de suas mãos, mas ele era mais rápido e mais forte, destruindo tudo sem que eu tivesse a chance de fazer algo.

Após terminar o serviço sujo, Edward me encarou com fúria. Eu não me deixei abalar por aqueles olhos e aquela postura ameaçadora, embora por dentro eu tremesse.

–É melhor desembolsar todo o dinheiro que tem e contratar um bom advogado, o que não fará com que compita comigo. Não vou dar o que você quer e assim liberá-la para o primeiro idiota que aparecer. Se não for minha, Isabella Cullen, não será de mais ninguém! –Seu tom ameaçador. Tive de engolir a saliva. O silêncio nos tomou por alguns instantes, mas logo consegui me mexer.

–Pois bem... –Minha voz falhando – Será pelo meio litigioso então. Passar bem. –Saí às pressas, temendo a força e língua ferina daquele homem, assim como temia o que sentia ainda por ele.

...

A música eletrônica não me empolgava o suficiente para dançar. Depois da segunda dose de tequila, parei de beber e me concentrei em conversar com os meus amigos.

–Soube da novidade? O Jacob está voltando. –Jess falou para mim, olhando para todos os que estavam na mesa: Angela e Ben. Eu quase cuspi o restante de bebida que ainda estava em minha boca.

–Eu soube. Ele me ligou avisando. –Ben comentou enquanto puxava Angela para um beijo. Angela me olhou com preocupação.

Jacob, após o “fora” que dei nele, pediu transferência para uma das filiais da agencia na Europa. Foi um alivio para eu não encontrá-lo na empresa quando fui admitida, seria vergonhoso encará-lo após tudo o que aconteceu comigo. Jacob havia me avisado, mas eu o ignorei. Agora penso que se estivéssemos juntos eu estaria mais feliz.

Fiquei alheia a conversa dos meus amigos, tentando pensar em algo que não envolvesse Jacob, Edward e a merda que era a minha vida. Impossível. Talvez beber um pouco mais ajudasse, porém não me sentia com estomago para isso. Fiquei mais alguns bons minutos na danceteria até me decidir, após as duas da manhã, que era hora de ir para casa.

–Estou indo. –Anunciei, levantando-me da cadeira em que estive sentada. Meus amigos se despediram de mim, aparentando preocupação graças ao desânimo que não cheguei a disfarçar. Não precisei reportar a Jess e Angela meu mais recente fracasso em conseguir o divórcio, elas simplesmente sabiam pelo meu semblante. Subi em minha moto, que eu havia deixado no estacionamento ao lado da danceteria, e segui para casa.

Minha mente ainda girava com tudo o que aconteceu e lembrei, tarde demais, que deveria falar com Jessica para conseguir o vídeo de Edward e Tânia entrando em um motel.

“Falarei com ela amanhã.” –Decidi, acelerando mais a moto para poder chegar o quanto antes. No dia seguinte eu não trabalharia, seria domingo, então eu havia me dado o luxo de chegar mais tarde que o habitual. Coloquei minha moto na minha vaga de sempre e passei pela portaria. Foi lá que encontrei o senhor Philip, o porteiro, em seu ponto de sempre. Quando me viu, aparentou certo nervosismo.

–Hei Bella, estava esperando por você. –Falou num tom falsamente tranqüilo. Olhando para aquele homem calvo, excessivamente magro e de óculos, eu soube que diria algo desagradável para mim.

–Boa noite Phil. –Acenei, rumando para o elevador e desejando que ele não me parasse para dizer algo.

–Espere! Preciso falar com você! –Pediu. Merda!

–O que deseja? –Tentei sorrir sem muito sucesso. Ele saiu de seu posto, atrás do balcão de madeira de lei, e veio até mim.

–Vou direto ao assunto. O seu marido, ou melhor, ex-marido conseguiu de novo.

–Pedi para não deixá-lo subir! –Esbravejei e moderei meu tom ao ver os olhos azuis de Phil alarmados. –Desculpe-me. Eu sei que não o deixaria passar assim. O que ele fez para passar? –Coloquei os dedos de minha mão em minhas têmporas, prevendo uma dor de cabeça daquelas.

–Deve ter recebido ajuda de alguém que mora no prédio. Um das moradoras do seu andar o viu e me comunicou.

–Ele ainda está aqui? Por que não o retirou?

–Bella, ele não está em condições de ser retirado sem mais nem menos. –Falou constrangido.

–Como assim? –Meu coração batia descompassado ante a resposta do porteiro. O que o Edward teria feito afinal de contas?

–Acho melhor você mesma ver. –Phil me indicou o elevador e prontamente seguimos para o meu andar. Ele não disse mais nada, aumentando assim minha tensão. Bati sistematicamente os pés enquanto o elevador seguia para o meu andar, nervosa demais. Eu já imaginava que Edward teria uma atitude dessas, não seria a primeira vez que ele vinha a minha casa para conversar. Ainda sim eu esperava que o bom senso o impedisse de me azucrinar mais.

Ao chegarmos a minha casa, estaquei ao ver a cena. Edward estava deitado, encolhido, próximo a minha porta. Caminhando para mais perto dele eu pude sentir o cheio de bebida alcoólica. Sim, Edward estava dormindo, completamente bêbado, em frente ao meu apartamento.

–O que eu fiz para merecer isso. –Murmurei transtornada.

–Eu posso carregá-lo para baixo. Basta eu chamar mais alguém e...

–Não Phil. Eu resolverei isso. Pode voltar. Está tudo bem. –Não estava nada bem, mas eu não envolveria outras pessoas com o meu fardo. Phil me olhou duvidoso de que eu conseguiria me livrar de um bêbado, mas aquiesceu, indo para o elevador.

E logo Edward e eu estávamos sozinhos. Ele continuava encolhido num canto, certamente com frio apesar da sobrecasaca que vestia. Não perdi tempo olhando-o. Peguei as chaves do apartamento na minha bolsa e ao abri-lo, saquei meu celular, ligando para a última pessoa que eu gostaria de falar agora.

–Bella, é você? –Ela respondeu surpresa. Claro que estava surpresa, eu a evitei durante dois meses.

–Onde você está Alice? –Perguntei entre dentes.

–Hmmm... O que aconteceu? Estou feliz por retornar minhas ligações, mas sei que você não faria isso para aceitar minha amizade e meu convite para ir às compras. –Ela era tão Alice! Mesmo depois de tudo, agia como sempre, deixando para lá até o modo rude como eu a destratava. Se eu não estivesse com tanta raiva, poderia rir.

–Quero que saia de onde estiver e venha recolher o seu irmão! Ele está aqui em frente ao meu apartamento, bêbado!

–Poxa Bella, eu estou em... Em Paris! Não posso pega-lo! Não seja má, cuide dele bem. –Alice só podia estar brincando! Eu? Cuidar dele? Do Edward?

–Eu vou chamar a policia, isso sim! –Ameacei. Mas eu sabia, e certamente Alice também, que eu não faria algo como isso. Edward mais a policia significaria um escândalo e meu ex-marido preso. Eu não tinha certeza se o odiava tanto assim a ponto de denegrir sua imagem completamente.

–Belinha, não custa nada cuidar dele só por essa noite. Não faça nenhuma tolice com ele, a não ser que queira abusar sexualmente dele. Aí eu deixo! Beijos! –E desligou na minha cara.

–Vaca. –Murmurei, guardando o celular da bolsa. Num ímpeto entrei em meu apartamento, entrando em meu quarto e deixando a minha bolsa em cima da cama. No meu closet peguei uma manta qualquer, levando-a comigo até a porta. Olhei desgostosa para Edward, jogando a manta sem o menor cuidado. Eu o deixei lá no chão, coberto para que não dissessem que sou insensível, e me tranquei no meu apartamento. Eu só precisei de três minutos para voltar atrás.

Abri lentamente a porta, observando-o ressonar tranqüilo com a manta cobrindo-o. Ponderei novamente em deixá-lo lá a própria sorte, mas eu não era má desse jeito, mesmo que o desgraçado merecesse.

–Edward. –Eu o chamei. Como não deu sinais de que me ouviu, me aproximei. –Hei! Acorda!

Definitivamente ele não se acordaria e entraria em minha casa, ou iria embora como eu gostaria. Eu o cutuquei até ele reagir, o que só aconteceu depois de vários minutos. De tão porre que estava ele não conseguiu sequer levantar. Eu servi como seu apoio, carregando boa parte do seu peso enquanto o guiava para o sofá mais próximo, deitando-o lá.

Por alguns instantes Edward abriu seus olhos, fitando-me. Eu fiquei parada, de pé, completamente presa naquele olhar, encontrando os mesmos sentimentos de antes: desespero, angústia e amor. Ele estava sofrendo, eu sabia, eu sentia. E isso era uma droga. Fechou os olhos, entregue ao cansaço a ao álcool, dormindo rapidamente. Fui ao meu quarto, pegando um travesseiro e mais uma coberta. Coloquei cuidadosamente a cabeça de Edward em cima do travesseiro e o cobri melhor.

Meus dedos tocaram, involuntariamente, seu cabelo, suas roupas, sua pele. Tentei expulsar imagens da minha cabeça, mas foi impossível não pensar na época em que estávamos juntos. Aquela época gostosa, após a tempestade dos primeiros meses do nosso casamento, quando parecíamos ser as únicas coisas para o outro. E com esses devaneios, senti a garganta apertar.

Fazia muito tempo que eu não chorava

À noite em que eu descobri a verdade ainda me assombrava. Eu chorei, gritei e ri naquele dia, como uma louca. Eu pensei que enlouqueceria. Mas na manhã seguinte eu estava sã, sã e vazia. E tenho estado vazia desde então, como quem ainda não processa os acontecimentos. Não era um alivio, porém. Eu temia pirar e fazer uma besteira. Por isso o choro que se seguiu foi mais alivio que dor. Sentei no chão, próxima a Edward, tentando controlar os soluços.

Eu não tinha certeza se as coisas melhorariam caso nos separássemos, mas que outra escolha eu tinha? Eu não poderia ficar ao lado de um homem que tanto me feriu! E ainda sim... Ainda sim meus dedos entraram naquele emaranhado acobreado que eram os cabelos de Edward, afagando-os. Acariciei suas pálpebras, bochecha, a sua tez lisa, seus lábios, seu nariz. Eu não conseguia me fazer parar de acariciar seu rosto, enquanto meus olhos vestiam incontáveis lágrimas.

–Eu queria tanto... Tanto que as coisas fossem diferentes! –Murmurei, colocando um dedo em meus lábios enquanto me lembrava do beijo que recebi de Edward quando eu fui procurá-lo horas atrás. Pensei em beijá-lo, mas me detive. Fiquei sentada, inconsolável, olhando para o rosto de Edward. Apesar das olheiras e de estar um pouco magro ele ainda era a coisa mais bonita que eu já vira.

Naquela noite eu não dormi. Eu fiquei a observá-lo, quem sabe por uma última vez.

...

De banho tomado e com o estomago vazio desde ontem, eu olhava para Edward. Já havia amanhecido e eu não precisava trabalhar. No entanto estava fora de cogitação eu ficar em casa enquanto Edward estivesse lá. Ele dormia, mas logo acordaria. Peguei minha bolsa e as chaves da moto, deixei um bilhete em cima da mesa de centro para ele e saí.

No bilhete apenas um pedido para que fechasse a casa ao sair e, sem titubear, fui a casa de Jessica. Eu precisava do vídeo o quanto antes! Antes que eu fizesse uma besteira como... Como desistir de tudo. Liguei para Jess do estacionamento, acordando-a. Ela ficou irritada com o que fiz, mas quando disse o motivo de eu ir a sua casa, calou-se. E foi calada que ela me recebeu na porta de sua casa, mas não demorou a falar pelos cotovelos.

–Via litigiosa, é? Isso é uma boa. Com a prova que eu tenho em mãos logo você estará separada dele. –Jess dizia enquanto olhava para uma estante cheia de CDs e DVDs no seu quarto. Eu estava sentada em sua cama, tentando entender por que ela olhava para aquela estante se o que eu pedi estava no seu celular.

–Assim espero. Não agüento mais essa situação! E para completar ontem, após a discussão eu tivemos, ele se embebedou e dormiu em frente ao meu apartamento. Tive que cuidar dele, já que a irmã está do outro lado do oceano com o marido.

–E por que não chamou a policia? Eles o recolheriam rapidinho! Não precisava cuidar dele Bella! A não ser que você quisesse se aproveitar dele. –Virou-se para mim com um sorriso maroto nos lábios. Revirei os olhos.

–Até parece! Não sou assim. –Era mentira. Ontem eu quis fazer algo, aproveitando que Edward estava inconsciente. Jess não precisava saber da minha fraqueza.

–Sinceramente Bella, você está tão bagunçada que nem eu, a mais intuitiva do grupo, seu como você é. Aposto que nem você sabe. –Disse com amargura. E ela estava certa, claro. Eu estava tão mergulhada no caos que não sabia quem era, o que deveria fazer e a quem recorrer.

–Eu sei disso. –Murmurei aborrecida. Estar estagnada como eu estava era doído.

–Talvez saber que Jacob Black está retornando dê algum ânimo a você. Agora que está solteira, vocês poderiam recomeçar.

–Não posso Jess. Não posso por que ele seria novamente um step pra mim. Eu também não quero. Eu não o vejo como antes. –Eu sabia, em meu intimo, que nunca amei Jacob. Duvidava que, após tudo o que passei, fosse ficar com ele, por mais que ele me quisesse o que não era o caso.

–Me diga que não pode e não quer quando vê-lo, aí sim acreditarei em você. O Jacob tá gostoso amiga! Pense bem. Não é tão gostoso e rico como o Edward totoso safado, mas é um ótimo quebra-galho!

Jess e sua superficialidade. Talvez fosse um sentimento que me cairia bem. Ainda sim...

–Só quero a amizade de Jacob, se ele ainda quiser a minha. –Sorri falsamente. Depois do nosso rompimento, meses atrás, eu teria sorte se Jacob não tacasse um tijolo na minha cabeça.

–Ele vai querer a sua amizade Bella... –Jess disse de um jeito terno, que me fez sorrir – e o seu corpo também. Afinal de contas ele é homem! –Sorriu, sarcástica. Definitivamente a ternura tinha acabado.

–Então... Onde está a filmagem? –Perguntei entediada.

–Eu salvei em um cd, está aqui em um desses. –Jessica apontou para as prateleiras cheias de Cd, eu gemi. –Eu vou procurar e encontrar. Não se preocupe.

–Não quero parecer chata, mas eu peço que encontre o quanto antes. Eu preciso me separar antes que... –Antes que eu ceda, mas isso eu não iria exteriorizar.

–Eu serei rápida, pode deixar. Agora já que você está aqui e nenhuma de nós tem nada para fazer, que tal sairmos para fazer compras? Estou precisando ir ao shopping e não tenho companhia.

Eu não poderia ir para casa, Edward poderia estar lá ainda. Sorri agradecida, pelo convite e pela chance de ficar na rua mais tempo.

–Claro. Podemos ir sim.

...

Carregando algumas sacolas de roupas que provavelmente não usarei, segui de moto para meu apartamento. Eram sete da noite, uma noite fria, típica do outono. Logo ocorreriam os períodos de chuva e folhas secas espalhadas pelo chão, tornando tudo ainda mais melancólico.

Passar o dia com Jess foi bom, apesar dela tocar no nome de Jacob e de sua provável genitália avantajada com mais freqüência do que eu gostaria. Prometeu que logo eu teria o vídeo em mãos e assim eu poderia acionar o meu advogado, mas sua confiança e certeza de que tudo acabaria não me tranqüilizaram. E isso tudo por que eu me permiti cuidar de Edward e, enquanto eu o olhava e o acariciava, lembrar-me dos bons momentos com ele.

“Não deixe esse tipo de pensamento retira-la do caminho que traçou para si!” –Minha racionalidade exigiu, desesperada. Deixei a moto na garagem e passei com Phil, o porteiro do condomínio, antes de subir.

–Phil, ele já foi? –Perguntei apreensiva.

–Ah, Bella! Sim, seu ex-marido foi embora. Uma moça o convenceu a ir. –Sorria satisfeito pelo meu aparente problema ter acabado.

–Moça? –Eu não conseguia pensar em ninguém que pudesse vir ao meu apartamento e ajudá-lo, a não ser Alice. Impossível. Ela estava em Paris! –Ela se identificou? –Perguntei, já imaginando se tratar de Tânia. Não era algo impossível, não para mim.

–Alice Hale. Ela disse que era irmã dele. –Phil disse.

Então Alice viera buscá-lo. Para ter sido tão rápido, ela não estava em Paris. Como ela pôde mentir para mim? Ótimo, eu estava indignada! Nem deveria, ela havia mentido uma vez.

–Eu vou subir. Obrigada.

O cansaço que eu sentia por passar o dia caminhando ameaçava me abater antes de chegar ao meu apartamento, por isso fui apressada para os elevadores. Estava mais do que aliviada por saber que não me depararia com um Edward agora sóbrio, que provavelmente faria coisas como me agarrar, deixando-me ainda mais confusa.

Meu alivio durou apenas os minutos que se seguiram por que, ao entrar em meu apartamento, me deparo com...

–Tá fazendo o que aqui Alice? –Joguei minhas sacolas de compras mais a minha bolsa no sofá livre, mantendo a porta aberta. –Passa fora!

–Credo Bella, você não costumava ser tão mal educada assim! Deveria me agradecer! Se não fosse pro mim, Edward estaria aqui de cuequinha esperando por você. –Ela ria, descontraída, enquanto se aproximava das minhas sacolas de compras. –E então? Você continua usando roupas descoladas ou voltou a usar o look “Carie, a estranha”?

–ME DEIXA EM PAZ! –Exigi, pegando minhas sacolas num ímpeto e derrubando boa parte delas no chão. –Por que ainda está aqui? Por que não caiu fora com o Edward?

–Por que eu prometi ao Edward que o ajudaria. Se eu não tivesse feito a promessa, ele ainda estaria aqui. –Voltou a se sentar, cruzando as pernas enquanto olhava as unhas pintadas de rosa.

–Patético! Não há nada a fazer e você sabe disso. Edward tentou fazer com que eu mudasse de idéia, mas não conseguiu. Você não conseguirá. –Meu tom desafiador pareceu desperta-la do aparente tédio. Alice sorriu maliciosamente.

–Não sou como o perdedor do meu irmão. Meu poder de convencimento é bem melhor!

–Há, essa eu pago para ver! –Fechei a porta e sentei no outro sofá, olhando-a com diversão e raiva. –E qual é o seu discurso capaz de me convencer a voltar para o Edward e foder ainda mais a minha vida?

–Sabe você começa errando ao pensar que a culpa é somente nossa? Você também é culpada. –Falou casualmente enquanto olhava para o teto.

–O QUE? EU SOU A CULPADA PELO QUE ACONTECEU? –Gritei, enlouquecida. Por muito pouco eu não avancei na minha ex-cunhada.

–Isso mesmo. Edward e eu erramos. Eu errei em concordar, Edward errou em escolhê-la e meu pai, que Deus o tenha, errou em estipular uma clausula tão absurda. Mas nada teria sido possível se você não tivesse dito sim.

–Eu achei que ele me amava! Edward me enganou! –Eu estava revoltada com as palavras de Alice por que era algo sem cabimento algum me culpar pelo que aconteceu, como se eu quisesse sofrer o tanto que sofri. Alice continuava impassível, estudando minha explosão quase cientificamente.

–Eu não sei exatamente o que aconteceu a vocês dois, mas posso imaginar que Edward fez de tudo para você pedir separação. Se tivesse feito o que ele queria, não teria sofrido tanto. Preferiu engolir o orgulho e seguir em frente. Você tomou uma decisão que indubitavelmente comprometeu sua felicidade.

Eu fiquei calada, sem saber o que dizer. Eu deveria xingá-la pelas suas palavras, mas elas estranhamente fizeram sentido e isso me deixou no mínimo chocada.

–Viu? Você ficou calada, ruminando o que eu disse. –Ela sorriu vitoriosa.

–Isso não significa que você está certa. Eu só estou chocada demais com toda a besteira que você está dizendo para responder. –Menti. –Diga logo o que quer Alice.

Alice respirou profundamente, cruzando suas pernas, expostas devido ao vestido preto colado que usava. Relaxou mais no sofá onde estava sentada, encarando o teto.

–Eu não iria ajudá-lo por que o Edward não merecia. Agora ele merece minha ajuda. Ele errou muito, todos nós erramos, mas ele mudou. Você sabe disso, mas finge não ver. Ele ama você Bella, aprendeu a amá-la mais do que tudo. Soube que foi Tânia que lhe contou... Bem, Edward queria contar, mas tinha medo. Assim como você temeu perde-lo por várias vezes. –Ela me encarou e vi nos seus olhos cor de ouro – a mesma cor dos olhos de Edward – sinceridade.

–Por que eu deveria acreditar em você? Está tentando acobertá-lo, como fez antes de nos casarmos. –Inexplicavelmente eu me sentia sem argumentos para discutir com Alice e eu odiava isso.

–Edward está em um estado deplorável. Ele não está comendo ou dormindo direito. Tenta se concentrar unicamente no trabalho e consegue, mas quando não está trabalhando... Ele ama você, Bella. Um amor tão grande, que superou até o amor que ele tinha por ele mesmo. Ele acabou com você no passado, não permita que ele se acabe.

–Não vou voltar para ele. Não posso. –Murmurei desesperada. As palavras de Alice, mais a imagem de Edward ontem, bêbado e magro, estavam mexendo comigo.

–É o seu orgulho falando. Seu orgulho vai acabar com você, assim como está acabando com ele. Dê uma chance ao Edward. Não vai se arrepender. Não há ninguém que a ame mais do que ele. –Alice se levantou, ajeitando o vestido. –E eu vou enchê-la até você aceita-lo de volta. –Sorriu.

–Vou expedir um mandato de segurança para vocês dois. Não poderão se aproximar de mim. –Ameacei. Eu estava temendo mais e mais as palavras de Alice e a presença de Edward. Se eles continuassem a se aproximar... Eu iria...

–Pense bem. Não é apenas a sua felicidade que está em jogo. Você experimentou uma felicidade sem igual quando soube o quanto Edward a amava. Você pode ter isso novamente.

Alice saiu sem dizer mais uma palavra. Eu olhei para o ponto onde ela esteve sentada. Eu me lembrava, claro, da felicidade que senti nos braços de Edward. Eu queria tudo àquilo de novo. Eu não poderia ter o que perdi. Tantas coisas me impediam; tanta mágoa, tanta mentira! O que eu iria fazer? Eu seria capaz de perdoá-lo? Eu não sabia e isso me assustava, por que antes não tinha duvidas de que o melhor era me separar.

Edward pov’s

A aliança de casamento dela. Era o primeiro objeto que eu via quando acordava. Eu o havia deixado próximo de um porta-retrato digital, recentemente adquirido, que exibia fotos minhas e de Bella. Patético, eu sei. Mas não era mais patético do que dormir com algumas peças de roupas deixadas por ela – coisas dadas por mim ou Alice – colocando-a no lado da cama onde ela costumava dormir.

Mais um dia. Não, não era um dia qualquer. Enquanto pegava a aliança e a beijava, num sinal estúpido de devoção ao casamento arruinado, lembrei que Bella e eu estaríamos fazendo um ano de casados. E lembrei que se eu ainda fosse o antigo Edward, eu comemoraria esse dia com fogos de artifício. De acordo com o contrato estabelecido entre mim e meu falecido pai, após o casamento, aprovado por Alice, só havia duas formas de garantir minha herança mesmo que ocorresse separação: se Bella pedisse a separação ou se eu pedisse após um ano de casados.

Eu ainda estava com a minha herança, infelizmente. O acordo no contrato não foi descumprido visto que era ela quem pedia o divorcio agora. E agora a pergunta de um milhão de dólares: eu havia lhe dado o divórcio após ela descobrir a verdade sobre o contrato, dois meses atrás? Não, eu não havia dado e nem pretendia.

Enquanto levantava para ir ao meu trabalho, pensei em tudo o que tinha ocorrido nesses dois meses de separação. Bella mudou-se para o seu antigo apartamento pelo que eu soube. Fui lá algumas vezes e eu a esperei na porta. Ela não queria conversa, perguntava apenas se eu estava lá para assinar os papéis do divorcio. Eu dizia não ante sua pergunta e ela fechava a porta na minha cara. Confesso que eu a azucrinei, indo todas as noites a sua casa, já que ela não atendia meus telefonemas, e de tão irritada que ficou convocou a policia. Meu assessor ficou louco, tentando me dissuadir a continuar com essa maluquice. Seria mal para minha imagem se a mídia vinculasse meus problemas pessoais. Eu não parei de fazer isso pelo assessor e a maldita imagem que eu deveria possuir, mas por que o porteiro e os demais funcionários do prédio foram instruídos por ela a não me deixar passar.

Como era de se imaginar além de sair do meu apartamento, Bella deixou a empresa. Eu soube, através de meus contatos, que ela foi trabalhar em uma empresa concorrente a Cullen publicidade, a Submit. A empresa onde sua amiga Jessica, antiga funcionaria minha, trabalhava. Era onde o tal Jacob trabalhava também.

Jacob, ex-namorado de Bella, desaparecera após o término do seu relacionamento com ela, sendo transferido para uma sede da Submit em outro país. Eu me mantive alerta mesmo assim, temendo que ele aparecesse e voltasse a atormentá-la a fim de tê-la como namorada. Agora que Bella trabalhava na mesma empresa, eu estava mais paranóico do que antes. Além de segui-la em casa, confesso que eu a segui na empresa também. Ela não fez nada demais, nem deu bola para os caras que a cantaram quando saia para alguma balada com os amigos. Ainda sim...



–Bom dia senhor Cullen! –Minha secretária me cumprimentou alegremente, olhando para a minha agenda lotada de compromissos. Tanto melhor, com compromissos eu ocupava minha mente e evitava pensar em como minha vida fora dos muros da empresa era miserável.

–Senhora Slater, quanto tempo até o primeiro compromisso do dia? –Perguntei enquanto entrava na minha sala, a sala reservada apenas ao presidente da Cullen publicidade.

–Quarenta minutos. Hmmm... Senhor Cullen, não acho que tenha notado, mas um homem o espera.

–Um homem? Onde está? –Olhei para o caminho que fiz e notei um homem desconhecido, sentado em uma cadeira de frente para a mesa da minha secretária. Pela sua postura séria e vestimentas formais, eu logo adivinhei o que era.

–Um advogado? O que ele quer? –Murmurei sem ter um ouvinte direcionado, mas minha secretária respondeu.

–Deseja falar com o senhor. Eu iria dispensá-lo e pedir para marcar um encontro, como de pras. Então ele disse que era o advogado de Isabella Swan.

Advogado de Isabella. Eu havia entendido tudo antes mesmo do bom senhor ser convocado pela minha secretária, ao meu pedido, para uma pequena audiência. Durante dois meses Bella apareceu diante de mim com papeis do divorcio para assinar. Eu me recusei veementemente e até agarrei ela, numa tentativa insana de mostrar o meu amor e dissuadi-la disso. Por uma semana ela não veio ao meu encontro e cheguei a pensar que ela havia desistido. Olhando para aquele senhor sorridente demais, segurando um envelope pardo nas mãos, entendi o que ele fazia ali.

–Sou o senhor Smith, advogado da senhorita Isabella Swan. Vim aqui a pedido da minha cliente para tratarmos do divorcio. –O maldito sorria, ignorando o fato de que a sua alegria em vencer um acordo e honorários que ganharia equivaleria ao fim da minha felicidade. Mas como bom advogado com pacto com o diabo, ele não estava nem aí. Aposto que espancaria a própria mãe se isso o ajudasse a se transformar em um advogado conhecido.

–Senhora Cullen. Ela não está divorciada de mim então chame-a pelo nome de casada. –Trinquei os dentes enquanto falava. O homem ficou constrangido com minha atitude, mas ignorei isso. –Sou Edward Cullen, como pode ver. Sente-se. Eu indiquei uma cadeira em frente a minha mesa e rapidamente me instalei em minha poltrona. Rapidamente o tal Smith me passou o envelope pardo. Eu o abri, relutante, e me deparei com a mesma papelada que Bella me trouxera tantas vezes e que me recusei a aceitar.

–O que você espera vindo até a minha empresa com estes papéis? –Minha voz, apesar de baixa, mostrava toda a raiva que eu sentia sempre que o assunto sobre a separação era colocado na baia. Enxugando a tez suada com um lenço sujo, o homem se manifestou.

–Eu espero conseguir o que a senhorita Swan... O que a senhora Cullen não conseguiu. Vim interceder por ela.

–E acha que vai conseguir? Bella tentou por dois meses e não conseguiu. Se diante do pedido dela eu não assinei, não será você a me convencer. –Eu sabia que aquele homem só estava fazendo o seu trabalho, mas como sua função era facilitar a vida dela, e foder com a minha, eu não fiz questão de ser simpático.

–Acredito que minha cliente tenha agido pela emoção, forçando-o a assinar quando na verdade deveria apontar motivos para que o senhor concedesse o divorcio. Agora eu, representando o lado racional, estou apto a fazer o que minha cliente não conseguiu.

Baboseira de merda! O típico advogado de porta de cadeira esforçando-se para falar difícil e dar assim a impressão de ser o homem mais culto do mundo. Queria mandá-lo para o inferno com aqueles papéis.

–Eu estou ansioso para ouvir seus argumentos. –Eu estava ansioso para ouvir palavras ditas por ele que me fariam rir. Não havia ninguém capaz de me convencer a me separar da mulher que eu amava. Enquanto eu estivesse atado a ela pelo matrimonio, eu poderia acreditar que poderíamos ter uma chance. Se eu me separasse, Bela partiria e eu não seria capaz de segui-la.

–Se está hesitando em lhe dar o divórcio, isso significa que ainda a ama, não é? –A pergunta do advogado me chocou. Eu pensei em algumas possibilidades do que ele me diria, mas não imaginei que tocaria no assunto “amor”. Fiquei calado, perplexo, enquanto era observado por aquele homem. Ele sorriu, sentindo-se triunfante pelo impacto de seu primeiro discurso. Recomeçou a falar, aparentando segurança e casualidade com o assunto.

–Entenderei sua recusa em assinar e silêncio como um sim. Por amá-la, não quer a separação, achando que assim a probabilidade de voltarem será maior. Está enganado. Contrariando a vontade de minha cliente e forçando-a a se desgastar com essas discussões, só está aumentando o rancor que ela guarda do senhor.

–Ela disse alguma coisa? –Não pude me conter e perguntei desesperado com a idéia de aumentar ainda mais o ódio que ela sentia por mim.

–Não estou cem por cento a par deste caso, eu o peguei recentemente, mas sou muito observador. Isabella Swan está no seu limite. Se realmente a ama, deveria dar o divorcio. Pode parecer estranho, mas será mais fácil ela ouvi-lo depois de divorciados do que agora.

–Está blefando. Querendo me convencer a todo custo a assinar, pois só receberá adequadamente seus honorários se conseguir. –Destilava veneno de minhas palavras e encarei Smith com raiva, descarregando os sentimentos negativos que me tomavam. Desviou o olhar, desconfortável com minha postura defensiva, e retomou o raciocínio após alguns instantes.

–Eu já estive diante de casos parecidos com esse e sei do que estou falando. Será mais fácil vocês se reconciliarem após o divorcio do que agora, movidos pela raiva. –Por alguns instantes eu não vi um advogado devorador de dinheiro e bens, diante de mim. Eu vi um homem vivido que queria ajudar. A boa imagem desapareceu num piscar de olhos.

Ele era astuto. Se não estivesse tentando arruinar minha vida, eu provavelmente o contrataria para ser um dos advogados da empresa. Eu precisava me livrar dele, jogar o seu jogo. Eu não gostava do que ele dizia, forçava-me a ouvi-lo e me fazia pensar que ele estava sendo razoável.

–Eu assino se ela vier aqui. Eu falo de Bella. Diga a ela para vir pessoalmente trazer os papéis. Eu tenho algumas coisas a acertar com ela antes da palavra final. –Eu estava me sentindo psicologicamente esgotado e ele havia sido a primeira pessoa com quem falei. Tinha tantos clientes e subordinados para atender!

–Assinará se minha cliente vier? –Ele perguntou em dúvida. Fiz a expressão facial mais séria de toda a minha vida e assenti. –Está bem, eu falarei com ela. Desculpe-me tomar o seu tempo. –Levantou-se, estendendo a mão para um cumprimento. Eu apertei sua mão, aliviado com a sua saída. Antes de passar pela porta, porém, eu o ouvi dizer:

–Pense no que eu lhe disse. –E saiu, farejando vitória fácil.

...

Eu realmente pensei sobre o que Smith dissera. Seus conselhos não saiam da minha cabeça, nem mesmo quando eu precisava me focar apenas no trabalho. Poderia minha atitude defensiva de não autorizar o divorcio estar prejudicando meu improvável futuro com Isabella? Seria o melhor, para nós dois, eu ceder. Não, não era o melhor. O divorcio poderia parecer aos olhos dela minha desistência e aceitação da situação, algo que não condizia com a verdade. Eu não via como me separar dela poderia me beneficiar.

Após sucessivos debates sobre a empresa e como cortar gastos, melhorar o serviço e ampliar os lucros, eu pedi um minuto a senhora Slater. O suficiente para lembrar que eu não havia almoçado, de novo, e pegar a garrafa de vodca escondida no fundo de uma gaveta da minha mesa. Se alimentar mal, dormir pouco e beber algo alcoólico eram hábitos nada louváveis que inseri em meu dia a dia. Alice brigava constantemente comigo quando nos encontrávamos, dizendo que aquela não era a melhor forma de reaver Bella e blá blá blá. Eu não lhe dava ouvidos. Por que deveria? Ela nunca me ajudou com o meu casamento, sempre dizendo que eu não era merecedor de ajuda. O que eu estava passando agora era reflexo dos meus erros e, por que não, dos dela.

–Senhor Cullen. –Sem o menor aviso, um grupo de importantes clientes entrou em minha sala, sendo seguidos por minha secretária. Procurei me recompor, escondendo a garrafa de vodca.

–Vamos aos negócios, senhores. –Voltei ao modo empresário fodão, tentando esconder toda a carga emocional avassaladora que me atingia nos últimos meses. E eu consegui, eu era muito bom em fingir quando os negócios estavam no meio.

Enquanto falava, adquiria mais clientes, ávidos pelo dinheiro que poderiam ganhar através dos talentos de meus funcionários.

Enquanto falava, eu entendia que tinha o poder de persuadir quem eu quisesse para fazer o que me convinha, como assinar contratos milionários com a Cullen publicidade.

Enquanto falava, eu refletia sobre o quão irônico era o meu poder de convencimento sobre tudo, menos com a questão que eu mais queria.

E no final do expediente, com a saída desses últimos clientes que eu atendia agora, eu me sentiria o mesmo lixo inútil de sempre. Eu não havia progredido em nada desde que Bella me deixou, não sabia como fazê-lo e temia que ela seguisse com a sua vida, mesmo não estando separada. Ela era linda, tinha uma personalidade marcante e era dedicada. Jacob poderia não ser um inimigo em potencial, mas sempre haveria gaviões por aí loucos por uma mulher. Não, esse ainda não era o momento de pensamentos tão pessimistas, eu ainda tinha que ficar no modo empresário perfeito.

Um telefonema me interrompeu e cogitei não atender a ligação, mas minha secretária sabia que não poderia me interromper, a não ser que fosse Bella lá fora. Eu consegui, com maestria, adiar o fechamento do contrato com o grupo que estava comigo. Esperei ansioso pelo momento em que eu a veria. Coração acelerado, mãos suando, respiração ofegante... Sintomas de um maldito pré-adolescente diante do seu primeiro amor. E quando ela passou graciosa pelas portas duplas, eu senti meu coração falhar.

Assim que ela entrou, eu me apressei em levantar da poltrona em que estava sentado.

–Não precisa se levantar. Será rápido. – Sentou-se diante de mim e jogou o envelope já tão conhecido por mim. O barulho daquela papelada caindo em cima da mesa me pareceu um tapa no meu rosto. –Eu não tenho caneta, deixei no escritório.

Eu me sentei, agoniado com aquela insistência toda. Ela me olhava sem me ver, como um robô concentrado em cumprir sua função. Sem emoção... Deus, no que eu a havia transformado?

Hesitante, peguei os papéis, olhando-os. Ela me olhava com expectativa, parecendo acreditar no que eu havia prometido ao seu advogado. Como era ingênua! Se estivesse atenta a mim, ao modo como eu a olhava, como se ela fosse (e certamente era) a coisa mais importante da minha vida, a minha única riqueza. Como eu poderia abrir mão disso? Eu preferiria qualquer coisa, até mesmo a pobreza, do que perdê-la. Ela deve ter percebido algo em meu semblante e vi a famosa agressividade mal contida em suas feições bonitas.

–Assine-os. Disse ao meu advogado que assinaria caso eu o trouxesse. –Falava de forma frenética. Eu sorri sem humor algum.

–Depois desses dois meses, eu pensei que você aprenderia. Não vou assinar esses papéis de divórcio.

Ela queria me matar, pude ver a ferocidade em seus olhos, mas respirou, procurando se acalmar. É, ela deve ter sido aconselhada pelo advogado a não se exaltar.

–Se continuar com isso Edward, eu apelarei para outros meios para me separar. Meios que podem arruinar sua imagem pública. É isso o que você quer? É isso o que terá! –Ela se levantou e sua ameaça me enraiveceu. O que ela faria? Espalharia por aí a verdade sobre meu relacionamento arruinado? Que fizesse! Ou estava blefando, como o advogado fizera comigo pela manhã? Ela não sabia, e descobriria da pior forma, que eu era o diabo quando queria algo. Atualmente eu queria continuar casado com ela e eu conseguiria.

–E posso saber como pretende fazer isso? Conseguir o divórcio e denegrir minha imagem? Bella, minha AINDA esposinha, precisará dos melhores advogados para se livrar de mim! –Sorri vitorioso. Eu tinha um grupo de advogados de renome a minha disposição, loucos para frustrar planos tolos como os dela e do seu advogadozinho de quinta!

–Não que eu tenha comentado antes, mas sabe como eu descobri que era traída? Através de um vídeo. – Bella veio, determinada, em minha direção. Sua frieza me gelou até o osso. –E, tendo uma prova material de que você foi infiel, eu posso pedir o divorcio via litigiosa. Você, como o bom conhecedor de assuntos como esse, sabe que eu...

Ela queria se livrar de mim. Eu era um peso que a incomodava. Ela não precisava de mim e tinha em mãos um meio bastante eficaz de nos separar. Eu vou perdê-la!

Movido por todos os sentimentos mais conflitantes que podem tomar um homem, eu a peguei pelo braço jogando-a na parede. Meus lábios, famintos, procuraram pelos lábios dela, antevendo o prazer de senti-los contra os meus. E quando eu os senti... Ah! Não havia nada mais doce, mais perfeito, do que beijá-la. Eu não imaginei, mergulhado como eu estava na dor de perdê-la, o quanto eu precisava fazer isso. Senti seu corpo colocar ao meu, graças à força que eu empregava em meus braços, e me senti satisfeito por ela me permitir àquele breve contato.

Eu queria mais – claro que queria – e na ânsia de conseguir um beijo de verdade eu senti Bella reagir. Tenteou me empurrar, sem nada conseguir. Mesmo sabendo o que ela queria, tentei prende-la nos meus braços. Sua agitação foi aumentando e percebi que forçá-la apenas pioraria tudo. Parei de beijá-la, ainda mantendo seu corpo próximo ao meu.

–Não vê Bella... Não vê como eu amo você? – Fechei meus olhos não querendo ver sua expressão de indiferença. –Eu não sou mais aquele Edward. Se eu fosse, soltaria fogos com o seu pedido e me envolveria com uma prostituta em comemoração. Eu não sou mais assim! Eu amo você! –Eu gritava as palavras, por dentro e por fora, desejando que ela me ouvisse. Eu rezava para toda essa baboseira acabar e voltarmos aos velhos tempos, quando éramos apenas nós dois e tudo ao nosso redor era um borrão.

–SE AFASTE DE MIM! –Gritou furiosa. Eu me assustei com sua explosão e não pude fazer nada quando fui jogado para longe por ela. –NADA DO QUE SUA LINGUA BIFURCADA PRONUNCIA EU VOU ACREDITAR! –Tentou pegar o envelope e eu sabia, se eu a deixasse ir tudo estaria acabado. Peguei os papeis antes dela e rasguei tudo, ignorando seus protestos exaltados.

–SEU IDIOTA! PÁRA COM ISSO! –Tentou, sem sucesso, me impedir. Movido pela fúria e irracionalidade como eu estava, destruí o documento rapidamente.

–É melhor desembolsar todo o dinheiro que tem e contratar um bom advogado, o que não fará com que compita comigo. Não vou dar o que você quer e assim liberá-la para o primeiro idiota que aparecer. Se não for minha, Isabella Cullen, não será de mais ninguém! –Ameacei, louco. Eu a vi ofegar, surpreendida pela minha explosão. Voltou a falar e sua voz mostrava o quanto estava abalada com toda a situação.

–Pois bem... Será pelo meio litigioso então. Passar bem.

Eu já a vi partir inúmeras vezes. Sempre que ela saia, sem dirigir um único olhar para mim, eu refletia sobre mil coisas. Eu podia ter tudo o que quisesse nada me faltaria enquanto eu fosse um dos homens mais ricos e influentes dos Estados Unidos. Eu trocaria absolutamente tudo para voltar a ser o único que Bella amava e se importava.

...

Quantos drinques eu havia tomado naquele bar? Dose, treze drinques? Quantas mulheres de cabelos cor de chocolate eu havia associado a minha mulher? Eu era patético! Deveria estar pensando em uma forma de impedir a separação via litigiosa, contatando meus advogados e conversando sobre o assunto. Mas não, eu estava agindo como o estúpido que era bebendo e vendo a mulher que eu amava em cada mulher do bar.

Por que isso estava acontecendo comigo? Era verdade que eu havia sido um cretino com ela, mas também não tive uma vida fácil. Mesmo tendo tudo o que o dinheiro poderia comprar, eu não tive uma família normal ou amigos. Onde estava a justiça para mim?

A bebida não resolveria meus problemas, mas aplacaria a dor de perder o que eu fiz questão de perder. Isso já era um consolo e tanto!

...

Flashes de uma noite perturbadora me assombravam. Lembro vagamente de pagar minha bebida ao barman e pedir um taxi, deixando meu carro no estacionamento do elegante bar. Queria ir até Bella... Eu queria.

O porteiro me barrou. Filho da puta. Isso não me impediria. Vi um carro se antecipando, querendo entrar na garagem. Joguei-me diante dele, sendo xingado pelo motorista. Eu o calei com uma nota de cem dólares e consegui, com a sua ajuda, entrar no prédio.

Um lance de escadas e o elevador. Encontrei sua porta e bati enquanto murmurava seu nome. O frio me açoitava, assim como o forte cansaço. Não consegui me manter de pé e subitamente o chão me pareceu confortável. Fechei os olhos... Adormeci.

...

Bella... Ouvi o seu choro e senti um aperto no peito. Não chore, pensei. Eu queria abraçá-la, beijar sua testa e dizer que tudo ficaria bem. Eu queria ser uma pessoa diferente, desde o inicio para ela. Eu queria tanto...

–Hmmm... –Débil como eu estava, demorei a perceber que fora acordado pelo barulho insistente de uma campainha. Eu me senti muito confortável.

–Eu sei que você está aí seu cabeção! Abra a droga da porta! –Ameaçou. Alice, eu constatei. Levantei cambaleante e percebi que estava na sala do apartamento de Bella. Eu me lembrava vagamente de ter ido para lá e senti uma estranha satisfação por ela ter me permitido ficar. Abri a porta e Alice passou como um furacão.

–O que está fazendo aqui? –Perguntei, encostando a porta. Aproveitei para olhar ao redor.

–Ela não está aqui. Não ficaria aqui com você dormindo no sofá dela. Vamos, temos que ir embora antes que ela consiga um mandato de segurança contra você. –Entrou na cozinha deixando uma sacola de supermercado na mesa. –Trouxe café. Coma e vamos embora.

–Você falou com ela? Sabe para onde ela foi? –Perguntei frustrado por perder a oportunidade de conversar com Bella.

–Ela me ligou ontem, furiosa por encontrá-lo bêbado. Inventei uma desculpa e ela cuidou de você.

Sentei, abrindo a sacola trazida por minha irmã. Eu não estava com fome, mas resolvi comer sabendo que isso me ajudaria a me recuperar da ressaca que me atingia. Alice sentou a minha frente, avaliando-me.

–Você está um lixo. –Sua voz era casual como se estivesse fazendo um elogio qualquer.

–Você é sempre tão carinhosa! –Ironizei, tomando um gole de café. –E a propósito eu vou ficar aqui. Preciso conversar com ela.

–Edward, você... –Ela iria me repreender, mas isso era porque não sabia dos mais recentes planos de separação de minha mulher.

–Escute, ela tem uma prova material de que eu a traí. Pedirá separação via litigiosa! Alice, eu preciso impedi-la! –Eu estava desesperado. Nada me ocorria naquele momento e eu tinha tão pouco tempo para fazer alguma coisa!

–Deixe comigo. Vá para casa, tome um banho e descanse. Não volte a procurá-la nem nada. –Seu rosto estava mais sério do que eu me lembrara. Poderia contar nos dedos as vezes eu que eu a vi tão determinado.

–Disse que não me ajudaria por que eu não era digno. –Lembrei com amargura. Ainda tinha a idéia de que eu poderia estar bem com Bella se Alice tivesse me ajudado vez ou outra.

–Você é digno agora. Vou convencê-la, você vai ver. –Sorriu e sua perseverança acendeu as chamas da esperança a muito esquecidas por mim. Eu me permiti naquele momento confiar nela àquela missão.

–Não me decepcione. Se você falhar, vai ser o meu fim. –Murmurei. Ela não brincou com minhas palavras melosas, ela sabia o quanto eu esta vulnerável. Ergueu a mão, colocando-a sobre a mim, em seu rosto um sorriso terno.

–Eu nunca o desapontei. Não desapontei na escolha da mulher e não desapontarei agora. E cumpra com o que eu estou sugerindo. Fique afastado e deixe tudo comigo.

–Vou tentar, mas quero noticias positivas. –Exigi.

Aquela era minha última tacada. Contar com a ajuda de Alice era algo arriscado, mas algo dentro de mim sentia que ela conseguiria. Se ela não conseguisse...

Eu não pensaria naquela possibilidade, não agora.

–A partir de amanha tudo será diferente. –Eu ouvi minha irmã dizer essa frase um pouco antes de eu sair do apartamento a fim de pegar meu carro e voltar para casa.


Continua....



PS : Esclarecendo mais uma vez... Queridas claro que vamos continuar postando as fanfics como foi falado na QMSE, mas é como falei nós estivemos sem acesso mesmo.. estávamos aqui todos os dias tentando trazer os caps pra vcs e até deixamos aviso no nosso face e tt mas acredito que nem todas viram.. enfim, estamos na reta final de nossas fics (mais 9 caps contando com epílogo e encerramos mais essa :/) e vamos concluir claroo ;) Bjks e ótimo fds pra vcs.




1 comentários:

tete disse...

amei tudo o capitulo de hoje foi otimo espero anciosa por mais um beijos e uma otima noite para vce

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